"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

OLHE AS BIBLIOTECAS, MINISTRO!


O presidente Michel Temer durante cerimônia de posse do jornalista Sérgio Sá Leitão como Ministro da Cultura
Sá Leitão já é o terceiro ministro da Cultura
O novo ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, indicou que abrirá os cofres federais para a elite das escolas de samba. Nada contra a folia, mas há quem precise mais da ajuda do governo. No Rio, três bibliotecas modelo estão fechadas há sete meses por falta de dinheiro.
As chamadas bibliotecas parque foram inauguradas a partir de 2010, quando o Estado surfava nos royalties do petróleo e na euforia da Olimpíada. A promessa era levar livros, computadores e recursos multimídia a jovens de comunidades que eram dominadas pelo tráfico.
WI-FI GRATUITO – As primeiras duas unidades foram erguidas nas favelas da Rocinha e de Manguinhos. A terceira substituiu a antiga biblioteca pública do centro, a poucos metros da Central do Brasil. Todas contavam com wi-fi gratuito e computadores de última geração. Eram oásis de cultura em áreas marcadas por violência e abandono.
O sonho das bibliotecas faliu junto com o Estado do Rio. O governador que as inaugurou está na cadeia, condenado por corrupção. Os livros também estão presos. Em dezembro passado, as três bibliotecas foram trancadas com todo o acervo dentro.
O governo Pezão parou de pagar a organização social que geria o programa. A entidade rompeu o contrato, que previa o repasse anual de R$ 20 milhões, e demitiu cerca de 150 funcionários. Os estudantes ficaram ao relento. Só a biblioteca da Rocinha chegou a emprestar 15 mil livros e emitir 5.000 carteirinhas de sócio.
SEM PREVISÃO –  O secretário estadual de Cultura, André Lazaroni, diz que não há previsão de reabertura das unidades. Sua pasta também responde pelo Theatro Municipal, cujos funcionários estão sem receber. O primeiro-bailarino da casa virou motorista de Uber para pagar as contas.
O novo ministro é carioca e poderia ter estreado com um socorro às bibliotecas. Preferiu prometer mais dinheiro público aos capos do Carnaval. A festa é linda, mas já conta com verba da prefeitura, apoio dos bicheiros e um milionário contrato de TV. Compartilhar

27 de julho de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha

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