"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

LULA E O IMPERATIVO DE SOBREVIVÊNCIA





Ao completar 70 anos, amanhã, pode o Lula considerar-se na plenitude de sua capacidade para realizar o Bem ou o Mal? Como já se dedicou a ambos os objetivos, ora atendendo os pobres e os necessitados, ora privilegiando os ricos e os vigaristas, continua em aberto a possibilidade dele tentar voltar ao palácio do Planalto. 
Não se diz voltar ao poder porque deste jamais se afastou, tanto controlando o PT quanto interferindo no governo Dilma. 
Muita gente considera inviável o retorno do ex-presidente, dado o desgaste do partido dos companheiros e o fracasso hoje evidente da administração da sucessora.  
Madame deixou de ser a esperança de continuidade de um período ao menos em parte voltado para os menos favorecidos. 
Transformou-se em instrumento fisiológico de uma base parlamentar ávida de sinecuras e favores variados.  Atende sugestões esparsas do antecessor, mas permanece a maior parte do tempo lambuzando o país de incompetência.
Caso decida ou não possa evitar candidatar-se em 2018, o Lula carregará o fracasso da Dilma. Talvez o peso venha a ser demasiado para obter a vitória, como revelam as pesquisas atuais. 
Nessa hipótese, precisará encontrar quem o substitua como candidato, mas quem? 
Nos quadros do PT a safra revela-se decepcionante. Jacques Wagner, Aloizio Mercadante, Ricardo Berzoini? Não dá. 
Será o ex-presidente obrigado a aceitar o encargo, por falta de alternativas?  Mas, se perder, não estará acionando a pá-de-cal na aventura um dia saudada como capaz de mudar o Brasil? 
Apoiar um candidato de origem diversa, tipo Ciro Gomes, será um risco, mas pior seria aceitar Michel Temer, do PMDB.
SOBREVIVÊNCIA
Nesse cipoal encontra-se o ex-torneiro-mecânico, ao completar 70 anos. 
Desejando ou não retornar, quando tiver 73, sua candidatura será um imperativo de sobrevivência, não apenas pessoal, mas do movimento que criou.  
Só que obstáculos levantam-se de todos os lados. As acusações de haver-se tornado milionário, envolvendo também sua família. 
Relações pouco claras com empreiteiros hoje morando na cadeia. O desgaste natural da idade. A falta de renovação no próprio partido. O distanciamento da classe operária, atualmente órfã de lideranças em condições de reivindicar melhores condições de vida e de trabalho. 
E mais o desemprego crescente, o aumento de impostos, taxas e tarifas, a redução de direitos sociais, a queda nos índices de crescimento econômico e a inflação.
O diabo é que, mesmo enfrentando tamanha carga negativa, o Lula poderá não encontrar argumentos para recusar a candidatura.  Arriscado a enfrentar a derrota, não lhe será possível saltar de banda.
26 de outubro de 2015
Carlos Chagas

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