Os ucranianos votaram para escolher novo parlamento. Por coincidência, a eleição caiu no mesmo dia de nosso segundo turno, 26 out°. Por lá, o regime é parlamentar, sustentado por uma coalizão de cinco partidos pró-União Europeia.
Diferentemente das agremiações tupiniquins, que se dividem entre os partidos meio corruptos e os partidos totalmente corruptos, a linha demarcatória da política ucraniana é o grau de simpatia (ou repulsa) pelo grande irmão russo.
Os pró-russos se contrapõem aos pró-ocidentais.
O resultado da eleição deu, como esperado, vitória esmagadora aos que sonham com o hipotético dia em que o país será aceito como membro da União Europeia.
A novidade veio agora, com o anúncio do novo ministério. O parlamento decidiu que o primeiro-ministro permaneça no cargo. O mesmo ocorreu com boa parte dos demais ministros. Só alguns foram substituídos. Entre os novatos, no entanto, uma surpresa: três deles são estrangeiros, fato inédito no país e raríssimo em qualquer lugar do mundo.
O primeiro forasteiro é lituano e foi nomeado ministro da Economia(!). Até o presente, o homem era dirigente da filial ucraniana de importante fundo de investimento internacional.
O segundo escolhido vem da Geórgia, país onde já foi ministro da Saúde e do Trabalho. Na Ucrânia, vai assumir a pasta da Saúde, um posto importante.
A última estrangeira é uma americana de origem ucraniana. A moça nasceu e cresceu nos Estados Unidos, onde fez parte de sua carreira no Departamento de Estado – o Itamaraty de lá. Na Ucrânia, fica com o Ministério das Finanças.
O decreto de naturalização dos três está tramitando a toque de caixa.
Pouco habitual, essa escolha escandalizaria muita gente. Não a mim. O essencial, na minha visão, não é a cor do passaporte, mas a capacidade do indivíduo e sua adequação à função. A história guarda lembrança de estrangeiros que acederam a posição de destaque.
Napoleão era um quase estrangeiro. Nasceu e cresceu na Córsega, ilha que tinha sido comprada pela França poucos anos antes de seu nascimento. A vida toda, falou francês com carregado sotaque.
Henry Kissinger, figurão da politica americana da segunda metade do século XX, nasceu alemão e foi para os EUA como imigrante. Arnold Schwarzenegger nasceu austríaco. Até Hitler era alemão naturalizado – tinha nascido austríaco.
Por enquanto, no Brasil, parece algo inimaginável. Mas, pouco a pouco, mentalidades evoluem. Quem sabe, um dia?
21 de dezembro de 2014
José Horta Manzano
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