Anos de pesquisa de um remédio contra o câncer foram jogados no lixo por um bando de idiotas criminosos e truculentos, confirma cientista
A Folha desta terça ouve o médico Marcelo Marcos Morales. Ele é um dos secretários da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e coordenador do Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Morales conta aos repórteres Jairo Marques e Rafael Garcia que a invasão e depredação do Instituto Royal e o roubo dos animais comprometeu experimentos avançados no desenvolvimento de uma droga contra o câncer. Dois dos cachorros roubados estão com o deputado tucano Ricardo Tripoli (SP), o que é um escárnio.
Afirma o cientista: “Um trabalho que demorou anos para ser produzido, que tinha resultados promissores para o desenvolvimento do país, foi jogado no lixo. O prejuízo é incalculável para a ciência e para o benefício das pessoas”.
Pois é, doutor. É que o Bruno Gagliasso e a Preta Gil não querem saber disso, o senhor entende? Também o deputado Trípoli é contra. A Tatá Werneck acha uma vergonha. Sem contar uma tal Luísa Mell, cuja existência esse episódio revelou — a mim ao menos. Quando sábios dessa envergadura opinam, resta pouco a dizer.
Ao debater o episódio da censura às biografias, observei aqui que o Brasil tem a mania de considerar que os artistas são pensadores. Vimos do que são capazes iluminados como Caetano Veloso e Chico Buarque quando seus próprios interesses estão em jogo. Então ficamos assim: os cantores cuidam da liberdade de expressão, e as celebridades respondem pelo desenvolvimento científico do país.
Pergunta o doutor: “Deixamos de usar animais e vamos testar vacinas em nossas crianças?”. O ataque ao laboratório é o paroxismo da boçalidade.
Na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Fernando Capez, também tucano, chamou os donos do laboratório de “bandidos” e disse que eles deveriam ser presos. Foi mais longe: disse que o que se viu em São Roque ainda era pouco. Trípoli resolveu adotar dois animais que têm dono.
É evidente que isso força o PSDB a um pronunciamento. Ou bem deixa claro que condena a violência e o ataque obscurantista à ciência, censurando seus dois parlamentares, ou bem se cala, endossando o ato estúpido.
22 de outubro de 2013
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