"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

DERROTA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS MERGULHA O PT NA PIOR CRISE DE SUA HISTÓRIA


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Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)


















A derrota do Partido dos Trabalhadores nas urnas acendeu um sinal de alerta para 2018. Nas capitais do país, o PT reelegeu apenas o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre. No próximo 30 de outubro, data do segundo turno, apenas João Paulo (PT) concorre à Prefeitura do Recife. No quadro geral, o PT deixou de comandar 630 prefeituras para ter 231, queda de 63,3%.
O resultado seria fruto de insatisfação, por parte dos eleitores, com o desempenho do PT na esfera federal, acredita o professor de teoria política da Unesp Marco Aurélio Nogueira. “Isso repercutiu no âmbito municipal e respingou até em quem não estava envolvido em casos como a Lava-Jato”, afirmou. Para o professor, se ausência do partido fosse em poucas capitais, poderia ser justificada como um “acidente de percurso”. “Mas o PT não está presente nas principais capitais. É um fenômeno nacional”, disse.
Em artigo, o ex-ministro da Justiça no governo Lula e ex-governador gaúcho Tarso Genro avalia que o baixo número de candidatos eleitos é fruto de continuidade da política de resistência contra o impeachment de Dilma Rousseff. Segundo ele, os políticos não teriam aproveitado o momento para fazer das eleições um recomeço.
DESEMPENHO PÍFIO – “O PT teve muitas candidaturas dignas e autênticas, como as de Raul Pont (em Porto Alegre) e de Fernando Haddad (em São Paulo), mas, em regra, teve um desempenho pífio ou se dissolveu em alianças regionais de conveniência”, diz.
O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) acredita que o resultado ruim se deve a uma “campanha ensandecida” do Judiciário, por meio da Lava-Jato, e de parte da mídia. “É uma campanha para desacreditar o PT e a própria classe política”, criticou. O parlamentar afirma que a legenda precisa de nova direção e rejuvenescer.
“O partido precisa se reestruturar para enfrentar o governo que pretende retirar direitos sociais e trabalhistas”, argumenta.
ERRO EM SÃO PAULO – A derrota de Fernando Haddad, em São Paulo, tido como uma esperança para o partido, gerou críticas internas. “Ele não mirou em quem o elegeu, que foi a periferia. Atendeu a cidade de forma geral, preferiu a classe média”, diz Zarattini. O parlamentar também criticou o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB-SP). “É muito bonito dizer que não é político. Bota a mão na massa para ver”.
O líder do partido no Senado Federal, Humberto Costa (PT-PE), acredita que o péssimo resultado é consequência de perseguição contra o PT. “Antigas lideranças foram presas às vésperas (da votação)”, diz, referindo-se à prisão temporária do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, na operação Lava-Jato.
FAZER UM BALANÇO – O senador Humberto Costa fez mea-culpa e afirmou que o PT precisa fazer um balanço. “Ver os equívocos cometidos que nos fizeram perder apoio de parlamentares e da sociedade”, comentou.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) afirma que o resultado tem de ser lido dentro do contexto político em que o partido tem sofrido forte ataque. “Não é o resultado que gostaríamos, mas precisamos fazer um balanço profundo das nossas responsabilidades e ter a humildade de corrigir o que precisa ser corrigido”, disse.

04 de outubro de 2016
Patrícia Rodrigues
Correio Braziliense

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