A presidente Dilma Rousseff nem bem desembarcou no Brasil e já estava confrontada com a triste realidade de um governo completamente sem direção e uma economia afundando a passos largos. A petista aproveitou a viagem à Rússia, e, sobretudo, à Itália, para tentar se livrar um pouco do tormento em que se transformou a sua vida. Mas ela sabe que boa parte — senão, a maior — da pesada fatura que está sendo obrigada a arcar foi criada por ela. Dilma colhe o que plantou.
Tanto o governo quanto os agentes econômicos esperavam que, neste início de segundo semestre, o Brasil já estivesse debatendo uma agenda mais positiva, de reconstrução da confiança necessária para a retomada dos investimentos, movimento que, mais à frente, resultaria em crescimento econômico. O que se vê, no entanto, é um país sem foco, enredado por uma grave recessão, por uma onda sem precedentes de pessimismo e por uma crise política que ameaça o mandato presidencial.
VÁCUO NA ECONOMIA
Para o economista Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimentos (Acrefi), criou-se um vácuo na economia. “Ainda estamos presos à agenda que começou no fim do primeiro mandato da presidente Dilma, que envolve o ajuste fiscal e o aperto monetário (alta dos juros). Infelizmente, os passos seguintes dessa agenda não foram dados”, diz. O problema se torna maior, acredita ele, porque a primeira fase do projeto de arrumação da casa está pela metade, ameaçada pela fragilidade política do governo, que vem acumulando uma série de derrotas no Congresso.
“Sem a conclusão dos ajustes, a confiança não voltará. E sem confiança, não haverá crescimento econômico”, alerta Tingas. Ele destaca que os efeitos do atraso podem sem medidos na economia real. O desemprego está disparando, a indústria não consegue sair do atoleiro, o comércio vê as vendas despencarem, o crédito secou. Tudo isso junto, mais a inflação, só alimenta a desconfiança que empurra o país para o buraco.
VENDAS EM QUEDA
Esta terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dará o tom do estado da economia. As vendas do varejo de maio devem apresentar queda de 0,3% ante abril e de 3,5% em relação ao mesmo período de 2014, segundo o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Há a expectativa de que, ao longo da semana, o Ministério do Trabalho divulgue os dados relativos ao emprego formal em junho. Estima-se o fechamento de mais de 90 mil vagas — um choque para o Palácio do Planalto.
15 de julho de 2015
Vicente Nunes
Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário