Charge do Sponholz (sponholz.arq.b |
Assim como nas guerras, não será surpresa se o Legislativo, o Executivo e o Judiciário federais venham firmar uma espécie de armistício para acabar com o enfrentamento entre os Poderes, que existe, é real e prejudica todo o povo brasileiro.
As delações dos Odebrecht, pai e filho, além de outros integrantes da diretoria da empresa, vão atingir o mundo político, não só de Brasília, como também dos Estados. Serão 200? 300? 400 ou mais, talvez? É o que saberemos nos próximos dias.
E para cada político que desfruta da prerrogativa de foro, no âmbito federal competirá ao Supremo Tribunal Federal o processamento e julgamento.
Mas não serão apenas os políticos que surgirão no rol dos corruptos. Os não-políticos, também. E para cada quadrilha que no meio dela esteja um político federal, o foro competente também é o STF em razão do princípio da atração, segundo o qual o maior atrai o menor. Que horror!
HUMANAMENTE IMPOSSÍVEL
E não serão apenas 11 ministros que vão dar conta de centenas ou milhares de ações penais. Como se sabe o ministro expede Carta de Ordem para que juízes federais dos Estados ouçam testemunhas e promovam diligências.
Será humanamente impossível preparar todos os feitos penais a ponto de estarem prontos e aptos a receberem julgamento final no STF.
A demora será longa. Dez, vinte ou trinta anos, no mínimo. E ao longo do tempo, muitos (ou quase todos) morrerão (julgadores e réus) e a prescrição se consumará, caso a punibilidade não venha ser extinta pela morte dos réus.
Daí minha crença no armistício. Corruptores e corrompidos confessarão seus crimes, devolverão o dinheiro roubado do povo brasileiro e serão punidos apenas com a cassação dos direitos políticos. Não há outra saída, caso contrário a impunidade reinará.
SEM ESTRUTURA – São muitos e muitos os criminosos e muitos e muitos os crimes que cometeram. Não há estrutura judiciária para investigá-los e julgá-los. Nem que existissem 10 Supremos, cada um com 21 ministros. Para isso seria preciso mudar a Constituição Federal. E ainda assim, para ocupar 210 cadeiras na Suprema Corte, faltariam brasileiros e brasileiras aptos.
No domingo, a jornalista Cristiana Lôbo disse na GloboNews que Celso de Mello pretende deixar o STF e o mais cotado para substituí-lo seria o atual ministro da Justiça, Alexandre de Morais. Não é preciso dizer mais nada.
20 de dezembro de 2016
Jorge Béja
Será humanamente impossível preparar todos os feitos penais a ponto de estarem prontos e aptos a receberem julgamento final no STF.
A demora será longa. Dez, vinte ou trinta anos, no mínimo. E ao longo do tempo, muitos (ou quase todos) morrerão (julgadores e réus) e a prescrição se consumará, caso a punibilidade não venha ser extinta pela morte dos réus.
Daí minha crença no armistício. Corruptores e corrompidos confessarão seus crimes, devolverão o dinheiro roubado do povo brasileiro e serão punidos apenas com a cassação dos direitos políticos. Não há outra saída, caso contrário a impunidade reinará.
SEM ESTRUTURA – São muitos e muitos os criminosos e muitos e muitos os crimes que cometeram. Não há estrutura judiciária para investigá-los e julgá-los. Nem que existissem 10 Supremos, cada um com 21 ministros. Para isso seria preciso mudar a Constituição Federal. E ainda assim, para ocupar 210 cadeiras na Suprema Corte, faltariam brasileiros e brasileiras aptos.
No domingo, a jornalista Cristiana Lôbo disse na GloboNews que Celso de Mello pretende deixar o STF e o mais cotado para substituí-lo seria o atual ministro da Justiça, Alexandre de Morais. Não é preciso dizer mais nada.
20 de dezembro de 2016
Jorge Béja
NOTA AO PÉ DO TEXTO
Um texto que explora, sob um ângulo diferenciado, como resolver os incontáveis processos que se armam e certamente explodirão a capacidade do Supremo de julgar e condenar o enorme volume de ações que resultará das operações da Lava Jato.
Se o armistício apresentará uma solução para o terremoto da corrupção política que destruiu o país, pode até ser possível, desde que se arme uma forte teia anticorrupção, que prenda as futuras iniciativas de corruptos e corruptores em novas investidas, e que realmente consiga recolher o fruto da rapina; o que não será tarefa fácil...
É preciso determinação política da nação no sentido de grandes mobilizações que cobrem do Congresso iniciativas que sejam compatíveis com os interesses do país.
Que se promovam o fim do 'foro privilegiado', dos 'cartões corporativos'; que se cumpra a Constituição (sem 'fatiamentos' que privilegiam interesses subalternos); que se acabe com o voto obrigatório e tantas outras medidas indispensáveis que realmente façam existir um estado de direito, com o funcionamento de uma verdadeira democracia, capaz de exterminar o corporativismo de classes e as mordomias absurdas próprias do atraso político, da injusta distribuição de renda, da carga excessiva de tributos e da ineficácia das instituições.
Como sabiamente disse a 'dama de ferro', "não existe dinheiro público, existe o dinheiro dos contribuintes", e nada mais injusto que os cidadãos paguem o luxo excessivo de políticos que sequer cumprem como suas obrigações.
Por onde anda a saúde pública? E a segurança pública? E o saneamento básico? E a eficácia da Justiça? E a educação?
E a mobilidade urbana? E a infraestrutura do país? E as políticas de investimento e geração de empregos? Nada. Zero. Somente corrupção.
Simplesmente, não há políticas públicas que atendam aos interesses e a organização dos direitos plenos da sociedade.
Semeou-se a anarquia com a corrupção desenfreada. Lesou-se o país, a ponto de impossibilitar a punição dos corruptos e corruptores, tantos são os canalhas, que esgotam a possibilidade de julgamento, com o enorme horizonte da prescrição e da impunidade.
Triste país o que manieta o seu povo com o voto obrigatório, criando redutos eleitoreiros de políticos ordinários e despreparados, cujos objetivos são apenas o mando e a locupletação. O roubo e o nepotismo.
A mídia enfoca a corrupção no âmbito federal. E o que ocorre nos Estados? E nos municípios?
Um véu cinza encobre o abismo das fortunas amealhadas e que passam despercebidas, por que praticadas sem grandes rombos, sorrateiramente construídas com pequenas ilicitudes, que de vez em quando algum repórter investigativo levanta a ponta do véu.
O Brasil do futuro depende, mais do que nunca, que a sociedade mobilizada cobre da Cãmara e do Senado, o papel para o qual foram eleitos seus representantes.
Esgotou-se a confiabilidade no Congresso, nos políticos e nos Partidos. Esgotou-se a paciência e a tolerância. E Lava Jato mostrou a cara da vergonhosa classe política que ocupa o poder, cúmplice de uma mídia manipuladora e indecente.
Esgotou-se a confiabilidade no Congresso, nos políticos e nos Partidos. Esgotou-se a paciência e a tolerância. E Lava Jato mostrou a cara da vergonhosa classe política que ocupa o poder, cúmplice de uma mídia manipuladora e indecente.
O Brasil do futuro não pode ser compatível com o passivo espectador.
m.americo
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