"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

O NOSSO PENSAMENTO CRIA A VIDA QUE PROCURAMOS

ESTOU TENTANDO ENTENDER...

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30 de setembro de 2016

MR. HYDE, DR. JECKYL E O SEU VOTO






“O médico e o monstro”, na versão que se poderia dar da fábula nesta agonia das mumificadas instituições brasileiras, deveria se chamar “O monstro e o médico”. Fomos tão longe nas distorções e tão fundo no “Eu sou, mas quem não é?” que tantas vezes salvou a pele do líder do petismo e do Foro de São Paulo desde as primeiras revelações do que se acreditava ter sido apenas o “mensalão”, que hoje “mr. Hyde” é que é a “matriz” que se apresenta aberta e cotidianamente pelos palcos enquanto o bom “dr. Jeckyl”, sempre meio envergonhado da “caretice” dos seus pruridos “moralistas”, luta por emergir da normalidade da anormalidade a que nos acostumamos.

É realmente impressionante, para quem não viveu isso como o longo e meticuloso processo de engenharia do vício que foi desde a primeira flor do mal plantada por Getulio Vargas, que num sistema que ainda é chancelado em última instância pelo voto apenas e tão somente um numero contado de personagens que chegam a ser quixotescos de tão desviados do padrão num bastião isolado da 1a Instância do Judiciário em Curitiba e dentro do Ministério Público e da Polícia Federal afirmem-se sem nenhuma reserva ou restrição como defensores intransigentes da ética na política e no trato dos dinheiros públicos.



Com um sistema político que obriga ao trânsito pelo lado escuro da lua pela maior parte dos caminhos que levam ao poder, das instâncias mais baixas de representação da sociedade em diante, não ha nem poderia haver um só partido político entre os que percorreram uma parte dessa estrada que se possa dar o luxo de “fechar questão” em torno dessa causa, nem que seja apenas “pro forma”. Ha, quando muito, “bandas saudáveis” dentro de partidos que exibem mais ou menos despudoradamente a sua insalubridade. Iniciativas individuais de membros do Legislativo tangidos para o voto contra as conspirações de lesa-pátria se e quando a imprensa detecta a tempo e denuncia com suficiente estridência as manobras para anistiar crimes cometidos, legalizar ações ilegais, devolver a impunidade aos culpados, permitir o desfrute de dinheiros roubados e por aí afora.

Não estamos sozinhos nisso mas chocamos pela crueza, pela explicitude e pela ausência de resistência com que o crime transita no meio de nós. Todas as instituições da Republica – e não apenas as do Estado – dividem-se hoje em “bandas” mais e menos contaminadas. O governo que substituiu o que caiu de podre é, ele próprio, dividido assim. Vive num permanente embate de nuances. No STF a banda podre é quase oficial, sendo a saudável fluida o bastante para nunca ser possivel antecipar o que sairá de lá mesmo quando o que está em causa é a literalidade do texto constitucional. O voto sobre prisões a partir da condenação pela 2a Instância, marcado para a quarta-feira, 5, será um marco histórico a definir com que velocidade “dr. Jeckyl” poderá vir a sobrepor-se ao “mr. Hyde” que se tornou padrão. À frente da arguição de “inconstitucionalidade” da inauguração da prestação de justiça num prazo discernível em pleno 3º Milênio, representando toda a “banda podre” do Poder Judiciário que tem vivido de torturar a idéia de justiça com os ferros-em-brasa do formalismo cínico, está ninguém menos que a OAB advogando em causa própria pela eternização da eternização dos litígios.



Quase todas as outras representações da sociedade civil – sindicatos de trabalhadores e patronais, partidos políticos, ONGs, “movimentos sociais”, artistas, intelectuais e outras subcelebridades do vasto planeta da parasitação do dinheiro público – dividem-se igualmente em bandas muito podres e bandas menos podres.

É penoso o parto de um Brasil novo a partir desse criado pela socialização da corrupção, também dita “corporativismo”, onde tudo pode ser “regulamentado” e “regulamentado” de novo por uma legião de ungidos blindados contra qualquer represália de quem lhes deu um mandato, do que resulta que cada individuo tem ao menos uma tetazinha para chamar de sua e nenhum está totalmente a cavaleiro para apontar o dedo aos demais sem ser retrucado.

A boa notícia é que as manobras conspiratórias para dar sobrevida ao mal que, por abuso, condenou à morte o organismo de que se sustenta também já são quase sempre “órfãs”. Elas emergem das sombras envergonhadas e sem reivindicação de direito autoral. Não ha mais fabricantes de “narrativas”, nem manipuladores de regimentos internos, nem “velhas raposas” até ha pouco festejadas como “matreiras” e “habilidosas” que assumam a paternidade de “jabutis”, de inversões da lógica da justiça com base em formalidades e outros “passa-moleques” do gênero. Não ha mais quem se levante para defender de cara limpa as falcatruas tentadas.



Tudo está mapeado e medido. Os efeitos são indesligáveis das suas causas. A conspiração que resta é a do silêncio, também ela uma confissão de dolo. Mas o privilégio anda com o rabo entre as pernas, consciente da miséria que custa, sabendo-se insustentavel e em litígio com a matemática, pendurado por um fio e pedindo tiro. Basta que seja encarado de frente para que finalmente se esboroe.

Tudo considerado até que vamos indo bem. O interesse geral, ainda que de forma difusa, tem prevalecido mesmo porque a alternativa é incontemplavel. O próximo degrau escada abaixo não tem volta. Depois da partida “dos ingleses”, o Rio de Janeiro real em que os representantes eleitos do povo já começam a pagar ao crime organizado antes da eleição, pela mera licença para se apresentar como candidatos nos seus territórios privativos de caça, é a “avant première” do Brasil de pesadelo que, ninguém se engane, é a única alternativa ao Brasil de sonho que só a lei imperando, igual para todos, pode repor em pé.

Uma parte do remédio é a matemática quem vai impor. Mas a eleição de domingo definirá as condições em que partiremos – ou não – para as reformas mais profundas que se farão necessárias adiante para por o Brasil de sonho novamente no horizonte.



30 de setembro de 2016
in vespeiro, Estado de S. Paulo

O PAPA FRANCISCO E O DECLÍNIO DO OCIDENTE


Os comentários do Papa Francisco na última semana revelam a coisa mais importante que você precisa saber sobre o mundo moderno: A mais dinâmica religião dos últimos cem anos tem sido o esquerdismo. Nem cristianismo nem islã. Esquerdismo.

O esquerdismo mundial tomou conta das principais instituições educacionais, dos meios de comunicação, dos meios de entretenimento e influencia o cristianismo (ou o judaísmo) muito mais que a cristandade (ou o judaísmo).

No dia 26 de julho, dois muçulmanos cortaram a garganta de um padre católico francês, Jacques Hamel, de 86 anos, enquanto ele estava rezando a missa em sua igreja.

Cinco dias depois, em seu avião que retornava a Roma da Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, na Polônia, o Papa Francisco foi questionado sobre o padre francês e o islamismo por Antoine Marie Izoarde, um jornalista da i.Media, um serviço de notícias católico:

Izoarde: Os católicos estão chocados, não apenas na França, após o assassinato bárbaro do Padre Jacques Hamel – como você bem sabe – em sua igreja enquanto celebrava a Santa Missa. Quatro dias depois o senhor disse que todas as religiões buscam a paz. Mas este Santo padre de 86 anos foi claramente assassinado em nome do Islã. Então, Santo Padre, eu tenho duas questões rápidas: Por que o senhor,quando fala desses casos violentos, sempre fala de terroristas mas nunca do islã, nunca usa a palavra islã… E quais iniciativas concretas o senhor aconselha ou sugere para conter a violência islâmica? Obrigado, santidade.

Segundo o serviço de notícias católico, isso foi o que o Papa Francisco respondeu:

Não gosto de falar em violência islâmica porque todos os dias, quando eu folheio os jornais, eu vejo violência, aqui na Itália… esse aqui matou sua namorada, o outro foi assassinado por sua madrasta… e eles são católicos batizados! Há católicos violentos! Se eu falar em violência islâmica, eu tenho de falar da violência católica.

O Papa da Igreja Católica, perguntado sobre terrorismo islâmico e um padre degolado por um terrorista islâmico, responde que há também terrorismo católico – que um homem que foi batizado e “assassinou sua namorada” é o equivalente moral e religioso de muçulmanos que se dedicam ao assassinato em massa em nome do islã.

Como alguém pode comparar:
Uma pessoa que foi batizada católica quando criança – e pode não se identificar com o catolicismo quando adulto – com um adulto que afirma sua identidade religiosa?
O assassinato de uma namorada – provavelmente um crime passional – com o assassinato ritual de um padre católico porque ele é um padre?
Assassinatos individuais desconectados de qualquer ideologia com o assassinato em massa cometido em nome de uma ideologia?

O Papa Francisco acrescentou: “O terrorismo está em todo lugar… O terrorismo cresce quando não há outras opções, eq quando o centro da economia global é o Deus do dinheiro e não a pessoa – homem ou mulher – ele já é o primeiro terrorismo. Você já excluiu a maravilha da criação – homem e mulher – e colocou o dinheiro em seu lugar. Esse é o terrorismo básico contra toda humanidade. Pense nisso!

“O terrorismo cresce quando não há outras opções”?

A ideia de que o terrorismo é um ato desesperado que emerge da pobreza é amplamente aceito entre a esquerda. Mas é completamente falso. A maioria dos terroristas islâmicos vem das classes média e superiores. Num caso recente de terroristas de Bangladesh, como exemplo, quase todos os envolvidos eram de alguma das mais ricas famílias do país. E, como deveria ser conhecido por todos, a maioria dos sequestradores do 11 de Setembro vieram de famílias de classe média e classe média alta.

O terrorismo islâmico não tem a ver com economia; tem a ver com sua teologia.

“O terrorismo cresce… quando o centro da economia global é o Deus do dinheiro”?

A busca pelo dinheiro e o terror não têm nada a ver. O terrorismo cresce apenas quando alguma ideologia o prega. Essa sentença apenas fornece uma desculpa para o terrorismo islâmico ao culpar a “economia global” e o “Deus dinheiro” em vez dos terroristas e seu Deus da morte.

“O primeiro terrorismo (acontece) quando o centro da economia global é o Deus dinheiro”?

É péssimo quando o dinheiro se torna um deus, mas não há comparação entre o “deus dinheiro” e os horrores do terrorismo islâmico. As mulheres yazidis não estão sendo vítimas de estupro coletivo e queimadas vivas por causa da “economia global” e seu “deus dinheiro”

A única explicação para essas afirmações é que o Papa Francisco herdou sua teologia do catolicismo mas, diferente de seu antecessor, Papa Bento XVI, sua moral deriva do esquerdismo.

A combinação ocidental da moral judaico-cristã e do liberalismo político, com suas doutrinas de responsabilidade moral, absolutos morais, confrontar o mal e liberdades política e social, produziram as sociedades mais morais da história do mundo.

O papa da Igreja Católica deveria ser seu maior advogado. Mas por causa do esquerdismo, ele não é.

Tradução do artigo “Pope Francis and the Decline of the West”, publicado originalmente na National Review.

Leia também:

“Adeus, Homens de Deus”, de Michael S. Rose



30 de setembro de 2016
Dennis Prager

MARCELO NETTO. MARCELO NETTO.

Com a prisão de Antônio Palloci, resgatamos uma coluna de Diogo Mainardi publicada na revista Veja em 2006 em que ele revela como a imprensa se aliou ao PT para destruir o caseiro Francenildo.

Marcelo Netto, Marcelo Netto

Marcelo Netto. O nome dele é Marcelo Netto. Repetindo: Marcelo Netto, Marcelo Netto, Marcelo Netto, Marcelo Netto.

Os jornais passaram a semana inteira tentando descobrir quem violou o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Está certo. Precisamos de uma resposta urgente. Os mandantes do crime – todos eles – devem ser exemplarmente punidos. Com demissão. Com cadeia. Com tomatadas e ovadas no cocuruto. É uma questão fundamental para o país. Pena que eu não seja a pessoa mais indicada para tratar de questões fundamentais. Pelo contrário. Meu negócio são as questões menores. E, no caso, há uma questão menor que, por dias e dias, os jornais preferiram escamotear: o nome de quem passou à imprensa o extrato bancário do caseiro. Em todas as reportagens publicadas ao longo da semana, sua identidade foi cuidadosamente resguardada pelos jornalistas, sempre com a mesma fórmula. “Quem deu publicidade aos dados bancários do caseiro foi um assessor de Palocci.” Ou: “Na quinta-feira, os dados teriam sido encaminhados a um assessor especial do ministro”. Ou: “Na sexta-feira, um assessor do Ministério da Fazenda já difundia a suspeita de que o caseiro poderia ter recebido dinheiro para acusar Palocci”. Ou: “Naquela mesma noite, cópias do extrato do caseiro circularam junto aos assessores do ministro”. Ou: “Uma fonte mantida no anonimato passou a dois jornalistas de Época o extrato de sua conta bancária”.

Quem difundiu o extrato bancário do caseiro foi o assessor de imprensa de Palocci, Marcelo Netto. Desde a semana passada, todos os jornalistas sabiam disso. Mas nenhum se animou a denunciá-lo. Marcelo Netto é jornalista. E jornalistas não denunciam jornalistas. Exatamente da mesma maneira que deputados não cassam deputados. O escandaloso acobertamento do nome de Marcelo Netto, porém, foi muito mais do que um simples ato de canalhice ou de coleguismo – foi prejudicial ao próprio trabalho da imprensa. Marcelo Netto tem de ser investigado a fundo. Ele pode explicar a origem dos dados sigilosos sobre o caseiro. Ele pode explicar quando Lula foi informado sobre o caso, se antes ou depois de ser veiculado pela imprensa. Ele pode explicar, por fim, o caminho que o extrato bancário tomou a partir do momento em que foi parar em suas mãos. Um dos filhos de Marcelo Netto, Matheus Leitão, é repórter da Época. O chefe da sucursal da revista em Brasília, Gustavo Krieger, mandou-o correr atrás do material sobre o caseiro. Ele correu. E a Época o publicou. O episódio é ilustrativo dos esquemas de aliciamento, apadrinhamento e cumplicidade do petismo. Um protege o outro. Um defende o outro. Um conluia com o outro. Um contrabandeia mercadoria ilícita para o outro. Toda essa história surgiu porque o caseiro Francenildo Costa não sabia quem era seu pai. O jornalista Matheus Leitão sabe perfeitamente quem é o seu. É Marcelo Netto. Repetindo: Marcelo Netto, Marcelo Netto, Marcelo Netto, Marcelo Netto (O ex-assessor de Palocci, Marcelo Netto)


30 de setembro de 2016
arca reaça

O BRASIL É O PAÍS ONDE MAIS MATAM...


Mulheres. E homens. E pessoas negras e brancas. O Brasil é o país onde mais se mata pessoas no mundo, e gente de todos os tipos. São cerca de 64 mil homicídios ao ano, dos quais menos de 8% são solucionados e punidos.



Uma grande desonestidade recente é evocar, separadamente, números de homicídio no Brasil. Isso porque o país responde por 13% de TODOS OS HOMICÍDIOS DO MUNDO (não, não temos nem perto de 10% da população do planeta). Ora, em QUALQUER RECORTE seremos os vencedores. Somos o país no qual mais matam mulheres. E homens. E também brancos, negros, silvícolas e assim por diante. Faça qualquer recorte de população e ainda assim teremos o título mundial em matar esse tipo de pessoa.

O problema central, portanto, é o triste quadro geral. Tornou-se corriqueiro matar gente no Brasil. E matar gente, por aqui, não garante punição, pois, de cada cem homicídios, apenas algo entre 5 e 8 casos são solucionados. Um forte e lamentável estímulo à impunidade. 175 pessoas morrem A CADA DIA. São mais de 7 pessoas sendo assassinadas A CADA HORA no Brasil.

Daí, há grupos que não buscam solucionar o tétrico quadro de impunidade, mas sim “chamar atenção” para o número de pessoas X, Y, Z que foram mortas. Uma forma baixa, até canalha, de fazer militância ideológica em cima de cadáveres, demonstrando quase nenhum interesse na diminuição do número (geral) de homicídios do país.

E, não por acaso, essa mesma militância alega que punições severas não resolveriam esse quadro. A base deles, pasmem!, é dizer que não funciona no Brasil. Mas, por aqui, é baixíssimo o índice de casos efetivamente punidos. No máximo, 8 em cada 100.

O que falta é exatamente punição. Os números demonstram isso.

Desse modo, é importante trazer os dados concretos em vez de promover militância mesquinha com esse golpe baixo de segmentar vítimas, fazendo parecer que haja tendência de apenas matar X ou Y ou Z. Na verdade, as vítimas de homicídio são gente de todos os tipos e, num total de 64 mil assassinatos por ano, encontra-se taxas recordistas em TODOS os grupos existentes, uma verdadeira barbárie.

Querem mesmo diminuir a matança de mulheres? E também de homens? E de brancos, negros, índios…? Lutem pelo fim da impunidade, lutem para que não escapem da cadeia 92% dos assassinos do país. Lutem para que os homicidas sejam punidos de verdade. Lutem para que eles sejam mandados para a prisão. Parem com essa coisa mocoronga de que “punir não adianta”, usando como base justamente um país que não pune ninguém.

Mas, principalmente, não usem esse verdadeiro genocídio como palanque para ideologias tacanhas. É feio até para vocês.


30 de setembro de 2016
implicante

ESQUERDA? QUE ESQUERDA? A DO PDT??


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Charge do Chico Caruso, reprodução de O Globo













Alguns internautas receberam o primeiro artigo desta série, dedicado ao PT, como uma intenção deliberada deste jornalista de livrar uma suposta Esquerda do partido da responsabilidade pelos males causados ao País. Não. Absolutamente. Nada disso. Três foram os objetivos daquele artigo: procurar demonstrar que as ações dos governos do PT não se coadunam, em tese, com os valores e a ética de uma doutrina socialista democrática; que os verdadeiros socialistas que estiveram no PT o deixaram a partir das condutas iniciais do primeiro governo Lula; e que, como se comprovará ao final da série, os verdadeiros socialistas, com as suas naturais virtudes, pecados e erros, não habitam os partidos ditos “de Esquerda” no País, estão distantes do processo político-partidário, ocupados em outros ofícios e missões, ideológicas ou não.
Aqui, numa segunda reflexão, perguntamos: Há Trabalhistas de Esquerda no atual PDT? Evidentemente que não. Talvez, uns poucos, franciscana e saudosamente, em desconforto, sem ter para onde ir, que, ao agirem, de acordo com as suas convicções, estão sendo marginalizados ou processados para a expulsão do partido.
Há exceções. Alguns intelectuais de Esquerda, incrivelmente, permanecem no PDT, ainda integram o partido, como o brilhante jornalista e historiador José Augusto Ribeiro, autor dos três volumes esgotadíssimos de A Era Vargas. Há alguns outros valorosos trabalhistas-socialistas, aqui e acolá, com a carteirinha do partido, frequentando-o.
SUMIÇO – Mas, onde está a maciça, a expressiva Esquerda Trabalhista, Brizolista, do PDT? A maioria está fora da vida político-partidária, votando, consciente e responsavelmente “nulo” ou “em branco” a cada eleição, desde a partida de Brizola. “Se, no Brasil, o Trabalhismo é uma ideologia na gaveta e se não existe partido trabalhista, não há em quem e porque votar” – argumentam.
Em 1980, o PDT foi a alternativa de Leonel de Moura Brizola, após perder a histórica sigla PTB para Ivete Vargas, numa complexa e maquiavélica manobra do General Golbery do Couto e Silva, o mesmo que ajudou a inventar Lula. No ano anterior, em Portugal, Brizola e mais 125 Trabalhistas, gente de várias latitudes sociais e diversos talentos, como Darcy Ribeiro, Francisco Julião, Doutel de Andrade e Herbert de Souza, o Betinho, elaboram e assinam a Carta de Lisboa, manifesto político, documento social, econômico e cultural, socialista e nacionalista, que marcaria o renascimento do velho PTB, mas acabou sendo o “registro de nascimento” do PDT, “um partido nacional, popular e democrático”.
Essa Carta transformou-se no ideário e no programa básico do PDT. Nela, Brizola prega uma “solução trabalhista para o País, despida de soluções importadas” e convoca para a participação e o debate todas as forças populares, democráticas e progressistas visando à “construção de uma sociedade socialista, fraterna e solidária, em Democracia e Liberdade”.
TOLERANTE E FRATERNO – Após prever um partido que deve praticar a tolerância, a fraternidade, o pluralismo e condenar a manipulação de sindicatos e organizações populares, Brizola diz que deseja “recuperar o papel renovador que desempenhava os trabalhistas antes de 64”.
Além de condenar todas as formas de censura, defender os direitos dos trabalhadores e, indiscriminadamente, os direitos humanos, a Carta enumera quatro missões então urgentes do novo partido, diante o drama social que a Nação vivia, sob a Ditadura Militar:
1) salvar as crianças do abandono e da fome, e, da delinqüência, os jovens “analfabetos e descrentes da sua Pátria”; 2) viabilizar o exercício dos direitos dos negros e índios, fazendo-lhes justiça; 3) dar a mais séria atenção às mulheres brasileiras, espoliadas em sua cidadania e no seu trabalho; 4) assumir a Nação a causa do Povo Trabalhador do Norte e Nordeste, vítimas de cruel e permanente “colonialismo interno”. Brizola coloca o Povo Brasileiro como “sujeito e criador do seu próprio futuro”, sublinhando “o caráter coletivo, comunitário e não individualista da visão Trabalhista”.
E encerra a Carta, asseverando que, com a organização do PTB – sonhava ele – “continuaremos firmemente, sob a inspiração da Carta Testamento do Presidente Getúlio Vargas, a caminhada junto ao povo que nos levará à emancipação da Pátria”.
O PDT ATUAL – Tomemos a ideologia Trabalhista que tem no Trabalho e nos Trabalhadores os valores primaciais de uma Nação, para a construção do Estado e suas instituições, a evolução política, o desenvolvimento socioeconômico e cultural de um país. Em seguida, viajemos pela História do Trabalhismo Brasileiro cuja semente está na Revolução Farroupilha, na luta pela República e sua afirmação, no Governo gaúcho positivista de Júlio de Castilhos. Depois, com Getúlio Vargas, Alberto Pasqualini pensou e sistematizou a doutrina. Marcondes Filho organizou o sindicalismo e ajudou a dar face trabalhista a um partido, liderado por Vargas. Vieram Jango e Brizola para consolidar a ideologia definitivamente.
Meditemos sobre os percursos político-ideológicos de Vargas, o Estadista do Século XX, que fundou e estruturou o Estado Brasileiro, praticou, efetivamente, o Trabalhismo em suas decisões e feitos, em toda a sua dimensão humana e social, estabeleceu os alicerces da economia nacional; de Jango com as Reformas de Base, seu governo nacionalista e popular, o golpe que, por isto, sofreu e por causa dele morreu.
CONCLUSÃO – Reflitamos sobre a Carta de Lisboa, seus fundamentos, sua crítica, seus objetivos, o que o PDT nela buscou e dela cumpriu. Analisemos, por último (e nada aconteceu depois) a brilhante, coerente e vitoriosa caminhada de Brizola como líder político, nacional e trabalhista, prefeito, deputado estadual e federal, o único brasileiro governador em dois Estados, sua conduta de estadista, seus extraordinários feitos como administrador, sua rica biografia, bem como as vitórias e derrotas do PDT.
Então, estamos prontos para questionar: Esse PDT que sobreviveu após a partida do “Doutor Leonel”, e que está aí, flagelado, raquítico, canhestro, manco, contraditório, vendido, desfigurado, aliado ao PT, com o liliputiano Carlos Lupi no leme e o patético Ciro Gomes na proa, fazendo composições esdrúxulas regionalmente, tem algo a ver com o Trabalhismo Brasileiro? Com o Trabalhismo Socialista? Com a Esquerda? Deixo as perguntas aos leitores.

30 de setembro de 2016
Marcelo Câmara

TEMER, MESMO QUERENDO NÃO PODE PROTEGER NINGUÉM DOS GOLPES DA LAVA JATO


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Charge do Laerte, reprodução do Arquivo Google











Em meus tempos de professor de história li um dito de algum chefe: uma revolução sabemos como vai começar, mas não sabemos como vai terminar. Esta operação Lava Jato é igual. Vejam! A maior esperança nacional de justiça é um juiz de uma capital estadual e não do STF em Brasília. O procurador mais temido não é o Procurador Geral da Justiça, mas um de Curitiba. A maior quadrilha de bandidos no Brasil não é a de traficantes de drogas, mas de políticos do PT.
Os advogados mais bem pagos não são os que trabalham nos grandes bancos ou com grandes clientes, mas os que defendem os políticos e empresários envolvidos na Lava Jato. A grande figura das crônicas policiais dos jornais brasileiros não é a de um foragido procurado com recompensa pela prisão, mas a do Lula.
A maior comparação e prova de que o sujeito não precisa se formar em uma faculdade para mostrar sua inteligência e astúcia (para o bem ou para mal) para enriquecer é do empresário Randon, de Caxias do Sul, e de Lula.
UMA REVOLUÇÃO – Então, a Lava Jato é uma revolução como nunca se viu. São cerca de trezentas pessoas, sem vinculação partidária, porque proibidas por lei, representando o Ministério Público brasileiro, a Justiça brasileira e a Polícia brasileira que, apoiados nos levantamentos técnicos de agentes especializados dos órgãos federais e também sem partidos políticos, está assentando – vamos usar a palavra da moda – golpe sobre golpe na estrutura de depravação criada e mantida por Lula e seus devassos companheiros do PT e partidos aliados que tornaram o suborno e a comissão, matéria sempre presente em concorrências públicas e na administração de estatais.
A cada semana novos ilícitos são escancarados. O povo já se pergunta há meses: mas e quando vão denunciar o chefão da máfia? Pois agora foi feito. E o Eduardo Cunha e família têm agora o acompanhamento ilustre do Lula da Silva e família.
AO POUCOS – Note o leitor: aos poucos, nos últimos meses, graças aqueles trezentos da Lava Jato e não de Esparta, vão caindo os grandes bandidos nacionais. Zé Dirceu, tesoureiros do PT, ministros do PMDB, Marcelo Odebrecht, Dilma, Eduardo Cunha, Lula, afora malfeitores de menor nomeada.
É uma limpeza e tanto nos céus da pátria.  Claro, faltam muitos, sendo o mais notório Renan Calheiros.
O Presidente Temer, mesmo querendo, não poderá proteger dos golpes nenhum dos que estão na alça de mira da Revolução Lava Jato.
(artigo enviado pelo advogado João Amaury Belem)

30 de setembro de 2016
Ivar Hartmann

POTENCIAL DESPERDIÇADO

Após a desastrosa política econômica de Dilma Rousseff (PT), não espanta a degradação da posição brasileira na classificação global de competitividade. Na edição 2016/17, o país caiu para 81º lugar, num conjunto de 138 nações.

Trata-se do pior resultado desde o início do estudo no modelo atual, em 2007. Em relação a 2012, quando o Brasil atingiu a melhor marca (48ª), foi uma queda de 33 andares.

Elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, o trabalho define competitividade como um conjunto de instituições e políticas públicas que determinam o nível de produtividade de uma economia.

São 114 indicadores reunidos em 12 grupos temáticos, que por sua vez se juntam em três categorias essenciais: requisitos básicos para a competitividade, grau de eficiência e, por fim, inovação.

Sobretudo na primeira —que avalia qualidade das instituições, infraestrutura, ambiente macroeconômico, saúde e educação básica—, o país aparece muito mal.

É notável a piora do Brasil nos últimos anos, a começar pelo ambiente geral da economia. O país ficou com a 126ª posição da lista por esse critério. O descontrole da inflação e das contas públicas, afinal, fez colapsar a confiança e, com ela, o investimento.

A instabilidade é mortal para os negócios, pois inviabiliza qualquer planejamento de longo prazo, deteriora as condições de crédito e leva ao aumento dos juros.

A péssima colocação se repete em vários outros itens —128º lugar em eficiência dos mercados, 120º nas instituições, 99º em educação primária e saúde, 72º em infraestrutura. Tudo fica ainda mais detestável quando se observa o potencial desperdiçado: o Brasil é o 8º colocado em tamanho de mercado.

Pode-se considerar, naturalmente, que a posição deste ano marque o ponto mínimo. A melhoria substancial da competitividade, todavia, dependerá de amplas reformas que alterem a relação do governo com o setor privado e diminuam o custo de fazer negócios.

Não se produzirá nada duradouro com paliativos, como os subsídios dos últimos anos. Sedimentar instituições demanda visão de Estado e horizonte de longo prazo.

Será necessário agir em diversas frentes. Melhorar regras para destravar investimentos em infraestrutura, simplificar o regime tributário e conter a propensão a contenciosos trabalhistas são alguns exemplos do desafio que se apresenta ao país.



30 de setembro de 2016
Editorial Folha de SP

PERDEDORES E VENCEDORES

Se tudo acontecer como as pesquisas eleitorais indicam, as eleições municipais já têm um perdedor indiscutível, o PT, um vencedor provável, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e um derrotado indireto, o governo Temer, que inventou Marta ex-Suplicy como candidata alternativa em São Paulo.

Sua queda se deve mais às cinzas petistas do que à nova realidade peemedebista, embora seja mais fácil para ela atribuí-la à “herança maldita” de Temer, com suas reformas impopulares anunciadas em meio a uma algaravia de desinformações.

Na verdade, poucos a identificam com o governo Temer, mas os antigos 30% de eleitorado petista estão hoje divididos entre o PSOL de Erundina e a candidata do PMDB, que não conseguiu atrair a classe média para ampliar seu eleitorado.

O prefeito Fernando Haddad dificilmente conseguirá se recuperar da crise de sua própria gestão e de seu partido, perdendo eleitores na periferia para seus dois adversários mais bem colocados, João Doria e Celso Russomano.

O problema de Marta parece ser mais de inadaptação à sua nova posição no mercado eleitoral, uma questão de identidade. Já João Doria conseguiu encontrar o caminho do meio numa eleição que sempre foi polarizada na cidade de São Paulo entre direita e esquerda, ou o que sobrou delas, e tirou votos até do PT na periferia. E não teve competidores num eleitorado de classe média que é antipetista, papel que Marta tentou assumir ao dizer que nunca foi de esquerda. O governador Geraldo Alckmin emergirá dessa eleição fortalecido dentro do PSDB, mesmo que o candidato tucano de Belo Horizonte, João Leite, confirme o favoritismo.

Alckmin inventou Doria, e Aécio Neves sairá vencedor com Leite, mas não a ponto de ser atribuída a ele a vitória. O que Aécio fez em Belo Horizonte é o que melhor sabe fazer: costurar alianças políticas. Após a eleição, os dois duelarão dentro de suas características, e terão também que se livrar de acusações que os perseguem, Aécio na Operação Lava-Jato, Alckmin com as denúncias de corrupção em obras de governos tucanos em São Paulo.

De qualquer forma, tudo indica que o PSDB sairá fortalecido das eleições municipais, enquanto o PT sofrerá uma dura derrota. Só deve eleger um prefeito de capital, o de Rio Branco, e perderá a grande maioria dos prefeitos das cidades com mais de 200 mil habitantes. Deixará de ser o terceiro partido em prefeituras do país, com mais de 600, para começar praticamente do início.

PMDB e PSDB, que já eram os dois maiores partidos em termos de prefeituras, ganharão em número e em qualidade, especialmente os tucanos em São Paulo. No Rio de Janeiro, na reta final da eleição, a carta da religião está sendo jogada com toda a força contra a ascensão do bispo Crivella.

De um lado a Igreja Católica entrou na disputa para evitar ser usada por Crivella que, no afã de se blindar das críticas à Igreja Universal, anda distribuindo santinhos com uma foto sua e de dom Orani. De outro, os adversários que lutam entre si para chegar ao segundo turno tentam convencer o eleitorado de que a Igreja Universal está usando seus púlpitos como palanque. A internet está coalhada de vídeos de pastores da Universal pedindo aos fiéis que votem em Crivella.

A disputa pelo voto útil, tanto na esquerda quanto na centro-direita, terá um palco excelente no debate de hoje à noite na TV Globo, que se transformou no ponto crucial dessa campanha eleitoral para ver quem vai com Crivella para o segundo turno.

Na verdade, a divisão pode ser feita em três grupos: a turma do Prefeito Eduardo Paes, que apoia Pedro Paulo, a turma da esquerda, dividida entre Freixo e Jandira e lateralmente Molon, e a turma dissidente da Prefeitura, que luta contra os dois outros grupos, formada por Índio da Costa, Osorio, e mais remotamente, Bolsonaro.

É uma eleição fundamental para o PMDB, que não quer perder a prefeitura da segunda maior cidade do país para se manter em condições de disputar a presidência da República em 2018. O prefeito Eduardo Paes é um coringa importante nesse jogo eleitoral, e tenta recuperar um prestígio político que se desgastou devido à crise financeira que atingiu o estado do Rio, também governado pelo PMDB, e a erros pessoais que deveriam ter sido evitados, a começar pela escolha de um candidato pesado pelas controvérsias.

Pode ser que a máquina política e a ainda bem avaliada gestão na prefeitura levem Pedro Paulo ao segundo turno, mas a tarefa parece mais difícil do que imaginavam.


30 de setembro de 2016
Merval Pereira, O Globo

A LAVA JATO CHEGANDO LÁ

Tudo leva a crer, diante da devastadora evidência de um conjunto probatório meticulosamente trabalhado pela polícia e pelo Ministério Público, que o Judiciário continuará condenando os larápios do dinheiro público

Como se estivesse sendo seguido o método da escalada hierárquica no processo de investigação e apresentação de denúncias da Operação Lava Jato e congêneres, nos últimos dias o chefão Lula da Silva tornou-se réu, pela segunda vez, e dois ex-ministros da Fazenda dos governos petistas, Guido Mantega e Antonio Palocci, tiveram prisão temporária decretada. Figuras de menor expressão política, camaradas espertos, operadores obedientes e empresários inescrupulosos, todos beneficiários do maior esquema de corrupção no governo federal de que se tem notícia no País, já estão atrás das grades. Aperta-se o cerco agora em torno dos responsáveis maiores por esse esquema que, conforme se torna cada dia mais evidente, tinha como objetivo principal financiar o projeto lulopetista de perpetuação no poder. Tudo leva a crer, diante da devastadora evidência de um conjunto probatório meticulosamente trabalhado pela polícia e pelo Ministério Público, que o Judiciário continuará condenando os larápios do dinheiro público, até esgotar o primeiro escalão dessa hierarquia de delinquentes.

O mais recente desses eventos, a prisão temporária do ex-ministro Antonio Palocci, provocou mais uma vez reações que colocam a nu as incoerências e contradições do lulopetismo e dos “progressistas” a ele atrelados, quando se trata do combate à corrupção. Como a Lava Jato se tornou símbolo da resistência à bandidagem dos maus políticos, ninguém ousa a ela se opor abertamente. Mas a cada figurão do PT que cai em suas malhas, imediatamente surgem os protestos contra o que seria uma atuação “seletiva” dos investigadores, movidos pela intenção de atingir “apenas um lado”, preservando os “outros”.

A Operação Lava Jato foi criada para investigar a prática de corrupção no governo, a partir do escândalo do petrolão, que acabou se revelando o desdobramento do mensalão, esquema que inaugurou a opção pragmática de Lula e sua tigrada de comprar apoio parlamentar para viabilizar seu projeto de poder. Nunca é demais repetir, o PT não inventou a corrupção, mas promoveu-a à condição de método de ação política. A Lava Jato, portanto, é um fenômeno da era lulopetista, e surgiu a partir do momento em que, confiantes na impunidade, PT et catervaorganizaram quadrilhas para o assalto generalizado aos cofres públicos.

Assim, o PT é o “lado” que montou o propinoduto da Petrobrás e, sabe-se hoje, de praticamente todas as grandes estatais, dos fundos de pensão e até mesmo de órgãos da administração direta como o Ministério do Planejamento, onde se chegou a tungar aposentados dependentes do crédito consignado. É inevitável, portanto, que os petistas e seus associados surjam como os principais alvos do combate à corrupção. Principais, mas não únicos, porque o “outro lado” também aparece, com a frequência proporcional a seu poder para corromper e a disposição para ser corrompido, em investigações policiais.

Mas há um certo embaralhamento da questão do “nós” e “eles” que os petistas e agregados não explicam. Se é verdade que a Lava Jato é obra dos inimigos do PT, por que os petistas acusam o atual governo “golpista”, “usurpador” e “ilegítimo” de conspirar contra a operação?

A reação que manifestam mais uma vez os petistas, agora à prisão de Antonio Palocci, é perfeitamente compreensível diante do devastador efeito de mais essa ação da Lava Jato sobre a já desmoralizada imagem do PT. Palocci é um político articulado e competente que prestou relevantes serviços a seu partido, como a famosa Carta aos Brasileiros, que abriu caminho para a eleição de Lula em 2002, e teve uma atuação eficaz à frente do Ministério da Fazenda, sob Lula, e da Casa Civil, sob Dilma. Mas as abundantes evidências do tráfico de influência por ele praticado com a Odebrecht e depois com os clientes de seus serviços de consultoria revelam que seu calcanhar de aquiles é a irresistível cobiça pelo vil metal. Essa fraqueza, que não pega bem quando assola homens públicos, tem produzido efeitos devastadores quando dela trata a Lava Jato. Seja um lado ou seja outro, os delinquentes estão indo para a cadeia, purgar seus crimes.



30 de setembro de 2016
Editorial Estadão

EFICIENTES NA DESTRUIÇÃO

Brasil do PT criou sistemas ineficientes e corruptos dos principais setores da economia aos mais simples serviços públicos

Quanto tempo, dinheiro, energia e criatividade o pessoal da Odebrecht gastou para montar e manter por tantos anos o tal “Departamento de Operações Estruturadas”? O sistema supervisionava, calculava e executava os pagamentos de comissões — propinas, corrige a Lava-Jato — referentes a grandes obras no Brasil inteiro e em diversos outros países. Considere-se ainda que os pagamentos deviam ser dissimulados, o que trazia o trabalho adicional de esconder a circulação do dinheiro e ocultar os nomes dos destinatários. Coloquem na história os funcionários que criavam os codinomes dos beneficiários — Casa de Doido, Proximus, O Santo, Barba Verde, Lampadinha — e a gente tem de reconhecer: os caras eram eficientes.

Nenhuma economia cresce sem companhias eficientes. Elas extraem mais riqueza do capital e do trabalho e, com isso, reduzem o custo de produção, entregando mercadorias e serviços melhores e mais baratos.

Pois o “Departamento de Operações Estruturadas” foi eficiente na geração de uma enorme ineficiência. Tudo aquilo é parte do custo Brasil — encarece as obras, elimina a competição, afasta empresas de qualidade e simplesmente rouba dinheiro público.

Há aqui dois roubos: um direto, o sobrepreço que se coloca nas obras para fazer o caixa que alimenta as propinas; o outro roubo é indireto e mais espalhado. Está no aumento dos custos de toda a operação econômica.

Na última terça, a Fundação Dom Cabral divulgou a versão 2016 do ranking mundial de competitividade, que produz em associação com o Fórum Econômico Mundial. O Brasil apareceu no 81º lugar, pior posição desde que o estudo é feito, atrás dos principais emergentes, bem atrás dos demais países do Brics.

Mais importante ainda: se o Brasil caiu 33 posições nos últimos seis anos, os demais emergentes importantes ganharam posições com reformas e mais atividade econômica. Prova-se assim, mais uma vez, que a crise brasileira é “coisa nossa”, genuína produção nacional.

Os governos Lula 2 e Dilma foram tão eficientes na geração do desastre quanto a Odebrecht com suas operações estruturadas. Uma política econômica que provoca recessão — por três anos seguidos — com inflação em alta, juros elevadíssimos e dívida nas alturas, tudo ao mesmo tempo, com quebradeira geral das maiores estatais — eis uma proeza que parecia impossível.

Para completar, a eliminação de qualquer critério de mérito na montagem do governo e suas agências arrasou a eficiência da administração pública e, por tabela, da empresa privada que tinha negócios com esse governo.

Em circunstâncias normais, numa economia de mercado, a empresa privada opera tendo como base as leis e as regulações que devem ser neutras e iguais para todos. A Petrobras precisava ter regras públicas para contratação de obras e serviços.

Em vez disso, o que a Lava-Jato nos mostrou? Um labirinto de negociações escondidas, operações dissimuladas, manipulações de lei e regras.

Às vezes, a gente pensa: caramba, não teria sido mais simples fazer a coisa legal? Sabe o aluno que gasta enorme energia e capacidade bolando uma cola eficiente e acaba descobrindo que gastaria menos estudando?

A diferença no setor público é que o estudo não dá dinheiro. A cola dá um dinheirão para partidos, seus políticos, amigos e companheiros.

Nenhum país fica rico sem ganhos de produtividade. O Brasil da era PT perdeu produtividade. Mas, pior que isso, criou sistemas ineficientes e corruptos desde os principais setores da economia — construção civil, indústria de óleo e gás — até os mais simples serviços públicos, como a concessão de bolsa-pescador ou auxílio-doença.

SOBRANDO DINHEIRO

Como o Brasil do pré-sal, a Noruega também descobriu enormes jazidas de petróleo. Também constituiu uma estatal — a Statoil — para extração e produção.

Mas os noruegueses tomaram a decisão de guardar a receita do óleo. Constituíram um fundo soberano, alimentado com os ganhos da Statoil, fundo este que passou a investir sobretudo em ações pelo mundo afora. Esses investimentos deram lucros — e este dinheiro, sim, é gasto pelo governo. E o fundão é reserva para as aposentadorias.

O fundo norueguês é hoje o maior do mundo — tem um capital investido de US$ 880 bilhões.

Já o Brasil gastou antes de fazer o dinheiro.

O pré-sal está atrasado, perdemos o boom dos preços astronômicos do petróleo e a Petrobras é a empresa mais endividada do mundo. Outro dia mesmo, vendeu um poço para a Statoil, para fazer caixa. E Dilma dizia que estava construindo o futuro. De quem?


30 de setembro de 2016
Carlos Alberto Sardenberg é jornalista, O Globo

PALOCCI "COMPENSOU" A ODEBRECHT APÓS LULA VETAR MP DE INTERESSE DA EMPREITEIRA


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Charge do Miguel, reprodução do Jornal do Comércio
Ao decifrar as mensagens e-mail e de celular de Marcelo Odebrecht, a Lava Jato identificou que houve uma promessa do ex-ministro Antonio Palocci de “compensar” a maior empreiteira do País via Petrobrás após o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetar, em 2009, a MP 460, que previa um regime especial de tributação para incorporadoras e poderia beneficiar o Grupo Odebrecht, que também atua no ramo imobiliário.
Apontado como o elo do PT com a Odebrecht, Palocci teria atuado, segundo a Lava Jato, para que a MP fosse aprovada, beneficiando assim a empreiteira. Ao tomar conhecimento que a proposta tinha sido derrubada pelo então presidente Lula, supostamente por interferência do então ministro Guido Mantega, Marcelo Odebrecht encaminhou um e-mail aos demais executivos do grupo informando que havia recebido um telefonema de Palocci com a promessa de “compensação”.
”Tudo que é bom, é difícil. Tudo que é fácil, não é para nós. Acho que o ‘muito pequeno’ obstáculo de hoje abre uma avenida de oportunidade para sairmos ainda melhor do que se tivessemos ganho. Hoje estavámos ‘carregando’ um mundo de gente, agora com a dívida (ainda que moral, e de costumazes mal pagadores) que nossos ‘amigos’ tem conosco, podemos tentar emplacar ganhos maiores só para nós. Italiano acabou de me ligar. Disse que GM (Guido Mantega) manipulou a info para o PR (presidente). Vai estar com PR na 2ª ou durante o final de semana. Combinamos de nos encontrar amanhã as 15hs. Ele mesmo pediu além dos argumentos para a sanção/veto parcial, que levassemos alternativas para nos compensar. Sejamos criativos!”, afirmou o empreiteiro.
TUDO PROVADO – Para a Polícia Federal, a forma como foi discutida a “compensação”, que os investigadores não chegam a provar que efetivamente ocorreu, reforça as conclusões da Lava Jato de que a estatal petrolífera era “utilizada de maneira criminosa, sendo que neste caso ficou evidente o fato de que obras e outros contratos futuros de sua alçada foram oferecidos indevidamente em benefício da Odebrecht”, assinala o delegado Filipe Hile Pace.
Além da Petrobrás, o presidente da Odebrecht chega a sugerir aos outros executivos do grupo que pensem em alternativas para “sair melhor” da situação após a empresa ver frustrada a tentativa de aprovar uma MP que a beneficiaria.
“O ideal seriamos colocar valores de qt somos compensados em cada uma das opções abrindo assim menu/mix de escolha tributárias e ou com Petrobras. Vamos sair melhor do que se tivéssemos ganho”, disse Marcelo.
“CONTA CORRENTE” – Para os investigadores da Lava Jato, o conjunto de mensagens e até encontros  de Marcelo Odebrecht com Palocci e seus interlocutores, além dos pagamentos do “departamento de propina” da Odebrecht, que foi revelado pela Lava Jato, mostram que o ex-ministro dos governos Lula e Dilma atuava em prol da maior empreiteira do País. Ainda segundo os investigadores, Palocci chegou a ter uma “conta corrente” de pagamentos e acertos ilegais com a Odebrecht que teria somado R$ 128 milhões ao PT de 2008 a 2013.
O criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci, afirma que o ex ministro nunca recebeu vantagens ilícitas. O criminalista foi enfático ao protestar contra o que chamou de ‘desnecessidade’ da prisão do ex-ministro. Ele criticou, ainda, o nome da nova fase da Lava Jato, Omertà.
“A operação que prendeu o ex-ministro é mais uma operação secreta, no melhor estilo da ditadura militar. Não sabemos de nada do que está sendo investigado. Um belo dia batem à sua porta e o levam preso. Qual a necessidade de prender uma pessoa que tem domicílio certo, que é médico, que pode dar todas as explicações com uma simples intimação?”
“O que significa esse nome da operação? Omertà? Só porque o ministro tem sobrenome italiano se referem a ele invocando a lei do silêncio da máfia? Além de ser absolutamente preconceituosa contra nós, os descendentes dos italianos, esta designação é perigosa.”
ANTES DA ELEIÇÃO – Batochio chama a atenção para o fato de Omertà ter sido deflagrada na semana das eleições municipais. “Soa muito estranho que às vésperas das eleições seja desencadeado mais este espetáculo deplorável, que certamente produzirá reflexos no pleito.”
O criminalista apontou para as declarações do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, neste domingo, 25. Em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Moraes disse a um grupo de pessoas que a Lava Jato iria prosseguir ‘essa semana’.
“Muito mais insólita foi a antecipação do show pelo sr. ministro da Justiça em manifestação feita exatamente na cidade de Ribeirão Preto, onde Palocci foi prefeito duas vezes. Tempos estranhos”, disse Batochio.

30 de setembro de 2016
Mateus Coutinho, Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo
Estadão

ONDE FOI QUE ERRAMOS? ONDE NOS PERDEMOS? O QUE SERÁ DA NOVA GERAÇÃO?


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Charge do João (Arquivo Google)























Não quero mais escrever nada. Ficar no lero-lero que nada constrói, nada conserta. E então faço o quê? Chutar pedrinhas na rua já não dá, é tarde pra isso, vou é cair, escorregar, levar um tombo. Saudade, Deus meu, de quando dava seis horas da tarde e logo após essa hora da ave-maria, que alguém no rádio rezava (Júlio Louzada?) com grande audiência, e eu podia ouvir Jerônimo, o Herói do Sertão.
O rádio era muito acompanhante e os programas, mais ingênuos, de riso quase bobo.
Muita saudade do meu pai, da minha mãe que ouvia as novelas do Cashmere Bouquet andando de um lado pro outro. Ela não sentava, acho que se afligia, não sei bem.
HAVIA PAZ – Éramos uma família em paz. Lá fora também havia paz. Onde foi que erramos? Onde nos perdemos? O que será da nova geração que vem por aí? Que tropeços ela precisará enfrentar, lutar para ultrapassar?
Eu era feliz sem computador, sem celular. A TV começou a distrair a família do aconchego, dos causos que ouvíamos em comunhão com o passado paterno. Éramos um grupo. Éramos uma família.
Minha mãe fazia questão da ‘hora da mesa’, quando não se podia falar qualquer coisa sem ouvir ‘ó , é hora da mesa’.
Quero meu passado de volta, a paz que ele me trazia e hoje não encontro em nenhuma modernidade.
COISAS QUE SE PERDERAM – Quero de volta o seo Lucas, o ‘expressinho’ da injeção em seringas de vidro, que vinha em casa e ainda aplicava o remédio na bunda.
Quero de volta os armazéns do seo Carlos, do seo Bastos, na esquina, onde Aurélio, irmão da Quina, tirava as beiradas do bacalhau cru. Onde eu via vizinhos que faziam compras no caderno para acertar no pagamento.
Quero de volta dona Amelinha e a filha dela, Tereza com Z, professoras que davam aula de reforço na grande varanda da casa, em volta de uma mesa comprida com bancos inteiriços. E eu quis porque quis, mesmo sem precisar, fazer como outras meninas faziam: comparecer a essas aulas.
Minha mãe sorriu da minha vontade. E por um período lá estava eu em volta da grande mesa.
“GRANDE CARTAZ” – Lembro de uma coisa que errei. Dona Amelinha me pediu para fazer uma frase com a palavra cartaz. Errei porque escrevi: “Sonia tem um grande cartaz”. Era sobrinha da dona Sílvia e seo Olavo, uma menina bonita de olhos verdes e muito espevitada pra época.
Esse seo Olavo foi o mesmo vizinho que me olhou com os olhos cheios d’água ao me ver inteira na delegacia, após eu ligar pra casa e avisar minha mãe que o ônibus havia batido no carro do meu pai quando eu voltava da escola em que trabalhava.
Quero minha vida de volta, a paz daqueles dias em família, o sossego nas ruas.
Devolvo tudo: o computador, o smartphone, a TV de led de não sei quantas polegadas, os cartões de banco que facilitam minha vida em não sei quantas agências no mesmo bairro.
TUDO DE VOLTA – Quero que confiram minha assinatura no livro de capa preta do Banco Mineiro da Produção, onde meu pai tinha conta. Quero de volta o bonde que me levava à escola, ainda que meu pai usasse o carro.
Quero as empregadas amigas que atravessaram gerações em perfeita comunhão conosco. Como a Ana, babá do meu avô ‘nhô’ Chico; Samaria e o filho Joaquim, que subiu na mangueira pra pegar meu irmão lá em cima porque ele não sabia descer; quero Geralda, filha da Samaria, quero a Margarida, que se casou com o Fernando, que pintava a nossa casa. Maria Pretinha ainda está com Tia Zilda e as filhas, com direito a tudo: do plano de saúde ao amor incondicional da família que ajudou a criar e que é dela também.
E que bem lá atrás tomava conta de mim no quarto do vovô e vovó e me perguntava quem eu preferia: a Marlene ou Emilinha?
Pra onde foi tudo isso? Pra onde foi essa felicidade que não volta mais? Não está nos cinemas, não está nos teatros nem nas ruas e em nenhuma viagem. Está no passado. E o passado passou. Envelheceu comigo.

30 de setembro de 2016
Ofelia Alvarenga