De repórter esportivo e vendedor de cachorro quente na década de 70, o dono da Traffic, J. Hawilla, possui um patrimônio bilionário em São José do Rio Preto (SP), sua cidade natal. Torcedor do América F. C., Hawilla é proprietário da TV Tem – rede de TVs afiliadas da Globo, que cobre 2/3 de todo o Estado de São Paulo – e de empreendimentos imobiliários comerciais, como Georgina Park, avaliado em R$ 500 milhões, e residenciais, como o Quinta do Golfe, cujos investimentos somam R$ 400 milhões.
Como era de se esperar, o noticiário esportivo da TV Tem, omitiu o assunto. Dez por cento da rede pertencem à Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro. A nota do Departamento de Justiça dos Estados Unidos informa que o empresário estaria ligado a um esquema de pagamentos de propinas relacionado ao marketing e transmissão dos jogos da Copa do Brasil, evento organizado pela CBF.
Outra acusação envolve a Traffic com com esquemas de pagamentos e recepção de propina nos negócios de patrocínio entre Nike e Seleção Brasileira. Hawilla admitiu a culpa, assumiu o pagamento de uma multa de US$ 151 milhões, na tentativa de reduzir sua possível pena, que pode chegar a 20 anos de prisão.
REPÓRTER DE RÁDIO
Os pais de Hawilla eram donos de um laticínio em Rio Preto. Ainda na década de 60 começou a trabalhar como repórter de rádio. Em 1967 ele se mudou para São Paulo e entrou na TV Bandeirantes. Em meados da década de 70 vai para a rádio e TV Globo, de onde é despedido em 1979.
Em dificuldades, começa vender cachorros quentes. Em 1980, funda a Traffic, que de empresa que vendia publicidade em pontos de ônibus, passa a vender placas em campos de futebol até se transformar em uma das maiores empresas de futebol do mundo. As atividades da Traffic incluem a administração de direitos de TV, geração de conteúdo de futebol e patrocínio de torneios, além de ser detentora de direitos de passes e imagens de jogadoras e dona de times de futebol no Brasil e no exterior.
Atualmente, detém os direitos comerciais da Copa América e Eliminatórias da Copa do Mundo e teve exclusividade na comercialização de direito internacional de TV da Copa do Mundo da Fifa no Brasil em 2014. O faturamento, segundo estimativas, é superior a US$ 500 milhões/ano.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É difícil convencer alguém que uma empresa como a TV Globo, pertencente aos irmãos Marinho, que estão entre os 40 mais ricos do planeta, possa ter desprezado a licitação pelos direitos de transmissão da Copa do Brasil, que ela mesmo veio a transmitir, com exclusividade. O assunto é apaixonante, vamos voltar a ele. (C.N.)
31 de maio de 2015
Chico Siqueira
Estadão
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