Não é só no Brasil que as investigações de corrupção estão sendo avidamente acompanhadas pela plateia. Uns mais, outros menos, todos os países dão notícia do desenrolar de cada capítulo.
Interessante é notar que, no Brasil, o receio de arrumar encrenca vem impondo à mídia um certo recato na escolha do palavreado. Quando o santo nome de nosso guia está envolvido, calçam-se luvas e usam-se pinças para tratar do assunto.
Jornais preferem pôr verbos no condicional ‒ «teria feito», «haveria estado», «teria sido». Abusa-se de fórmulas como«supostamente», «hipoteticamente», «por suposição».
Para relatar a mais recente encrenca em que nosso guia (& esposa) estão metidos, a imprensa nacional preferiu expressões do tipo «estão sendo investigados por envolvimento na compra de um apartamento».
Já a mídia internacional comporta-se diferentemente. Sem sentir a mesma pressão, costuma dar a notícia com palavras cruas, sem floreios e sem firulas. Dei um passeio pelas manchetes planetárias e deixo aqui o resultado da colheita.
Nenhum veículo fez rodeios em torno do assunto. Foram todos direto ao ponto. Dizem todos qual é a acusação pela qual o antigo presidente (& esposa) estão sendo investigados:
Alemão: Geldwäsche (lavagem de dinheiro)
Inglês: money-laundering (lavagem de dinheiro)
Italiano: lavaggio di denaro (lavagem de dinheiro)
Francês: blanchiment d’argent (branqueamento de dinheiro)
Espanhol: lavado de dinero (lavagem de dinheiro)
Turco: yolsuzlukla (corrupção).
Como se vê, dependendo de quem chama, o boi tem outro nome. Mas é sempre o mesmo boi.
30 de janeiro de 2016
José Horta Manzano, in brasil de longe
http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com/2016/01/o-que-falam-de-nos.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário