"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

QUANTO PIOR, MELHOR. MAS PARA QUEM?




Passamos os últimos dias discutindo o casamento gay e as comemorações da abertura que o plenário da Suprema Corte dos EUA promoveu, considerando legal a união das pessoas do mesmo sexo. 
Em todo mundo, por ocasião desse decreto da Corte americana, por influência, há uma esperança da revisão da legislação civil para se abrigar igual abertura. Sem dúvida um passo adiante. 
A união gay existe como uma realidade. Negá-la ou desconhecê-la é um preconceito idiota e disfuncional.

Na Câmara dos Deputados, aí já falando do Brasil, o presidente Eduardo Cunha recolocou em votação a redução da maioridade penal, que o próprio tem como um de seus troféus, desconsiderando o Regimento Interno e a Constituição Federal. Reprovada em votação horas antes, o novo certame a aprovou. Comemorações, protestos e pano pra manga. Mas a redução da maioridade caminha a passos de ganso pra virar lei. Contra a OAB e o STF.

Na mesma Câmara onde ocorreu suposto golpe, o fato da hora é a ampliação do prestígio político do vice Michel Temer. Não que ele pretendesse inserir-se na roda das discussões de estratégias ou opções para o Brasil sair do buraco em que se acha. Não. 
Temer quer ser quem distribuirá os cargos ainda não ocupados pelos indicados pela base parlamentar de sustentação do governo no Congresso. E o contribuinte pagando a conta. Eu, tu, ele, nós, vós, eles.

PEGAR A DILMA

A operação Lava Jato, que parou o Brasil, prende, arrebenta e solta, conforme o que deseja a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal (MPF) e o juiz Sérgio Moro. As delações premiadas (e que prêmios!) andam e voltam, afirmam, desmentem e criam fatos.

Criam também factoides. Parece que o único objetivo a que miram a PF e o MPF é o de pegar a Dilma com a mão na massa. Na semana passada, a imprensa nacional estampou que o doleiro Alberto Youssef, essa pérola, disse que havia sido abordado por um jovem, de nome talvez Felipe, filho de um empreiteiro de obras públicas de cujo nome não se lembrava nem a qual empreiteira pertencia, que desejava trazer R$ 20 milhões que estavam lá fora, em paraísos fiscais, para serem utilizados na última campanha presidencial.

Foi o bastante para se comemorar o êxito de um sonho: Dilma foi atropelada. Mas não vingou, ainda. Essa delação, como várias outras, era imprecisa demais. Ninguém dispõe de R$ 20 milhões para deles decidir de maneira tão informal. Mas ficou a dúvida.

“DENUNCISMO”

Não defendo por defender petistas, a Dilma, o PT, o PSDB, o Aécio, o Pimentel, o Anastasia, ninguém. Nem eles precisam. Mas temos que reconhecer que estamos vivendo um perigoso momento de assassinato da reputação das pessoas, da forma mais generalizada, beirando o fascismo, onde todos detêm o monopólio da verdade. A delação premiada e a confissão são procedimentos presentes na legislação penal dos países democráticos.

Mas onde também a lei é severa, se faz cumprir, sem exceções e privilégios. Com responsabilidade nas investigações, de quem as determina e as comanda. Que se processe e ponha na cadeia os culpados. Mas sem achismos, sem a irresponsabilidade de prender e depois nada acontecer senão a desmoralização definitiva das pessoas alcançadas.

Vivemos no Brasil um momento de completa falência das instituições, de desprestígio da lei, em que uma fábrica de denúncias decide da vida e da história de cada um pela simples suposição, pela suspeita, pela delação premiada oferecida por criminosos declarados. 

Paramos o país, as pessoas estão sendo desempregadas, a inflação recrudesce, o povo tem fome, está doente, sem segurança. Não há oportunidades, não há perspectivas e não há esperança e sobram holofotes. As responsabilidades se avolumam e não esperam. Teimosamente mantemos nossas energias aplicadas no denuncismo, no quanto pior, melhor.

10 de julho de 2015
Luiz TitoO Tempo

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