"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

BRASIL PRECISA FICAR RICO ANTES DE ENVELHECER

 
 
A propalada crise da meia idade dos BRICS ( Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), tão comentada nos bastidores do Fórum Econômico Mundial 2014, em Davos, na Suíça, mais do que sensibilizar o senso de humor relativo às dificuldades dos emergentes em meio à crise mundial, deve suscitar uma reflexão importante: os Estados Unidos e as nações da Europa Ocidental enriqueceram antes de envelhecer. A frase é uma alusão ao fato de terem aproveitado muito bem o chamado bônus demográfico para atingir elevados patamares de renda e desenvolvimento.

Não fosse esse bônus (fase em que a maioria da população está na faixa economicamente ativa), a demorada crise mundial teria feito muito mais estragos em sua economia. Portanto, foram salvos a tempo, considerando as perspectivas mais recentes de que começam a emergir para um novo fluxo de crescimento, ainda que moderado.

Os BRICS, por sua vez, continuaram crescendo na crise porque souberam adotar medidas anticíclicas e também porque têm um grande potencial de expansão econômica. Somente o processo de inclusão social, como ocorreu no Brasil, que antecedeu ao crash de 2008 e se manteve nos anos seguintes, garantiu alguns pontos percentuais amais na variação anual do PIB. Além disso, nosso país vive exatamente o início de seu bônus demográfico, que deverá perdurar por duas décadas. Esse é um fator importante.

Precisamos aproveitar este raro momento da pirâmide populacional para nos tornar, como já ocorreu com norte-americanos e europeus, uma economia de renda elevada e uma nação desenvolvida. Não podemos, em hipótese alguma, desperdiçar tal oportunidade. Perdê-la significaria envelhecer sem enriquecer, e isso seria absolutamente desastroso. Assim, independentemente das vicissitudes dos demais BRICS, não podemos nos dar ao luxo, nem por brincadeira, de nos perder em questões filosóficas, dilemas existenciais e crises de identidade sobre os rumos de nossa economia. É preciso pôr a mão na massa e trabalhar muito, cumprindo a agenda do desenvolvimento.

E ela exige medidas pontuais, como a retomada do crédito, que anda escasso, depois de um período de ampla disponibilidade. Também é decisivo o estímulo ao investimento estrangeiro direto. O Brasil ainda é o oitavo colocado nesse ranking mundial, o que é louvável. Entretanto, já foi o sétimo, passando a perder posições, acentuadamente a partir do segundo semestre de 2013. Ou seja, o governo deve acenar ao mundo, com transparência, que está firme no propósito da responsabilidade fiscal, controle da inflação e segurança jurídica.

Esses são os fatores que mais têm aguçado o ceticismo dos investidores quanto às perspectivas de nosso país. Nem é mais confortável, pois se torna constrangedor, bater nas teclas, já desgastadas, das reformas estruturais, que teimosamente seguem esquecidas em quase três décadas. Porém, não podemos ignorar a necessidade de um choque de produtividade, inovação e competitividade, sem o qual subaproveitaremos o nosso abençoado bônus demográfico.

Fizemos muita coisa certa neste século 21, principalmente a criação de um expressivo mercado consumidor, por meio da ascensão socioeconômica de aproximadamente 50 milhões de pessoas. Qualquer retrocesso poderá conduzir o país a um destino de envelhecimento sem riquezas, equação letal para o futuro.
 
28 de janeiro de 2014
Antoninho Marmo Trevisan, Brasil Econômico

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