"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

GOVERNO NOVO COM PRESIDENTE VELHA?




Mais infeliz não poderia ter sido a presidente Dilma ao afirmar, na semana que passou, “eleição nova, governo novo, equipe nova”. A intenção parecia de tranqüilizar o empresariado a respeito da substituição de Guido Mantega no ministério da Fazenda, mas o míssil  sobrevoou a Esplanada dos Ministérios, deu algumas voltas e acabou caindo no palácio do Planalto.  Por que não completar com “presidente nova”? É a conclusão lógica do comentário.

Na realidade, o período  Dilma acabou. Menos por sua postura arrogante, agressiva e intolerante, mais porque permaneceu aferrada ao assistencialismo, favorecendo segmentos desfavorecidos da sociedade como se distribuísse esmolas, sem perceber que a maioria  exigia  participação.  Distribuir benesses não altera a relação de subserviência entre as massas e o poder.

O resultado aí está: o povão quer direitos, não favores. Conquistas, não  favores. Acrescente-se o vazio em que foi deixada a classe média, entregue à própria sorte. As elites, sempre de presas e garras afiadas, não se acomodaram  à prática de pedir e receber, imaginando-se em condições de impor. O governo Dilma perdeu os três pilares em que imaginava assentar-se, flutuando sobre eles  sem sustentação.

Eleições novas, nessas condições, só podiam redundar em governo novo e equipes novas, mas como admiti-los com uma presidente velha?  Daí a ocupação do espaço por Marina Silva, que a ninguém será dado imaginar dispor de meios para inverter a equação.
Apenas, ela apareceu como diferente, conquistando por  isso o benefício da dúvida.
Ocupou o espaço sem a certeza de poder preenche-lo, mas favorecida pela evidência de que nada  mudaria com a permanência da Dilma. Muito menos com a meia-sola de Aécio Neves.

Daqui até outubro, no começo e no fim do mês, inusitados poderão acontecer. Mesmo assim, quando os ventos começam a  soprar, a cautela indica que custarão a se interromper. Quanto a saber se trarão mudanças, a ninguém será dado. Integrar as massas, a classe média e as elites num projeto único parece missão impossível.  Coisa que o Lula deu a impressão de realizar mas não conseguiu.

No estertor de seus sonhos, Dilma agora promete para o inviável segundo mandato a convocação de um Conselho de Desenvolvimento ligado diretamente à presidência da República. Fica a pergunta: por que não o reuniu durante o primeiro mandato?

PIOR DO QUE O ATUAL, SÓ O PRÓXIMO

Dizia o saudoso dr.Ulysses que pior do que o atual Congresso, só o   próximo. Assistir os programas de propaganda eleitoral gratuita pode ser um sacrifício ou uma pausa para a constatação de que a comédia supera a tragédia.

08 de setembro de 2014
Carlos Chagas

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