"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

TESTEMUNHAS CONFIRMAM QUE O TRIPLEX PERTENCE A LULA




Charge do Paixão, reprodução da Gazeta do Povo




















O Ministério Público de São Paulo coleciona uma série de depoimentos que, na avaliação do promotor de Justiça Cássio Conserino, indicam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003/2010) é o verdadeiro proprietário do triplex 164 A do Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo – o que é negado taxativamente pelos advogados do petista.
Entre os relatos está o do engenheiro Armando Dagre, sócio da Talento Construtora, que a empreiteira OAS contratou para realizar uma reforma milionária no apartamento. Segundo Sagre, perto de R$ 800 mil foram gastos no empreendimento que incluiu novo acabamento e até a instalação de um elevador privativo, ao custo de R$ 62,5 mil.
O engenheiro disse que, certa vez, reunido no apartamento, ‘tomou um susto’ quando chegou ao imóvel Marisa Letícia, a ex-primeira dama, acompanhada do filho Fábio e do presidente da OAS, Léo Pinheiro – condenado a 16 anos de prisão na Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
Outros relatos obtidos pelo Ministério Público levam na mesma direção.
LAVAGEM DE DINHEIRO
O promotor Conserino investiga suposta prática de crime de lavagem de dinheiro. Na semana passada ele declarou à revista Veja que vai denunciar o ex-presidente à Justiça. A declaração do promotor provocou reação imediata do petista. Seus advogados anunciaram que vão processar o promotor.
Nesta quarta-feira, 27, a Polícia Federal deflagrou a Operação Triplo X que mira no condomínio Solaris, duas torres com oito triplex. O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força tarefa da Lava Jato, disse que ‘todos os apartamentos’ do Solaris são alvo da investigação.
Na investigação do promotor Cássio Conserino depôs o zelador José Afonso Pinheiro, desde novembro de 2013 no Solaris. Ele disse que os seguranças prendiam ‘o elevador enquanto a família presidencial estava acomodada no tríplex e isso, obviamente, gerava muitas reclamações’.
ZELADOR CONFIRMA
Pinheiro afirmou que ‘o funcionário Igor, da OAS, pediu para que não falasse nada, ou seja, de que o apartamento seria do Lula e da esposa, mas, sim, deveria dizer que é pertencente a OAS’. “Esse pedido aconteceu depois do carnaval de 2015.”
Disse, ainda. “Acredita que a Talento (Construtora) fez a reforma no tríplex da família Lula. Apenas o tríplex 164 A tem elevador privativo. Sabe informar que foi instalado lá, exclusivamente, no tríplex 164 A uma cozinha Kitchens.”
Outra testemunha, Lenir de Almeida Gushiken, casada com um primo do ex-ministro Luiz Gushiken, disse que foi proprietária de um apartamento no Solaris. “Chegou a ver algumas vezes familiares do ex-presidente Lula no edifício.” Ela contou que “na véspera do ano novo de 2014/2015 vislumbrou dois veículos, um Passat/alemão, cor preta e um carro grande, prata, cujos ocupantes estavam com várias malas e estacionaram na rua defronte ao condomínio”.
Marcos Martins da Cunha, por seu lado, ‘interpelado sobre se a cobertura 164 A é da família do ex-presidente da República, disse que sim e que se trata de um tríplex’. “Não viu o içamento do elevador privativo, porém soube pelo zelador que naquela cobertura foi instalado o elevador e soube dizer, segundo o zelador, que dona Marisa Letícia frequentou o local umas duas vezes’.
Wellington Aparecido Carneiro da Silva afirma que trabalhou na OAS entre outubro de 2011 e junho de 2014 como assistente de engenharia.’Esse imóvel estava em nome da OAS, porém a família que moraria naquela unidade autônoma seria a do ex-presidente da República. O depoente, quando entregou a cobertura 164 A, entregou-a ‘crua’, ou seja, sem nenhum acabamento ou melhoria. Soube que haveria um projeto para todos os cômodos, mas não sabe dizer quem se responsabilizaria financeiramente pelos projetos.”
MAIS TESTEMUNHAS
Ainda Wellington Silva: “O depoente chegou a receber o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no condomínio e Igor (Pontes, engenheiro da OAS) lhe apresentou as áreas comuns. O depoente segurou o elevador. O ex-presidente da República estava acompanhado de dona Marisa Letícia, ex-primeira dama. Eles fizeram a vistoria padrão. Interpelado sobre o conteúdo da conversa havida na vistoria, o depoente disse que acompanhou até a porta de entrada, porém não acompanhou o casal presidencial; tarefa, pois, incumbida a Igor Pontes’.
Não são todos que ligam Lula ao triplex. A engenheira Mariuza aparecida da Silva Marques, interpelada pelo promotor de Justiça, no sentido de que mais de uma dezena de pessoas disseram que o tríplex ‘serviria aos propósitos do ex-presidente da República e de sua esposa, a depoente permanece dizendo que não sabia’. Interpelada sobre se presenciou o petista e a mulher visitando o apartamento, ‘a depoente disse que não, porém ouviu dizer que isso aconteceu’.
ADVOGADO NEGA
A empreiteira OAS não se manifestou. Mas o advogado Cristiano Zanin Martins, que representa o ex-presidente, negou taxativamente que o petista ou familiares dele sejam os donos do triplex. Ele relatou que a família comprou uma cota de um projeto da Bancoop. A cota foi paga e declarada ao Imposto de Renda pelo ex-presidente. O advogado disse que ‘não tem a menor ideia’ de quem realizou a reforma no imóvel.
Zanin reiterou que o apartamento ‘não é do ex-presidente’. Esclareceu que Lula tinha uma cota do projeto da Bancoop e quando o empreendimento foi transferido para outra empresa tinha duas opções: pedir o resgate da cota ou utilizá-la para compra do imóvel do Solaris. A família fez a opção pelo resgate.

29 de janeiro de 2016
Fausto Macedo, Julia Affonso e Ricardo Brandt
Estadão

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