"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 3 de janeiro de 2015

DILMA COMEÇA O QUINTO ANO DE UM DOS GOVERNOS MAIS DESASTROSOS DA HISTÓRIA

 
"Novo governo, rumo novo?", pergunta o Estadão em editorial. Os próximos meses mostrarão até onde Dilma vai. Mas o fato é que necessitará reparar os danos que causou ao país em seus primeiros quatro anos - tarefa dificílima com o gigantesco e pífio ministério que montou. O jornal esqueceu de mencionar o petrolão, que já encosta na rampa do palácio. Esse escândalo pode fazer com que Dilma se torne - como disse o historiador Marco Villa, lembrando Pepino - a Breve:
A primeira e mais importante missão da presidente Dilma Rousseff, em seu segundo mandato, será reparar os danos que causou ao Brasil em seus primeiros quatro anos como chefe de governo - um dos períodos mais desastrosos da história republicana. O desafio mais visível será consertar as finanças públicas, mais esburacadas que as de várias economias europeias, muito mais afetadas pela crise internacional. A agenda total incluirá o controle de uma inflação bem acima da meta de 4,5%, a dinamização de uma economia estagnada e a redução do déficit nas contas externas. Se fizer o necessário, seguirá um roteiro em grande parte proposto pela oposição na campanha eleitoral e execrado por ela mesma - e por seu guru Luiz Inácio Lula da Silva - como conservador, recessivo, antipopular e favorável aos banqueiros. Passada a eleição, Lula a aconselhou a entregar a alguém de boa reputação no mercado financeiro a condução da política econômica.
A presidente reeleita seguiu o conselho, mas falta saber se ela e o próprio Lula têm uma ideia clara da extensão e da seriedade dos males acumulados na longa gestão petista e agravados nos últimos quatro anos. Não se pode afirmar com certeza, por enquanto, se estão mais preocupados com a imagem do governo e com o risco de mais um rebaixamento de sua nota de crédito ou se percebem, de fato, a necessidade urgente de uma virada na política econômica. Essa virada, se ocorrer, só produzirá efeitos duradouros se corresponder ao abandono das políticas testadas e fracassadas na última década.
Nos 12 meses até novembro, o déficit nominal do setor público - incluídos, portanto, os juros da dívida - chegou a R$ 297,4 bilhões, 5,82% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa proporção é superior à observada na maior parte dos países europeus, mas a presidente Dilma Rousseff, em seus pronunciamentos, tem negado esse fato.
Da arrumação dessas contas dependerá o sucesso do governo em todas as outras frentes, a começar pelo combate à inflação. Mas o acerto das contas públicas envolverá o abandono das principais políticas seguidas pelo governo há muitos anos - como as desonerações a setores selecionados, o crédito oficial subsidiado pelo Tesouro e o uso de dinheiro público para remendar os estragos impostos ao setor elétrico pelo voluntarismo da presidente. O reajuste das contas de luz já começou e o consumidor terá de pagar, afinal, pelo custo real da energia.
Os índices de preços ao consumidor serão fortemente afetados pela correção das contas de eletricidade e pela atualização das tarifas de transporte coletivo, congeladas por pressão do governo federal. Esses aumentos serão somados a outros fatores inflacionários, como a provável valorização do dólar. O ajuste das contas públicas e uma política monetária realista poderão reduzir a demanda excessiva, mas o efeito será provavelmente gradual. Tudo somado, a inflação ainda poderá aumentar, antes de começar a convergir para a meta de 4,5%.
A retomada do crescimento dependerá, no entanto, de mais investimentos e de ganhos de produtividade. Sem isso, será impossível conquistar espaços no mercado internacional. Para a indústria, até a reconquista do espaço perdido no mercado interno será muito difícil, se a produtividade continuar baixa. Será preciso cuidar dos custos e da eficiência, num ambiente com menores subsídios, menores favores fiscais e maior dependência do financiamento privado. Mas o futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, aponta precisamente para essa direção e ainda acena com uma política de maior abertura de mercado. A abertura já funcionou como estímulo à busca de competitividade e poderá funcionar de novo, mas o ajuste será inicialmente penoso.
Se escolher esse caminho, a presidente deverá abandonar o populismo e suportar o custo de uma política realista. Terá de resistir às pressões habituais, muito mais do que tem resistido. O velho esquema de barganhas continua prevalecendo, como se vê na formação da maior parte do Ministério. Além disso, terá de enfrentar a insegurança das investigações sobre o escândalo da Petrobrás. Os próximos meses mostrarão até onde ela estará disposta a avançar.
03 de janeiro de 2015
in orlando tambosi

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