"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

CHEGOU A CONTA DO PACOTAÇO DE ENERGIA

 
Instituto Tancredo Neves
A decisão de reduzir na marra as tarifas de energia mostrou-se um desastre de amplas proporções. Desestruturou todo um setor da nossa infraestrutura que, a despeito de tudo mais, vinha relativamente bem, impôs severos danos ambientais e, para coroar, está se revelando absolutamente inócua para aquilo a que se propôs: diminuir a tarifa cobrada pela energia que o brasileiro consome. Nem demorou e a conta já está chegando.
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Em setembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff foi à televisão para, em cadeia nacional, anunciar que seu governo iria baixar, na marra, as tarifas de energia elétrica. Não demorou muito até que a decisão voluntarista revelasse seus efeitos perversos: arruinou um dos setores mais importantes para o crescimento do país e está se revelando inócua nos objetivos a que originalmente se propôs. Nem demorou e a conta já está chegando.
 
O governo anunciou, há exatos 15 meses, que as tarifas residenciais cairiam 20%. Num primeiro momento, isto até aconteceu. Mas a alegria durou pouco, muito pouco. A escassez de água e, consequentemente, de energia mais barata gerada por rios e o acionamento das térmicas corroeram a diminuição verificada nas tarifas. E os prejuízos das empresas que o governo teve que cobrir oneraram a conta em mais um tanto.
 
A Folha de S.Paulo informa hoje que as contas de luz ficarão mais caras já no ano que vem. Os consumidores passarão a pagar pelos desequilíbrios e o rombo que o pacotaço elétrico de Dilma causou ao caixa das empresas do setor. Quanto, ainda não se sabe, e depende muito de um leilão de energia a ser realizado na semana que vem, com preços bem mais altos em relação aos atuais.
 
A anunciada redução de 20% já virou pó. Caiu, na média, a 14%, segundo a consultoria Thymos, e vai diminuir ainda mais. A partir do ano que vem, as contas de luz irão oscilar ao sabor do maior ou menor uso de energia térmica, mais cara. Se o modelo já estivesse em vigor, teria levado os 20% prometidos pelo governo a 2%. "No início de 2015, o efeito das medidas do governo estará anulado”, diz um consultor ouvido pela Folha.
 
A truculenta intervenção não foi apenas inócua. Também desequilibrou o caixa das empresas de energia. Com o dinheiro curto, o governo foi obrigado a socorrê-las com bilhões do Tesouro. Ou seja, deu para o consumidor com uma mão e tirou do contribuinte com a outra. Diminuiu – apenas temporariamente – a conta de luz, mas aumentou a despesa do governo, paga por todos nós. Este é o PT.
 
O Tesouro já teve que gastar R$ 11 bilhões para reequilibrar as contas das empresas de energia e evitar que elas fossem à lona. Apenas em indenizações de ativos, são mais R$ 20 bilhões, e ainda falta compensar as linhas de transmissão atingidas pelas decisões do pacotaço elétrico de Dilma. O valor só será conhecido em cinco meses, mas já é mais que sabido que a conta vai subir mais.
 
Nada disso é surpresa. O governo sabia perfeitamente que sua decisão era frágil, intempestiva, ato de voluntarismo. Mas sabia mais ainda que a redução de energia tem apelo popular, rende votos. Entre uma coisa e outra, agiu como sempre age: privilegiou o fator eleitoral em detrimento da responsabilidade com o país. Este é o PT.
 
Mas a decisão de Dilma e seus sábios de laboratório não tem apenas implicações econômicas. Tem também sérios impactos ambientais. Com o acionamento praticamente perene das usinas termelétricas do país, em razão dos baixíssimos níveis dos reservatórios, a queima de combustível fóssil cresceu muito e a emissão de gases de efeito-estufa também.
No ano que vem, a tendência não é melhor. As previsões climáticas indicam possibilidade de manutenção da seca no Nordeste e chuvas no Sul-Sudeste insuficientes para recompor o nível dos reservatórios. Tudo somado, além da penúria que a falta de água impõe à vida de milhões de famílias, em especial as nordestinas, a energia ficará cara e o meio ambiente mais sujo. Este é o PT.
 
Uma das vítimas do curto-circuito que o governo instaurou no setor é a maior companhia de eletricidade do país: a Eletrobrás. A estatal investe cada vez menos e viu seu lucro no terceiro trimestre converter-se em prejuízo de igual magnitude – quase R$ 1 bilhão. A geração de caixa da Eletrobrás até setembro despencou 70%, justamente em razão do pacotaço dilmista, como informa O Estado de S.Paulo.
 
Até outubro, os necessários investimentos da estatal em geração e transmissão chegaram a apenas 43% da meta prevista para este ano, desempenho que tende a ser ainda pior que o de 2013, quando a Eletrobrás executou menos de 70% do orçamento. Mantido o ritmo até o fim do ano, quase R$ 5 bilhões deixarão de ser utilizados. Este é o PT.
 
A decisão de reduzir na marra as tarifas de energia mostrou-se um desastre de amplas proporções. Desestruturou todo um setor da nossa infraestrutura que, a despeito de tudo mais, vinha relativamente bem, impôs severos danos ambientais ao país e, para coroar, está se revelando absolutamente inócua para aquilo a que se propôs: diminuir a tarifa cobrada pela energia que o brasileiro consome. A conta nem demorou a chegar.
12 de dezembro de 2013

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