"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

METAS TRAÇADAS PARA A INFLAÇÃO NÃO COSTUMAM SER CONFIRMADAS PELOS FATOS



Charge do Pelicano, reprodução do Diário de S. Paulo
















Reportagem de Eduardo Cucolo, Machado da Costa e Cassia Kastner, Folha de São Paulo, edição de sexta-feira, destaca as metas de inflação traçadas pelo Conselho Monetáro Nacional para 2016 e também para os exercícios de 2017 e 2018. Para este ano em torno de 9%. Para 2017 entre 4,5 a 6%. Para 2018, a previsão é mais rígida: 4,5%. Metas, na verdade, são como nuvens de pensamento: voam conforme a direção dos ventos e são sensíveis a fatores imprevistos que sempre acontecem. Mas não é esta a questão.
É preciso levar-se em conta outros aspectos. A redução inflacionária, em si mesma, não quer dizer nada. Fundamental é sua acumulação no tempo. Comecemos por 2015. O IBGE apontou uma taxa de 10,6%, relativa ao período de janeiro a dezembro. No plano salarial, a reposição dessa perda somente atingiu os que recebem o salário mínimo e os aposentados e pensionistas do INSS. Portanto, as demais categorias estão sendo atingidas pela defasagem real que incide sobre seu poder de compra.
O IBGE vem divulgando as comparações referente aos períodos janeiro-janeiro, fevereiro-fevereiro, março-março, abril-abril, maio de 2015 a maio de 2016. Tais comparações vêm apontando uma diminuição em relação ao índice referente a todo 2015. Nada significa. Pois é preciso computar, para se fornecer um cálculo efetivo, as taxas mensais de janeiro a maio do exercício em curso.
FÁCIL DE COMPROVAR – Basta ler os índices do IPCA publicados diariamente no caderno econômico de O Globo. Quem se der a esta tarefa simples, verificará que nos primeiros cinco meses do ano a inflação acrescentou 4,2%.
Como para 70% dos 100 milhões de assalariados do país, a queda de 10,6% não foi recuperada, para eles a inflação, de fato, agora, em julho, encontrar-se-ia em 14,8%. Porém, passa desta escala, quando é computada a inflação verificada no mês de junho. É que, no Brasil, não existe somente um índice comum de inflação. Um para os que obtiveram a reposição dos 10,6 pontos. Outro para a grande maioria, cujos vencimentos não conseguiram retornar aos valores de janeiro de 2015. Esta, sim, é uma questão essencial.
Por essas e outras é que as previsões tornam-se difíceis de concretizar. Sobretudo, considerando-se que os aumentos nominais de salários não incluem a reposição de perdas anteriores às datas em que as metas são fixadas. No papel, estão valendo como intenções. Os fatos concretos não as confirmam.
PODER DE COMPRA – O vento leva as metas para o espaço onde pensamentos e intenções habitam. Mas apenas isso. O poder de consumo da população brasileira não depende só de projetos, de pensamentos e de raciocínios sofisticados. Pelo contrário. Depende de dinheiro no bolso e acesso ao mercado de emprego. Mercado que foi detonado pelas desonerações tributárias que explodiram as contas públicas, as quais, por sua vez, tornam-se a fonte maior da inquietação econômica que abala o Brasil.
Indispensável acrescentar que as desonerações somam-se a uma colossal corrupção, fatores que catastroficamente possuem pontos de convergência entre si.
Primeiro desonerar, depois partir para roubar o máximo possível. As isenções de impostos e a corrupção sã fatores alucinantes. Ambos geram inflação e sua não compensação social. Pois tudo passa a ser pior do que antes. Projetar não significa compensar o tempo perdido.

04 de julho de 2016
Pedro do Coutto

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