O ex-ministro e ex-presidente do PT Ricardo Berzoini afirmou que “não corresponde à verdade” as afirmações que o executivo Flávio Gomes Machado Filho, um dos delatores da Lava Jato, fez nesta segunda-feira (25) ao juiz federal Sérgio Moro, da operação Lava Jato. Em quase 30 minutos de depoimento, Flávio Machado – ex-diretor da Andrade Gutierrez – disse que Berzoini fazia “cobranças incisivas” de propina no valor de 1% de todos os contratos que a empreiteira tinha com o governo federal. Berzoini presidiu o PT em duas ocasiões, entre 2005 e 2006 e de 2007 a 2010.
A imposição de Berzoini, segundo o delator contou a Moro em audiência nesta segunda-feira, ocorreu durante reunião que teria ocorrido em 2008, na qual também estavam o tesoureiro do PT à época, Paulo Ferreira, seu sucessor João Vaccari Neto e o então presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo.
Diante de Sérgio Moro, o ex-executivo da Andrade Gutierrez confirmou os termos da delação premiada que fez na Procuradoria-Geral da República.
EXIGÊNCIAS – “De uma forma incisiva e um pouco além do tom (foram feitos pedidos) pelo presidente (do PT, Ricardo) Berzoini para o presidente Otávio”, disse Machado no depoimento. “Veladamente deu para entender que poderia haver algum tipo de situação desconfortável para nós”, afirmou. Segundo ele, o clima da conversa foi “bastante desagradável”.
Flávio Machado afirmou ainda que a Andrade Gutierrez efetuou pagamentos referentes aos contratos para obras na Venezuela, financiadas pelo BNDES. Segundo o empreiteiro, a propina foi paga ao PT via doações legais.
Nesta terça-feira (26), Berzoini reagiu enfaticamente. “Não comento o conteúdo da delação. Só posso dizer que trata-se de um assunto que é mais um vazamento seletivo de matéria que deveria estar sob sigilo e que não corresponde à verdade”, disse Berzoini.
AUDIÊNCIA PÚBLICA – Ao ser informado que o empreiteiro fez as afirmações durante uma audiência tornada pública pela Justiça Federal, o ex-ministro rebateu. “Audiência em que citam nomes de terceiros antes do contraditório do citado. Lamentável”, disse. Ele ressaltou que aguarda a orientação de seus advogados.
Os relatos de delatores da Andrade Gutierrez sobre a suposta cobrança de propina que teria sido feita por Berzoini motivaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a pedir a inclusão, em maio deste ano, do ex-ministro no chamado inquérito-mãe da Operação Lava Jato, no qual são investigados crimes de formação de quadrilha. O pedido está sendo analisado pelo Supremo Tribunal Federal.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É uma chatice, mas as reportagens de política estão sempre a exigir tradução simultânea. No caso presente, as denúncias sobre as chantagens feitas por Berzoini são múltiplas, constam de vários depoimentos, concedidos por testemunhas diversas, ou seja, são provas que se encaixam e se tornam imunes a desmentidos, porque as doações exigidas na chantagem de Berzoini foram mesmo materializadas. Portanto, não adianta que o ex-presidente do PT aguarde orientação dos advogados, porque eles nada têm a lhe dizer. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É uma chatice, mas as reportagens de política estão sempre a exigir tradução simultânea. No caso presente, as denúncias sobre as chantagens feitas por Berzoini são múltiplas, constam de vários depoimentos, concedidos por testemunhas diversas, ou seja, são provas que se encaixam e se tornam imunes a desmentidos, porque as doações exigidas na chantagem de Berzoini foram mesmo materializadas. Portanto, não adianta que o ex-presidente do PT aguarde orientação dos advogados, porque eles nada têm a lhe dizer. (C.N.)
29 de julho de 2016
Deu no Estadão
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