Leiam abaixo a tradução do bom editorial do jornal “The Washington Post”, também exclusiva aqui em nosso site:
Nos últimos meses, as perspectivas para o regime castrista em Cuba se tornavam incessantemente mais obscuras. As modestas reformas adotadas nos últimos anos para melhorar as péssimas condições econômicas haviam sido interrompidas, devido à negativa do regime em permitir aos cubanos maiores liberdades. Para piorar, o acelerado colapso econômico da Venezuela significava que os enormes subsídios que tinham mantidos os Castros à tona na última década estavam em perigo. Um número crescente de cubanos estavam exigindo direitos humanos básicos, como a liberdade de expressão e de reunião.
Na quarta-feira, os Castro repentinamente obtiveram um amplo auxílio financeiro por parte do governo Obama. O presidente Obama concedeu ao regime toda a lista de desejos que estavam a seu alcance outorgar (a suspensão total do embargo comercial requer ação do Congresso). Serão estabelecidas relações diplomáticas completas, será revista a inclusão de Cuba na lista de patrocinadores do terrorismo e serão retiradas a maioria das restrições de investimentos e viagens americanos a Cuba. Essa liberação proporcionará a Havana uma nova frente de entrada de recursos que necessita desesperadamente e eliminará a influência dos Estados Unidos para o momento de implementar as reformas políticas.
Como parte do trato, Havana pôs em liberdade Alan Gross, um funcionário da Agência para Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos que foi preso injustamente há cinco anos por ajudar fugitivos cubanos. Também foi libertado um agente não identificado da inteligência dos EUA em Cuba, assim como três espiões cubanos que foram condenados por operações na Flórida que resultaram na derrubada por Cuba de um avião que transportava opositores do regime castrista. Enquanto Obama tentou desvincular a libertação de Gross à troca de espiões, não há dúvida que a linha-dura da inteligência cubana obteve exatamente o que buscava quando tornou o Sr.Gross um refém de fato.
Não é de estranhar que Yoani Sanchez, a mais conhecida blogueira dissidente, concluiu nesta quarta que “o castrismo venceu” e previu que por semanas os cubanos terão que suportar declarações de que o governo é o “vencedor de sua última batalha”.
Obama argumentou que sua mudança de política radical se deve ao fato da estratégia de ilhar o regime comunista “ter tido pouco efeito”. De fato, Cuba foi marginalizada nas Américas durante décadas e o regime foi privado dos recursos financeiros que poderia utilizar para estender sua influência prejudicial sobre a região, como feito pela Venezuela.
O embargo não ter sido bem sucedido em destruir o comunismo não explica porque todas as sanções tenham que ser derrubadas sem nenhuma concessão política significativa por parte de Cuba.
Funcionários do governo disseram que o regime aceitou libertar 53 presos políticos e permitirá um maior acesso à Internet. Mas Raúl Castro prometeu há quatro anos libertar todos os presos políticos, logo a Casa Branca comprou o mesmo produto já vendido ao Vaticano e à Espanha.
O governo disse que sua decisão transformará as relações com a América Latina, mas isso é ingenuidade. Os países que exigiram o fim das sanções dos Estados Unidos contra Cuba agora não cobrarão reformas de Havana, ao contrário, pressionarão o governo Obama para que não imponha sanções à Venezuela. Obama diz que normalizar as relações permitirá aos EUA serem mais eficazes na promoção de uma mudança política em Cuba.
Isso é o contrário da experiência dos EUA com regimes comunistas como o Vietnã, em que a normalização durante duas décadas não deu lugar a nenhuma melhoria em matéria de direitos humanos. Por outro lado, nada no histórico de tibieza e inconstante apoio por mudanças democráticas da parte de Obama pode fazer com que a Senhora Sanchez e seus companheiros que lutam pela liberdade confiem nesta promessa.
Um resultado igual ao do Vietnã é o que os Castros esperam: multidões de turistas e investidores que permitirão ao regime manter seu sistema totalitário indefinidamente. Barack Obama pode continuar dizendo que derrubou uma política falida de mais de 50 anos mas o que ele fez realmente foi dar a um regime falido de 50 anos uma nova vida.
Original aqui.
Leiam também a tradução que fizemos do editorial da National
21 de dezembro de 2014
in reaçablog
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