"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

DESABAMENTO DO PT NAS URNAS FORTALECE A LAVA JATO E ENFRAQUECE LULA


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Charge do Jota A, reproduzida do portal O Dia



















A legenda do PT desabou nas urnas de domingo e os resultados comprovam o crepúsculo de um partido que surgiu empunhando a bandeira da ética e da reforma social e, através de pouco tempo, entregou-se totalmente à essência da ideia conservadora. Emergiu com a redistribuição de renda e submergiu nos mares tempestuosos da corrupção. Da redistribuição entre o capital e o trabalho – o desafio que se eterniza – deslocou-se para o plano da concentração. Porque nada mais concentrador da riqueza de um país do que a corrupção. Sobretudo a praticada em larga escala, até mesmo do Brasil para o exterior, com o beneficiamento direto a empresas brasileiras.
Mas eu disse no título que o desabamento do Partido dos Trabalhadores fortalece a operação Lava-Jato e enfraquece ainda mais o ex-presidente Lula e aumenta, em decorrência, sua vulnerabilidade às ações da Justiça. Claro. Porque ele, ao ser transformado em réu, conclamou o povo a fixar-se a seu lado contra o ataque das classes dominantes, inclusive com pontes no exterior, para responder às pressões que o tornaram alvo principal de um processo marcado pela injustiça.
DEU TUDO ERRADO – O argumento não surtiu efeito. Pelo contrário. O tema voltou-se contra ele próprio, aprisionando num círculo de giz. Pois se a mensagem/apelo houvesse funcionado a seu favor, as urnas do dia 2 teriam fornecido a resposta que desejava. Não foi assim. Contra fatos não há argumentos, como antes se dizia e ainda se repete hoje por aí. A verdade é que as candidaturas que receberam seu apoio e também de Dilma Rousseff, em vez de avançar, recuaram. Esta constatação é inegável.
Sem as urnas, seM os votos e sem o povo, Lula encontra-se sem qualquer escudo para protegê-lo. E as delações premiadas se acumulam.
O EXEMPLO DE JK – Político algum pode se manter em plano positivo se apoio popular. É impossível e a história comprova a tese. JK tomou posse em janeiro de 56, após a vitória nas urnas de 55 em face do apoio popular que impulsionou os movimentos militares de 11 a 21 de novembro. Depois, Jânio Quadros chegou ao Palácio do Planalto em 60 pelo voto popular. Mas faltou apoio para, como desejava, fechar o Congresso em 61, motivo que o levou à renúncia.
O apoio da opinião pública garantiu a posse de João Goulart, vice eleito com Jânio. Porém sufocado por setores radicais, fora da realidade e dos limites do possível, isolou-se, perdeu o apoio e o poder. O ciclo militar que abarcou governos que se sucederam, à base de escolhas produzidas pelo Exército, esgotou-se com a campanha das eleições diretas já, que evoluiu para assegurar a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral da época.
“Nós vamos ao colégio eleitoral para destruí-lo”, afirmou Tancredo Neves.  Não assumiu, mas forneceu à história mais um exemplo irreversível de como o povo é decisivo para o poder.
TEMER ERROU – Fernando Henrique Cardoso e Lula também tornaram-se símbolos da tese inspirada no aplauso das ruas. Por isso surpreende a declaração do presidente Michel Temer de que não se preocupa em ser popular. Errou. Confundiu popularidade com aprovação.
Sem o sincero aplauso das ruas, reunindo todas as classes sociais, nenhum poder se legitima.
E alcançar a legitimação é muito mais problema dos governantes do que dos governados. Pois o povo, no fundo, é a razão de ser da política.

04 de outubro de 2016
Pedro do Coutto

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