"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

MATRIMÔNIO À BRASILEIRA

 

Casamento por conveniência não é novidade na política. Tampouco o divórcio. Um e outro sempre se multiplicam nos meses que antecedem eleições. Não raro, veem-se parceiros inimagináveis correndo atrás da bênção do eleitor para juntar gente que se odeia. Nos enlaces estaduais, então, sobram noivas chorosas com o patrono que as força a casar para garantir o arranjo no plano nacional.

Nada será diferente em 2014. No máximo, alguns divórcios antecipados, outros evitados com cargos a mais. Mas a promiscuidade continuará.

Para o PT, o maior problema nem será o Maranhão, onde em 2010 a representação regional foi forçada a apoiar Roseana Sarney e, tudo indica, terá de ir com o PMDB dela de novo. Colégios eleitorais como o de Pernambuco, onde o PSB do governador Eduardo Campos já se separara do PT na eleição para a Prefeitura do Recife, e o do Rio de Janeiro, farão falta. Embora o governador Sérgio Cabral (PMDB) jure fidelidade a Dilma Rousseff, a simples existência do candidato petista Lindbergh Farias já autoriza novos namoros.
Nesta seara ninguém é santo.

Em 2010, alianças regionais fizeram com que o PMDB se juntasse ao PSB e ao PDT e a ninguém do PT, embora o partido ocupasse a vice-presidência da vitoriosa Dilma. Neste ano, o PMDB vai repetir a aliança nacional com o PT e compor com o PSDB de Aécio Neves, possivelmente, no Ceará e na Bahia. E, além do Rio, mantém aberto o cortejo no Piauí e no Paraná.


Há de se dizer que o PMDB é expert no assunto: casa, separa, casa de novo. Às vezes até com litígio, mas sem qualquer constrangimento. Sabe valorizar o cobiçadíssimo dote de seis governadores, 21 senadores, 76 deputados e nada menos do que 1.041 prefeitos. Trabalha com tudo a seu favor: minutos a rodo na propaganda de rádio e TV e quase um quinto do poder municipal do País. Vale ouro.

O PSDB perdeu espaço na Câmara e, portanto, minutos na campanha eletrônica. Mas exibe oito governadores, incluindo os de São Paulo e Minas, maiores colégios eleitorais do País, e 718 prefeituras.

No PSB, a despeito da cansativa lida cotidiana com Marina Silva, Campos puxa parte do Nordeste, onde Dilma reinava absoluta, e namorica com todos no Sul-Sudeste.

O PT, além de dono do Planalto e majoritário no Congresso, cresceu em 2012, passando a ocupar 566 prefeituras, entre elas a de São Paulo, a mais desejada de todas. Só que o prefeito Fernando Haddad patina.

Mas nada é tão poderoso para os sucessos ou fracassos matrimoniais, com um ou múltiplos parceiros, do que a caneta de Dilma, a mesma que iniciou o novo reparte ministerial.
Nesse altar, em que a Casa Civil é mais importante do que a Educação, só a reeleição importa.

02 de fevereiro de 2014
Mary Zaidan é jornalista.

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