“Combate do século”, “ato monstro”, “a hora da verdade.” São os votos de caravanas da esquerda à direita para o próximo 3 de maio. Neste dia ocorre o primeiro cara a cara entre Lula e Sergio Moro, em depoimento do ex-presidente ao juiz, em Curitiba. Não estarão sós. Alas solidárias e avessas ao petista sairão de vários pontos do país, em ônibus fretados e até caravanas de motocicletas, rumo à cidade.
Do lado pró-PT, quem puxa os atos é a Frente Brasil Popular. O grupo é capitaneado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e tem do Movimento dos Sem Terra à Nação Hip Hop entre os signatários.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto também irá. “Como qualquer outra pessoa, se há suspeita, Lula precisa ser investigado. Mas acreditamos que há um linchamento com evidente viés político contra ele”, afirma o líder do MTST, Guilherme Boulos.
CASO DO TRÍPLEX – O ex-presidente estará em Curitiba como réu do caso do tríplex no Guarujá. Uma das suspeitas é que ele tenha se beneficiado de desvios da Petrobras para comprar e reformar o imóvel. Ele nega.
Do lado anti-PT também fará seu desagravo a Lula –mas na versão “pixuleco”, o boneco inflável do ex-presidente vestindo roupa listrada de presidiário. O Nas Ruas pretende levar cem “pixulequinhos” em comboios saindo de São Paulo e Brasília.
O Revoltados Online organiza uma ” motocicletada” com até 10 mil motos, algumas customizadas, levando “de carona” um “pixuleco” dentro da gaiola.
NA DÚVIDA – Outros grupos ainda não sabem se vão, como o MBL (Movimento Brasil Livre), que deve mandar apenas “olheiros”. Já o Vem pra Rua já cravou: não vai. “Não se justifica. A Justiça está andando bem até agora e cuidará do caso”, diz o cabeça do movimento, Rogério Chequer.
Para o líder do Revoltados, Marcello Reis, a presença em solo paranaense ajudará a pôr “o outro lado” na linha. “Com certeza esse pessoal quer confusão, igual ao Fórum da Barra Funda.”
Refere-se ao confronto entre manifestantes contra e a favor de Lula, em fevereiro de 2016, neste fórum paulistano. O ex-presidente daria um depoimento no local, que acabou cancelado. Mas antes, diz Carla Zambelli (Nas Ruas), a claque pró-PT “furou o bloqueio” que a PM montou para separar os grupos rivais.
“Uma senhora quebrou o pulso, e eu, de cirurgia recém-feita, desmaiei”, afirma. Houve feridos dos dois lados.
VIOLÊNCIA – O medo, nas duas pontas, é que a violência se repita. A Folha apurou que há um impasse, na frente por Lula, sobre a melhor forma de agir –ir para a frente do prédio onde o ex-presidente deporá poderia ser entendido como provocação. Há receio de que Moro ordene a prisão de Lula no dia.
A bancada do PT na Câmara pretende ir em peso. “Este Moro é capaz de tudo, é um negócio sem precedentes”, diz o deputado Carlos Zarattini. A Polícia Militar do Paraná diz que a segurança do dia ficará a cargo da Polícia Federal. Na internet, a militância compartilha ilustrações como uma em que Moro tem uma espada numa mão e a cabeça decapitada de Lula na outra.
ATO MONSTRO – Sem se identificar, a Folha procurou a CUT de Brasília atrás de vagas para a caravana local. Cerca de 20 pessoas já tinham comprado ida e volta do ônibus fretado, por R$ 250. A organização deu um e-mail do PT para o cadastro.
Rui Costa Pimenta, presidente do PCO (Partido da Causa Operária), promete um “ato monstro” em Curitiba, com até “100 mil guarda-costas” para “ninguém nem chegar perto” de Lula.
Em vídeo, Pimenta reclama da defesa do petista (“muito fraca”) e de Moro, que teria convocado o réu “mais ou menos com a seguinte intenção: ‘Se der, eu prendo'”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A situação é delicadíssima. Pode haver um combate entre facções. O mais prudente é que as facções a favor da prisão de Lula não se dirijam a Curitiba e deixem sozinhos os manifestantes do PT e movimentos sociais, monitorados pelas forças de segurança, que precisam incluir a Guarda Nacional e militares de carreira, não os recrutas. Se houve quebra-quebra, que as forças de segurança atuem com todo o rigor. Todo o cuidado é pouco, porque se trata de uma ameaça clara à democracia. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A situação é delicadíssima. Pode haver um combate entre facções. O mais prudente é que as facções a favor da prisão de Lula não se dirijam a Curitiba e deixem sozinhos os manifestantes do PT e movimentos sociais, monitorados pelas forças de segurança, que precisam incluir a Guarda Nacional e militares de carreira, não os recrutas. Se houve quebra-quebra, que as forças de segurança atuem com todo o rigor. Todo o cuidado é pouco, porque se trata de uma ameaça clara à democracia. (C.N.)
19 de abril de 2017
Anna Virginia Balloussier
Folha
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