Muçulmanos são vistos pelo Ocidente apenas pela chave terrorista/não-terrorista. Mas o que é diferente no pensamento islâmico e não sabemos?
Guten Morgen, Brasilien! Após o Ramadã, quando a jihad fez 1.627 vítimas no Ocidente, é comum que ocidentais “infiéis”, que não compreendem o islamismo, tentem entender os muçulmanos apenas pela dualidade terrorista/não-terrorista. Mas, sendo a questão islâmica, sobretudo a imigração, tão determinante geopoliticamente hoje – poder-se-ia dizer que é a maior questão geopolítica de 2017 –, como podemos entender o que de fato é diferente no islamismo de nossa visão de mundo? É o que entenderemos neste episódio de nosso podcast.
A religião, e os símbolos culturais fundantes de civilizações, são as verdadeiras questões políticas no mundo atual, estando por trás, na base e no princípio verdadeiro de disputas das quais, costumeiramente, só discutimos a casca, como a querela entre esquerda e direita.
No que o islamismo é diferente do cristianismo? Em um mundo secularizado, em que ateus pouco interessados em questões teológicas pretendem entender tudo “cientificamente”, é usual que só se tente entender o comportamento humano pela política, sobretudo conclusões recortadas de estatísticas e leitura de manchetes de jornal. Mas como é, de fato, o pensamento islâmico?
Como muçulmanos enxergam o mundo? Seja a ciência ou a política, seja a ética ou o código civil, seja a noção de bem e mal ou a cosmovisão da criação, há diferenças gigantescas entre o pensamento islâmico e o pensamento judaico-cristão.
E mesmo – e sobretudo – para os ateus ocidentais, que preferem explicações científicas e seculares. Seja a dinâmica sexual ou a lei da gravidade, os ateus ocidentais acabam devendo sua visão de mundo à tradição judaico-cristã: não é à toa que há raríssimos ateus e cientistas egressos do islamismo.
O pensamento muçulmano é rigorosamente desconhecido do Ocidente. E nossa visão secularizada tende a tratar o mundo apenas pela dicotomia religioso/ateu, ou pelo sincretismo new age, crendo que “todas as religiões são iguais”, e atos como terrorismo, violência, leis de honra, autoritarismo, decapitações, guerras e obscurantismo são derivados de “religiões”, no plural, ou de algo que nunca diga respeito especificamente a uma delas, sobretudo se for a religião islâmica, que nunca é tratada com alguma negatividade em comparação ao Ocidente pelo pensamento globalista atual.
A diferença entre países muçulmanos e cristãos é patente, e basta analisar em qual dos dois é permitida alguma conjugação entre a tradição religiosa fundante da civilização e alguma possibilidade de pensamento secular, que é derivado desta tradição, não surgindo espontaneamente, de forma extemporânea a ela.
Os muçulmanos pensam em sexo de maneira diferente. Em alimentação, em vestimenta, em fidelidade de maneira diferente. Que dirá a noção de “paz”, da chamada religião da paz. No islamismo, mesmo as visões sobre Roma, a lei da gravidade ou a geografia são entendidas de uma forma completamente distinta da ocidental, seja cristã, de outra religião ou atéia. A própria noção de imigração, a hégira que apenas este Senso Incomum comentou no Brasil, tem uma função que o Ocidente não capta ao falar apenas em “refugiados” ou “crise de imigração”: a islamização de terras “infiéis”.
Além de entender como muçulmanos pensam, ainda tem Game of Thrones, modernismo, Rômulo e Remo, Física quântica, Mircea Eliade, crítica literária, a Eneida de Virgílio e Homeland neste episódio de nosso amado podcast.
A produção é de Filipe Trielli e David Mazzuca Neto, no estúdio Panela Produtora. Guten Morgen, Brasilien!
05 de julho de 2017
senso incomum
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