"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O QUE É AJUSTE FISCAL?

Por certo, grande parte dos leitores desse jornal, se não a maioria, sabe explicar o que é ajuste fiscal, sejam economistas ou não. Contudo, nestes tempos de crise política e de baixa popularidade do governo —e da classe política em geral—, interessante é saber o que pensa a classe C.

As pessoas que ingressaram na classe média sabem o que é ajuste fiscal? Entendem o esforço que o ministro Joaquim Levy está fazendo? Compreendem o alcance das ações de política econômica, as razões que explicam por que o país enfrenta quadro desalentador? Afinal, o governo está sabendo explicar para parte muito relevante do eleitorado brasileiro a razão de ser das políticas econômicas que hoje advoga?

Pesquisa realizada pela Ideia Inteligência em parceria com a Vertude revela alguns fatos interessantes. Em primeiro lugar, entre cerca de 2.000 entrevistados, 58% disseram não saber o que significa "ajuste fiscal", mesmo tendo ouvido a expressão nos noticiários e nos jornais.

Ainda que a maioria das pessoas entrevistadas não saiba o que significa ajuste fiscal, todas souberam explicar muito bem o que fazem para equilibrar as contas quando falta dinheiro no fim do mês: cortam gastos. Mais especificamente, 62% de todos os entrevistados, incluindo os 41% que sabiam explicar o que era ajuste fiscal, afirmaram que reduzem despesas quando o orçamento fica apertado. Apenas cerca de 30% admitiram não pagar as contas, fazer bico ou trabalho extra, ou pegar empréstimos quando falta dinheiro.

Questionadas sobre acreditarem que o governo fazia o mesmo que elas quando o orçamento minguava, a resposta foi um categórico não. Alguns disseram que, em vez de cortar despesas, o governo aumenta impostos; outros afirmaram que o governo "toma do trabalhador"; uns tantos falaram que o governo pega empréstimos; por fim, um punhado foi taxativo: "O governo rouba".

Neste momento em que muitos confundem a baixa aprovação do governo com uma não comprova- da vontade popular de que Dilma deixe o cargo, a percepção da população sobre o ajuste fiscal é mais do que relevante. Se o governo soubesse explicar que aquilo que está tentando fazer é mais ou menos semelhante ao que as famílias fazem quando falta dinheiro no fim do mês, a instabilidade imprevisível que assola o país talvez pudesse ser amenizada.

Mais do que isso, se o governo soubesse explicar que, para equilibrar as suas contas, é necessário cortar gastos e que isso pode ter repercussões negativas para algumas famílias no curto prazo, talvez a mentalidade de "populismo econômico" que tomou conta do país (e de alguns economistas) pudesse ser diluída, poupando-nos dos desperdícios vistos nos últimos anos.

Dizem os jornais que, para debelar a crise política e melhorar a percepção do governo, a presidente estaria cogitando uma redução significativa de ministérios. Embora os economistas saibam que o efeito disso sobre os gastos totais do governo seja pequeno, a carga simbólica é inquestionável.

Corte de ministérios, na cabeça da população, equivale a corte de despesas, tal qual dizem fazer no fim do mês quando necessário. O gesto não resolverá os problemas do país, mas por certo pode servir para amainar o clima impregnado de mágoas, ressentimentos, a agonia paralisante que se apoderou do Brasil.Monica



13 de agosto de 2015
Monica Baumgarten de Bolle

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