A política brasileira vive momentos de surrealismo puro. Os jornais divulgam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou amigos em comum a procurar Fernando Henrique e propor uma conversa entre os dois sobre a crise política.
Quando surge esse tipo de notícias “plantada”, é preciso haver tradução simultânea. Trata-se de uma conversa fiada. Lula não autoriza ninguém a fazer nada, ele simplesmente manda fazer. No caso, se quisesse falar com FHC, ele apenas mandaria algum diretor do Instituto Lula telefonar para marcar o encontro. FHC, que é o mais vaidoso dos mortais e não tem o que fazer, salvo atrapalhar o PSDB, aceitaria na hora.
Então, o que houve? Ora, Lula mandou plantar esta notícia para apagar o incêndio no PMDB, ateado por Eduardo Cunha, e que vai se alastrando pouco a pouco.
Apanhado de surpresa pelo “factoide” de Lula, o Planalto seguiu na mesma balada, com o inexpressivo e inútil ministro Edinho Silva deitando falação:
“Em todos os países democráticos é natural que ex-presidentes conversem e, muitas vezes, que sejam chamados pelos presidentes em exercício. Essa é uma prática comum nos Estados Unidos, por exemplo”, afirmou o titular da Comunicação Social, para tirar uma onda de intelectual, mas acabou falando bobagem, porque essa prática não existe em nenhum país democrático. É raríssimo acontecer, salvo em Cuba, onde Raúl Castro tem de estar sempre ouvindo o irmão Fidel, e aqui no Brasil, onde toda a vez que a presidente Dilma Rousseff deixa de ouvir Lula faz alguma bobagem.
Lula mandou criar essa notícia falsa, porque sabia que FHC está na Europa, passeando com a nova esposa, e aceita tudo que possa colocá-lo de volta ao noticiário. Os jornais dizem que o objetivo imediato da aproximação seria buscar conciliadores que pudessem frear os líderes oposicionistas que defendem o impeachment de Dilma.
A tradução simultânea indica que o objetivo real é conter o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Lula e o Planalto sabem que ele é o verdadeiro inimigo, porque controla a maioria dos deputados e facilmente poderá conduzir o processo de impeachment, desde que seja apresentado à Mesa da Câmara um pedido bem fundamentado.
Lula e Dilma sonham (?!) que a oposição (PSDB, DEM, Solidariedade e PPS) possa se juntar ao que restou da base aliada, que Cunha demoliu com a maior facilidade. Ainda bem que sonhar ainda não é proibido.
Agosto vem aí e o dia D já está marcado: será dia 16, um domingo. Se as ruas se encherem de opositores de Dilma e do PT, o impeachment passa a ser apenas uma questão de tempo.
Impeachment é um fato político, não é um processo jurídico, que necessite de provas materiais bem comprovadas. Collor foi cassado sem haver uma só prova contra ele, a não ser o fato de ter recebido uma Fiat Elba de presente. O povo não o queria mais, e o Congresso sempre faz o que povo quer, como dizia o ex-presidente da Câmara Ibsen Pinheiro (PMDB-RS). Sábias palavras.
25 de julho de 2015
Carlos Newton
Quando surge esse tipo de notícias “plantada”, é preciso haver tradução simultânea. Trata-se de uma conversa fiada. Lula não autoriza ninguém a fazer nada, ele simplesmente manda fazer. No caso, se quisesse falar com FHC, ele apenas mandaria algum diretor do Instituto Lula telefonar para marcar o encontro. FHC, que é o mais vaidoso dos mortais e não tem o que fazer, salvo atrapalhar o PSDB, aceitaria na hora.
Então, o que houve? Ora, Lula mandou plantar esta notícia para apagar o incêndio no PMDB, ateado por Eduardo Cunha, e que vai se alastrando pouco a pouco.
Apanhado de surpresa pelo “factoide” de Lula, o Planalto seguiu na mesma balada, com o inexpressivo e inútil ministro Edinho Silva deitando falação:
“Em todos os países democráticos é natural que ex-presidentes conversem e, muitas vezes, que sejam chamados pelos presidentes em exercício. Essa é uma prática comum nos Estados Unidos, por exemplo”, afirmou o titular da Comunicação Social, para tirar uma onda de intelectual, mas acabou falando bobagem, porque essa prática não existe em nenhum país democrático. É raríssimo acontecer, salvo em Cuba, onde Raúl Castro tem de estar sempre ouvindo o irmão Fidel, e aqui no Brasil, onde toda a vez que a presidente Dilma Rousseff deixa de ouvir Lula faz alguma bobagem.
Lula mandou criar essa notícia falsa, porque sabia que FHC está na Europa, passeando com a nova esposa, e aceita tudo que possa colocá-lo de volta ao noticiário. Os jornais dizem que o objetivo imediato da aproximação seria buscar conciliadores que pudessem frear os líderes oposicionistas que defendem o impeachment de Dilma.
A tradução simultânea indica que o objetivo real é conter o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Lula e o Planalto sabem que ele é o verdadeiro inimigo, porque controla a maioria dos deputados e facilmente poderá conduzir o processo de impeachment, desde que seja apresentado à Mesa da Câmara um pedido bem fundamentado.
Lula e Dilma sonham (?!) que a oposição (PSDB, DEM, Solidariedade e PPS) possa se juntar ao que restou da base aliada, que Cunha demoliu com a maior facilidade. Ainda bem que sonhar ainda não é proibido.
Agosto vem aí e o dia D já está marcado: será dia 16, um domingo. Se as ruas se encherem de opositores de Dilma e do PT, o impeachment passa a ser apenas uma questão de tempo.
Impeachment é um fato político, não é um processo jurídico, que necessite de provas materiais bem comprovadas. Collor foi cassado sem haver uma só prova contra ele, a não ser o fato de ter recebido uma Fiat Elba de presente. O povo não o queria mais, e o Congresso sempre faz o que povo quer, como dizia o ex-presidente da Câmara Ibsen Pinheiro (PMDB-RS). Sábias palavras.
25 de julho de 2015
Carlos Newton
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