Protesto foi fiasco em muita cidade, mas São Paulo, Rio e Recife bastaram para reviver tensão
MANIFESTAÇÕES DA "superquinta" foram um fiasco em várias cidades grandes. Na maioria, aliás.
Mas os números, a variedade e os tumultos de São Paulo, um tanto menos no Rio e a desolação com medo em Recife bastaram para preencher horas de noticiários em tempo real nos jornais, na internet, na TV e no rádio. Basta para jogar mais fumaça nos ares nebulosos do país.
A fumaça é irritante. A dúvida maior será o objeto do mau humor renovado. Governos, não interessa se federal, estaduais ou municipais? Os próprios manifestantes, que por ora parecem minoritários em termos de números e representatividade (representam muita vez grupos de interesse específicos)? Todo e qualquer partido e candidato a qualquer coisa? Tudo isso?
Pessoas graúdas do governo davam ontem entrevistas em que davam mais indícios de alheamento da realidade. Insistiam que os protestos não eram, na maioria, contra a Copa, como se tais declarações diminuíssem o potencial de estrago que o povo na rua pode causar.
Sim, é verdade, muito protesto não tratava da Copa, assim como não têm sido o caso de muita manifestação desde junho de 2013. Logo, tanto pior para quem está no poder. A Copa é apenas um item no cardápio da ira.
As manifestações começaram em 2013 como protesto contra preço e qualidade de transporte público. Transformaram-se naquela massa indistinta sobre a qual ainda tentamos ter ideias claras e distintas.
Depois, capilarizaram-se em protestos de ordem e tamanho variados, daqueles contra a violência policial à falta de passarelas, da reivindicação de casas a salários maiores etc.
O povo está irritado no varejo e no atacado, de modo difuso e, também, fazendo suas reivindicações "setoriais", "localizadas".
Depois das grandes massas nas ruas de 2013, os protestos parecem agora se tornar crônicos, um tanto como aconteceu na Argentina, ainda em outra escala, menor, é verdade, até porque o Brasil não passou por colapsos econômicos na última década e meia, pelo contrário.
Enfim, ressalte-se, tanto pior para a "situação", para os governos de turno, que o objeto da ira não seja especificamente a Copa.
A Copa com eleição em seguida de fato oferece oportunidades especiais para "causar", fazer barulho, fazer campanha eleitoral sub-reptícia, barganhar salário e mesmo chantagear. A contagem das manifestações variadas desta quinta (15) foi engrossada basicamente por professores (em São Paulo, no Rio, em Belo Horizonte). O clima algo mais sombrio ou menos alegre das imagens das ruas foi reforçado por uma greve de policiais (Pernambuco) e pela desordem recente no transporte público do Rio.
Não importa muito que as manifestações tenham sido engrossadas pelo protesto sindical de servidores ou de sem-teto, "setoriais", pelo menos no que diz respeito ao impacto da imagem e ao efeito adicional na sensação de desconforto.
Esse clima no mínimo não deve contribuir para a melhora da confiança na economia e "nos políticos", para dizer o mínimo.
A repetição do sucesso de imagem dos protestos de ontem, pelas semanas que vêm, tende a derrubar ainda mais o ânimo, exista ou não apoio maciço aos manifestantes.
MANIFESTAÇÕES DA "superquinta" foram um fiasco em várias cidades grandes. Na maioria, aliás.
Mas os números, a variedade e os tumultos de São Paulo, um tanto menos no Rio e a desolação com medo em Recife bastaram para preencher horas de noticiários em tempo real nos jornais, na internet, na TV e no rádio. Basta para jogar mais fumaça nos ares nebulosos do país.
A fumaça é irritante. A dúvida maior será o objeto do mau humor renovado. Governos, não interessa se federal, estaduais ou municipais? Os próprios manifestantes, que por ora parecem minoritários em termos de números e representatividade (representam muita vez grupos de interesse específicos)? Todo e qualquer partido e candidato a qualquer coisa? Tudo isso?
Pessoas graúdas do governo davam ontem entrevistas em que davam mais indícios de alheamento da realidade. Insistiam que os protestos não eram, na maioria, contra a Copa, como se tais declarações diminuíssem o potencial de estrago que o povo na rua pode causar.
Sim, é verdade, muito protesto não tratava da Copa, assim como não têm sido o caso de muita manifestação desde junho de 2013. Logo, tanto pior para quem está no poder. A Copa é apenas um item no cardápio da ira.
As manifestações começaram em 2013 como protesto contra preço e qualidade de transporte público. Transformaram-se naquela massa indistinta sobre a qual ainda tentamos ter ideias claras e distintas.
Depois, capilarizaram-se em protestos de ordem e tamanho variados, daqueles contra a violência policial à falta de passarelas, da reivindicação de casas a salários maiores etc.
O povo está irritado no varejo e no atacado, de modo difuso e, também, fazendo suas reivindicações "setoriais", "localizadas".
Depois das grandes massas nas ruas de 2013, os protestos parecem agora se tornar crônicos, um tanto como aconteceu na Argentina, ainda em outra escala, menor, é verdade, até porque o Brasil não passou por colapsos econômicos na última década e meia, pelo contrário.
Enfim, ressalte-se, tanto pior para a "situação", para os governos de turno, que o objeto da ira não seja especificamente a Copa.
A Copa com eleição em seguida de fato oferece oportunidades especiais para "causar", fazer barulho, fazer campanha eleitoral sub-reptícia, barganhar salário e mesmo chantagear. A contagem das manifestações variadas desta quinta (15) foi engrossada basicamente por professores (em São Paulo, no Rio, em Belo Horizonte). O clima algo mais sombrio ou menos alegre das imagens das ruas foi reforçado por uma greve de policiais (Pernambuco) e pela desordem recente no transporte público do Rio.
Não importa muito que as manifestações tenham sido engrossadas pelo protesto sindical de servidores ou de sem-teto, "setoriais", pelo menos no que diz respeito ao impacto da imagem e ao efeito adicional na sensação de desconforto.
Esse clima no mínimo não deve contribuir para a melhora da confiança na economia e "nos políticos", para dizer o mínimo.
A repetição do sucesso de imagem dos protestos de ontem, pelas semanas que vêm, tende a derrubar ainda mais o ânimo, exista ou não apoio maciço aos manifestantes.
17 de maio de 2014
Vinicius Torres Freire, Folha de SP
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