(Estadão) Com os olhos marejados, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), disse em coletiva de imprensa convocada de última hora neste sábado, 30, que o mandato de busca e apreensão cumprido no apartamento da sua esposa Carolina Pimentel, em Brasília (DF), foi expedido com base em uma alegação "absolutamente inverídica". "Carolina está sendo vítima de um erro, de um equívoco, que eu tenho certeza de que será corrigido", declarou.
Operação Acrônimo, da Polícia Federal, investiga a suspeita de um esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. Na ação, foram presos, além do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, colaborador de campanhas do PT, outras quatro pessoas. Agentes da PF também fizeram buscas num apartamento de Carolina, localizado na Asa Sul, em Brasília, com base em suspeita de que a empresa da primeira-dama do Estado de Minas Gerais, Oli Comunicação e Imagens, seja "fantasma". Outros alvos foram dois imóveis, em Belo Horizonte, do ex-deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), aliado de Pimentel.
O governador estava acompanhado na coletiva somente do advogado de Carolina, Pierpaolo Bottini. No início de seu pronunciamento, Pimentel disse que estava ali "não na qualidade de governador, mas como cidadão, pai e esposo". Justificou a ausência de Carolina no Palácio da Liberdade, uma das sedes do governo estadual, onde foi a coletiva, devido ao pedido médico para ficar de repouso, pois está grávida. "É meu dever prestar contas. Só não fizemos isso ontem porque queríamos ter acesso aos autos do inquérito. Carolina está abalada", informou o governador.
Pimentel ainda comentou que tanto ele quanto a primeira-dama não acham que houve má-fé ou atitude deliberada da PF na ação. "Respeitamos a operação e a investigação da PF e do Ministério Público. Mas reafirmo minha absoluta convicção na Justiça brasileira, nas instituições republicanas. Nós estamos sendo vítimas de um erro, e não perco minha fé na democracia e na liberdade de imprensa", falou. Segundo ele, na segunda-feira serão entregues documentos que servirão para excluí-la desse inquérito, "sem prejuízo de que ele prossiga como objeto de que lhe é de direito", ressaltou. "Mas no caso da minha esposa, é um erro clamoroso. Vamos superar isso", completou.
Defesa. Pimentel deixou a coletiva após o pronunciamento sem falar com jornalistas. O advogado de Carolina rebateu as acusações de que a Oli Comunicações e Imagem, empresa de Carolina Pimentel, seria de "fachada" e que estaria no mesmo local cadastrado em nome da PPI Participações Patrimoniais e Imobiliárias, companhia que está sob investigação, cujo dono é o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené.
O advogado informou que a empresa de Carolina foi criada em 2012 para prestação de serviços de comunicação e que ocupou o local até julho do ano passado e, em novembro, foi extinta. "Não existiam duas empresas no mesmo lugar. Só depois disso da saída da empresa Oli que o local foi ocupado por outra empresa. Portanto, os fundamentos da busca e apreensão são equivocados, tanto que quando foi feita a ação, a empresa já não existia mais", destacou o advogado. Entretanto, o deferimento do pedido de extinção da empresa de Carolina foi realizado somente no começo deste ano.
"Temos um termo de encerramento contratual que é um dos documentos que serão entregues à PF e ao Ministério Público e vamos disponibilizá-lo, além de outros, também em um site que está sendo criado", disse Bottini. O advogado ressaltou que a empresa da primeira-dama de Minas Gerais "jamais prestou serviços a empresas públicas e nem a qualquer das empresas mencionadas na investigação e nem a nenhum partido político". Segundo Bottini, a Oli foi uma companhia que prestou serviços a empresas privadas. "Não sei de onde a PF tirou esse tipo de ação, mas certamente a Carolina não era conivente, sequer conhecia esses fatos. E não há nenhum parentesco da Carolina com Bené. Havia sim um convívio social, mas nenhum envolvimento profissional", declarou.
31 de maio de 2015
in coroneLeaks
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