"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 31 de maio de 2015

ACABOU O DINHEIRO, MAS O JUDICIÁRIO QUER AUMENTO






Em uma das muitas crises financeiras no Clube de Regatas do Flamengo, em 2009, o então presidente Marcio Braga convocou a imprensa à sede da Gávea e abriu o jogo: “O que está acontecendo aqui é exatamente o seguinte: Acabou o dinheiro. Não tem mais dinheiro”.
Dilma Rousseff escondeu a crise na campanha, mas tem uma chance de se redimir da propaganda enganosa. Basta reunir os jornalistas no Planalto e repetir as palavras do ex-mandatário rubro-negro. Acabou o dinheiro. Não tem mais dinheiro.
Essa seria a explicação mais honesta para o corte de quase R$ 70 bilhões anunciado nesta sexta. O governo está na pindaíba, vendendo o almoço para pagar o jantar. O país vive uma nova era das vacas magras, como no segundo mandato de FHC.
A volta ao passado inclui o retorno ao noticiário de outra sigla de três letras: o FMI. Na semana do corte, o Fundo enviou sua sorridente diretora ao Brasil para tirar fotos com autoridades, assistir a uma apresentação de capoeira e elogiar o ajuste fiscal.
A tesourada deve agravar a crise na educação, às vésperas de uma nova onda de greves nas universidades federais. Também atingirá o Minha Casa, Minha Vida, vitrine da gestão petista, e o PAC, que poderia acelerar a retomada do crescimento.
O pacote ainda bloqueará R$ 21,4 bilhões de emendas parlamentares, no momento em que Dilma mais precisa de apoio para aprovar o ajuste no Congresso. Pode ser a senha para uma nova ofensiva de quem só pensa em reciclar as palavras do ex-presidente do Flamengo: “Acabou o governo. Não tem mais governo”.
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PS – Palavras do ministro Ricardo Lewandowski no dia do corte: “Como cidadão, compreendo as dificuldades pelas quais passa o país. Como chefe do Judiciário, tenho que cuidar dos servidores que estão com vencimentos atrasados”. Faltou lembrar que eles receberam o último aumento há apenas quatro meses.

31 de maio de 2015
Bernardo Mello Franco
Folha

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