"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 1 de agosto de 2015

O DOMÍNIO DO HOMEM-MASSA

ARTIGOS - CULTURA


Os que me acompanham sabem que tenho escrito muito sobre o homem-massa, esse espécime definido pelo filósofo espanhol José Ortega y Gasset no famoso livro 'A Rebelião das Massas' e que é muito pouco compreendido nos dias de hoje. O homem-massa, que ascendeu ao poder, é aquele que define hodiernamente os padrões de pensamento, de comportamento e até de diversões. As mostras cotidianas do predomínio desse sujeito são fartas e quero aqui comentar algumas delas.
Um exemplo que tenho dado é o caso do Adib Jatene, o famoso cardiologista que faleceu há pouco tempo. Ele foi o caso do homem que adquiriu uma excelência técnica inigualável no ofício da medicina e, a partir daí, quis bancar de sábio em ciência política. Legou-nos a execrável CPMF, no suposto de que essa derrama fiscal melhoria os serviços públicos, quando se sabe que isso não é verdade. É claro que, por detrás da visão de Jatene, está a sua crença no coletivismo comunista, ideologia que ele adquiriu independente e a despeito da sua destreza de cirurgião. Casos como o dele repetem-se amiúde.
Ontem eu estive no shopping mais sofisticado de São Paulo. Estacionei na área externa e tomei a entrada mais próxima. Coincidiu de entrar comigo uma mulher visivelmente “madame”, rica. O notável é que vestia um desses vestidos de marca que, de longe, lhe caia bem e a embelezava. De perto é que vi que o que decorava o vestido eram uns remendos, como aqueles usados pelos bem pobres. A estética do pobre estampada de forma descarada por uma mulher de muitas posses. Chamou-se a atenção porque, até então, eu tinha percebido essa estética do molambo chique nas calças de jeans, estas já uma expressão da estética “trabalhadora” adotada há tempos no vestuário das pessoas mais ricas. Essa moda está generalizada e é encontrada em toda parte. Quanto mais rica a pessoa, mais molambuda anda para ser chique. Os preços das calças de jeans previamente rasgadas e remendadas não me deixam mentir.
Nas pinturas de Portinari deu-se algo equivalente, com a retratação de trabalhadores em ação de trabalho, uma clara exaltação da luta de classe e do coletivismo. Estética muito do agrado dos comunistas. Ter um Portinari na parece é o sonho estético dos ricos que adoram a estética dos pobres.
A moda do molambo não é apenas encontrada entre as mulheres, eu a tenho visto também em homens, mas o fato é aqui mais raro. As dondocas são as que mais gostam de se vestir como trabalhadoras pobres. Muito fashion, pois não? É verdade que os homens são menos sujeitos a modismos e, por mais que tentem, um homem elegante não abre mãos de uma calça e de uma camisa bem cortada, com um paletó ou jaqueta por sobre. Mesmo que a calça ou o casaco sejam de jeans.
Um outro comportamento social típico das massas alucinadas é o que se dá com as torcidas de futebol. Este esporte é belo e se mostra perfeito para ser exibido nas redes de televisões, porém virou um instrumento de amalgamar massas desembestadas. Quando vemos um torcedor na ação de torcer é que percebemos algo próximo da besta-fera. O sujeito fica alucinado, de olhos injetados como um lunático. Tenho a sensação de que ele projeta nos jogadores o esplendor atlético que gostaria de ter para si, sendo esse um dos atrativos a hipnotizar as massas. A proeza do ídolo é como se fosse a própria proeza esportiva do torcedor.
Um outro ponto é que o futebol reduz tudo a uma igualdade de 11 contra 11, uma igualdade falsificada. Como as técnicas de futebol e a preparação física estão mais ou menos disseminadas mundo a fora, então o jogo iguala todos e vence o que é ligeiramente melhor ou dá mais sorte. O campeonato mundial da FIFA produz uma ilusão perfeita de igualdade, pela qual um time dos EUA, por exemplo, pode facilmente ser batido pelo México ou até por Honduras. A indústria da comunicação em torno do futebol criou muitas metáforas tiradas do meio militar e exalta o nacionalismo. A coisa é doentia. O machismo e o orgulho nacional são exaltados de um modo bastante estúpido.
O mesmo se vê nas torcidas dos clubes, mais das vezes levando torcedores a batalhas campais antes, durante e depois dos jogos, na expressão mais crua de sua loucura. Alguns torcedores têm sido assassinados por torcidas rivais com frequência. O fenômeno é mundial. A torcida é uma imersão no coletivo do grupo e basta aderir a ele para ser aceito. Camiseta posta, ingresso comprado, os torcedores esmeram-se em mostrar quem “torce” mais e quem melhor viu a jogada, a que deu certo e a que não deu certo também. Ver torcedores em ação é espetáculo deprimente.
Nem quero aqui falar dos programas de televisão e das novelas, veículos que funcionam como estupefacientes das massas e são por elas adoradas. Enfim, estamos sob o reino do homem-massa, o mesmo que elegeu Lula e Dilma Rousseff e que, governando o Brasil há anos, estão a ponto de destruí-lo. O afã igualitário utópico é que move o PT. Afinal, Lula pode se enquadrar perfeitamente na moda do molambo, ele que veio de baixo e certamente serviu de modelo para os estilistas. Exibir roupas assim, ou torcer pelos times de futebol como Lula faz, são uma maneira de determinar o comportamento nas escolhas políticas. De fato, a profusão dos molambentos chiques é que elegeu o PT.

01 de agosto de 2015
Nivaldo Cordeiro

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