"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

MICHEL TEMER ENFRENTA O DESAFIO DE REENCONTRAR O TEMPO PERDIDO


Charge do Samuca, reprodução do Diário de Pernambuco


















O título, claro, está inspirado na obra imortal de Marcel Proust, e creio que cabe bem para sintetizar o maior desafio com que, a partir do instante em que substitui a presidente Dilma Rousseff, com quem se elegeu duas vezes, Michel Temer enfrenta na tentativa de reconstruir a economia brasileira, abalada, como revelou a repórter Flávia Barbosa, em excelente trabalho publicado na edição de ontem de O Globo, por resultados negativos que se acumularam especialmente no biênio 2014-2015.
Foi um desastre de grande dimensão. O PIB recuou 7,7% no período, enquanto a população cresceu 2%. Resultado: piorou gravemente a renda per capita, resultado da divisão do PIB pelo número de habitantes. Não há como negar tal evidência, pois os números em que se baseou Flávia Barbosa são do Banco Central e do IBGE.
E O DESEMPREGO?
O desemprego avançou de 6,8% para 10,9 da mão de obra ativa. 
A mão de obra ativa brasileira é formada por 100 milhões de homens e mulheres. Praticamente metade da população total. O PIB projeta-se na escala de 5,6 trilhões de reais. Uma retração de aproximadamente 8% significa uma perda de produção e produtividade da ordem de quase 500 bilhões de reais.
Enquanto isso, a dívida do país voou para uma altitude de 2,8 trilhões, o que representa a metade do PIB. 
Sobre esse total, o governo paga juros anuais de 14,25%, taxa Selic aplicada aos papeis do Tesouro colocados no mercado. 
Como não há dinheiro para cobrir o montante anual dos juros, o Banco Central recorre à capitalização do resultado da taxa, através da expedição de títulos adicionais.
O endividamento, assim, não para de aumentar de um ano para outro.
MONTANTE DA DÍVIDA
Nos últimos três meses, de acordo com o Banco Central, o montante da dívida cresceu de 2,8 para 2,9 trilhões de reais, como a reportagem de O Globo acrescenta. 

O governo, que não tem recursos financeiros para pagar pelo menos os juros, entretanto concedeu desonerações fiscais superiores a 500 bilhões de reais desde 2011 até hoje. Uma contradição absoluta.
Nem por isso, conseguiu expandir o mercado de trabalho e a renda global dos trabalhadores e funcionários públicos. 
Pelo contrário. Os empresários beneficiados não deram qualquer resposta positiva capaz de refletir no campo social. Foram recursos lançados ao vento.
O impasse está colocado à frente do governo Michel Temer/Henrique Meirelles de forma bastante nítida e concreta. 
Sim. Porque o presidente que assume, por vontade própria, encontra-se totalmente na dependência do êxito do ministro da Fazenda, que de forma integral comanda a área econômica do governo.
DESAFIO ENORME
O poder duplo que assume terá que retomar o crescimento do PIB, diminuir o desemprego, deixar de reduzir indiretamente os salários, evitando que percam para a inflação. P
ois se continuarem perdendo a corrida contra o índice inflacionário, a consequência refletir-se-á diretamente no consumo e, portanto, na produção e comercialização.
Como fazer tudo isso ao mesmo tempo e, ainda por cima, a curto prazo? 
E isso é fundamental para reencontrar e reconstruir o país.

12 de maio de 2016
Pedro do Coutto

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