Doleiro e operador do PMDB, Lúcio Funaro promete entregar em delação premiada o presidente Michel Temer e bancada do partido, além de ministros
A pedido do Ministério Público Federal, com quem negocia um acordo de colaboração premiada, o doleiro Lúcio Funaro, operador de propinas do PMDB, foi transferido nesta quarta-feira do Complexo Penitenciário da Papuda para a carceragem da Polícia Federal, em Brasília. Funaro vai passar uma temporada de dez dias na sede da PF, até o dia 14 de julho.
A decisão foi do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, que mandou prender Funaro provisoriamente na Operação Sépsis, há um ano. A diretoria do Centro de Detenção Provisória da Papuda recebeu comunicado eletrônico da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal para transferir Funaro imediatamente, com escolta da PF.
A delação de Funaro, caso se concretize, é tida por aliados do presidente Michel Temer como um dos fatores que agravaria a crise e poderia levar à queda do peemedebista. Em conversas com advogados, o doleiro demonstrou irritação com o fato de sua irmã ter sido presa em maio (ela foi solta no mês passado). Conforme VEJA noticiou, ele também revelou que sua mulher vinha sendo pressionada por mensagens pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, amigo fraterno de Temer, que queria saber se Funaro fecharia uma delação premiada. Geddel foi preso na segunda-feira passada – o juiz cita na decisão as “pressões” que o ex-ministro exercia.
Funaro prometeu nas tratativas para a delação contar sobre fraudes que desfalcaram o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FI-FGTS, administrado pela Caixa Econômica Federal. Funaro diz que Temer teria solicitado cerca de 20 milhões de reais como comissão de operações do FI-FGTS para bancar campanhas em 2012 e 2014.
Ele também deve falar sobre os termos da delação da JBS. Em seus depoimentos, o empresário Joesley Batista afirmou que pagou propina para que o doleiro e o ex-deputado Eduardo Cunha, para quem o doleiro operou, se mantivessem calados na prisão, supostamente com aval de Temer – o que o presidente nega.
Chamado a falar sobre Temer no inquérito contra o presidente, Funaro afirmou que o presidente da República tinha pleno conhecimento de como funcionavam os esquemas de corrupção que abasteciam o cofre do PMDB e que chegou a se encontrar pessoalmente com ele.
05 de julho de 2017
Felipe Frazão, VEJA
AMEAÇA - O doleiro Lúcio Funaro: seu depoimento é uma amostra do estrago que ele pode causar (Alexandre Schneider/VEJA) |
A pedido do Ministério Público Federal, com quem negocia um acordo de colaboração premiada, o doleiro Lúcio Funaro, operador de propinas do PMDB, foi transferido nesta quarta-feira do Complexo Penitenciário da Papuda para a carceragem da Polícia Federal, em Brasília. Funaro vai passar uma temporada de dez dias na sede da PF, até o dia 14 de julho.
A decisão foi do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, que mandou prender Funaro provisoriamente na Operação Sépsis, há um ano. A diretoria do Centro de Detenção Provisória da Papuda recebeu comunicado eletrônico da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal para transferir Funaro imediatamente, com escolta da PF.
A delação de Funaro, caso se concretize, é tida por aliados do presidente Michel Temer como um dos fatores que agravaria a crise e poderia levar à queda do peemedebista. Em conversas com advogados, o doleiro demonstrou irritação com o fato de sua irmã ter sido presa em maio (ela foi solta no mês passado). Conforme VEJA noticiou, ele também revelou que sua mulher vinha sendo pressionada por mensagens pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, amigo fraterno de Temer, que queria saber se Funaro fecharia uma delação premiada. Geddel foi preso na segunda-feira passada – o juiz cita na decisão as “pressões” que o ex-ministro exercia.
Funaro prometeu nas tratativas para a delação contar sobre fraudes que desfalcaram o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FI-FGTS, administrado pela Caixa Econômica Federal. Funaro diz que Temer teria solicitado cerca de 20 milhões de reais como comissão de operações do FI-FGTS para bancar campanhas em 2012 e 2014.
Ele também deve falar sobre os termos da delação da JBS. Em seus depoimentos, o empresário Joesley Batista afirmou que pagou propina para que o doleiro e o ex-deputado Eduardo Cunha, para quem o doleiro operou, se mantivessem calados na prisão, supostamente com aval de Temer – o que o presidente nega.
Chamado a falar sobre Temer no inquérito contra o presidente, Funaro afirmou que o presidente da República tinha pleno conhecimento de como funcionavam os esquemas de corrupção que abasteciam o cofre do PMDB e que chegou a se encontrar pessoalmente com ele.
05 de julho de 2017
Felipe Frazão, VEJA
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