A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) recusaram proposta de delação premiada apresentada por advogados do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, preso desde janeiro, em Curitiba. Segundo fontes que participaram da negociação, o executivo irritou investigadores ao apresentar versões que consideraram falsas, em função de provas que já detêm a respeito de crimes envolvendo a Petrobras.
A Força-Tarefa da Lava-Jato já tinha descartado na semana passada qualquer negociação sobre um acordo com Cerveró durante a coletiva dos investigadores para explicar as ações da 15ª fase da operação, que prendeu outro ex-diretor da área internacional da estatal Jorge Zelada.
A negativa não impede uma nova negociação de cooperação. Responsáveis pelos acordos de delação da Lava-Jato dizem que é normal, no primeiro momento, o réu apresentar poucas informações úteis à investigação em busca de redução de pena. No entanto, só estão dispostos a reabrir o diálogo se Cerveró apresentar provas de fatos já apurados e também fizer revelações novas.
CENÁRIO COMPLEXO
Um dos advogados de Cerveró, Felipe Caldeira, não quis dar detalhes da negociação, que é sigilosa, mas disse que o cenário é complexo: “A Operação Lava-Jato já está muito avançada, com muitos dados e informações. Isso diminui a capacidade de colaboração real, por meio de acordos”.
Segundo fontes próximas a Cerveró, o ex-diretor está muito abalado na prisão, onde recebe atendimento psicológico. Isso dificulta mais a colaboração, avaliam advogados de clientes que não gostariam que Cerveró virasse um delator. No entanto, a defesa do ex-diretor nega a fragilidade emocional dele.
Cerveró é acusado de receber US$ 40 milhões no esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato. Ele já foi condenado por lavagem de dinheiro na compra de uma cobertura de R$ 7,5 milhões em Ipanema por meio de uma offshore no Uruguai.
10 de julho de 2015
Thiago Herdy e Cleide Carvalho
O Globo
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