"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

MENSALÃO DA PETROBRAS DERRUBA PRESIDENTE DO PT DA COORDENAÇÃO DA CAMPANHA DE DILMA.

Objetivo é distanciar candidata do partido que comandou o propinoduto


Em meio ao impacto negativo provocado pela delação de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras que acusou políticos petistas e da base aliada de envolvimento em um suposto esquema de desvio de recursos da estatal, a presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu alterar o comando de sua campanha à reeleição. O ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) assume a partir de hoje a coordenação geral da campanha. A função vinha sendo dividida entre o presidente do PT, Rui Falcão, e Giles Azevedo, que foi chefe de gabinete de Dilma.
 
A entrada de Rossetto dilui o poder de Falcão, que integra o campo majoritário do PT, do qual faz parte também o tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, também envolvido por Paulo Roberto Costa no suposto esquema de recebimento de propina da Petrobras. A entrada de Rossetto, além de mudar o comando político e estratégico da campanha, tenta demarcar melhor a distância de Dilma em relação a Vaccari.
 
A mudança não retira totalmente o poder de Falcão, porque, como presidente nacional do PT, ele tem a prerrogativa estatutária de integrar a coordenação de todas as campanhas. Mas seu poder agora será compartilhado com um petista de ala mais à esquerda do partido e mais próximo a Dilma. Rossetto não integra o campo majoritário do PT, ala à qual também pertence o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 
Quanto a Giles, apesar de ser um nome ligado à presidente, ele sempre teve uma atuação mais burocrática e menos política no governo e na campanha. As mudanças ocorrem num momento em que o ex-diretor da Petrobras denuncia o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, Vaccari e parlamentares da base governista de terem recebido propina de contratos da estatal.
 
Rossetto terá “autoridade” e “autonomia”
  
O crescimento de Marina Silva (PSB) e as denúncias envolvendo políticos da base aliada em meio a uma campanha que, há duas semanas, parecia consolidada em favor da reeleição levaram a presidente a destacar um auxiliar de sua extrema confiança e que parece ter mais habilidade para fazer um elo entre governo e campanha. Rossetto assume com “autoridade” e “autonomia” dados por Dilma para tomar decisões estratégicas a partir de agora.
 
A primeira delas será a de também manter a principal adversária, Marina Silva, na defensiva. Integrantes da coordenação da campanha petista dizem que Marina terá que responder pelo envolvimento de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, morto em um acidente aéreo no mês passado, no esquema de recebimento de propina delatado por Costa. — Marina é do PSB. Era candidata a vice de Eduardo Campos. É sua herdeira política na disputa eleitoral. Não há como ela se descolar das denúncias — disse um auxiliar da presidente. 
 
O comitê de Dilma provocará a adversária a defender Campos sempre que forem mencionadas as denúncias de Costa. A estratégia é de contra-ataque, respondendo na linha de que Marina não representa “a nova política” no momento em que pairam dúvidas sobre a conduta política de Campos.

Quanto ao tucano Aécio Neves, a avaliação entre os aliados de Dilma é que ele não terá mais tempo de se recuperar eleitoralmente, e que a polarização com Marina é irreversível. Os dirigentes petistas sabem que os ataques do PSDB serão intensos, mas esperam que eles tenham pouca ressonância. Por isso, a ideia é deixar Aécio em segundo plano, polarizando mesmo com Marina. Além de colar a pessebista em eventuais problemas de Campos, Dilma insistirá nas contradições da ex-ministra.
 
Novo coordenador avalia quadro com Dilma
 
Rossetto passou a tarde de ontem no Palácio da Alvorada com Dilma avaliando o quadro eleitoral e redefinindo os rumos da campanha. Caberá a ele representar Dilma na definição de estratégias para desconstruir Marina. Numa primeira análise, segundo integrantes da campanha, serão mais bem programadas as viagens e os eventos dos quais ela participará. A avaliação é que, como Dilma decide em cima da hora, os eventos acabam parecendo improvisados.
 
No começo da disputa eleitoral, a presidente sinalizou que o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) assumiria função estratégica na campanha. Há algumas semanas, no entanto, Rossetto vinha sendo chamado por Dilma a opinar politicamente. As conversas vieram se acentuando nos últimos dias. Dilma e o ministro se conhecem há pelo menos 20 anos.
 
Rossetto foi “chefe” de Dilma quando era vice-governador do Rio Grande do Sul, e ela, secretária de Minas, Energia e Telecomunicações do estado. Ele foi um dos principais articuladores da saída de Dilma do PDT e de sua filiação ao PT. É um dos raros políticos que consegue ter autonomia e carta branca da presidente para trabalhar. Antes de voltar ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, cargo que já ocupou no governo Lula, foi presidente da Petrobras Biocombustível.
 
— A campanha precisava de alguém com uma espécie de mandato de Dilma para resolver, decidir e analisar o quadro de forma mais estratégica — disse um auxiliar da presidente, sem mencionar as denúncias de Costa. Desde o começo da disputa eleitoral se avolumam reclamações sobre desentendimentos internos e falta de comando na campanha.
(O Globo)

 


Na foto, ao centro, Paulo Roberto Costa sorrindo em mais um inauguração da Petrobras. Além de Lula e Gabrielli, bem atrás, quase escondido, Miguel Rossetto, presidente da Petrobras Biocombustíveis. Ele apareceu na agenda do diretor preso e está sendo investigado pela Polícia Federal.

 Leia aqui.
 
08 de setembro de 2014
in coroneLeaks 

Nenhum comentário:

Postar um comentário