"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

CRISTÃOS SÍRIOS: O EXTERMÍNIO SE APROXIMA

           
          Notícias Faltantes - Perseguição Anticristã 
N. do T.: Ao leitor que não está avisado, é recomendada a leitura do livro Os EUA e a Nova Ordem Mundial, que é o debate entre Olavo de Carvalho e Alexandre Dugin, para que fique claro que esse alerta é um produto político que atende a interesses maiores, embora a denúncia em si do Patriarca seja válida. Sobre o Patriarca Kirill, v. http://flagelorusso.blogspot.com.br/search/label/patriarca%20de%20Moscou.

Enquanto muitos ficaram atentos à recente carta enviada por Vladimir Putin ao povo americano, outra carta de um líder russo direcionada diretamente ao presidente dos Estados Unidos passou despercebida.
 
No dia 10 de setembro, o Patriarca Kirill da Igreja Ortodoxa Russa redigiu uma carta [1] endereçada à “Sua Excelência Sr. Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos”. Se alguém quiser interpretar esse comunicado como um produto da política ou da sinceridade, ele destaca com precisão a situação dos cristãos da Síria, especialmente em um contexto mais amplo de uma luta civilizacional maior.
 
Replicarei partes da carta abaixo intercalando com observações minhas que farão papel contextualizador:
 
Vossa Excelência, Caro Sr. Presidente
Os trágicos eventos na Síria trouxeram à tona ansiedade e causaram dor na Igreja Ortodoxa Russa. Recebemos informações sobre a situação lá não do noticiário, mas de testemunhos vivos que vieram de figuras religiosas, crentes ordinários e demais compatriotas meus vivendo naquele país.
 
Esse é um ponto importante: as “fontes de notícia” consideradas pela igreja russa são “testemunhos vivos que vieram de figuras religiosas, crentes ordinários e demais compatriotas meus vivendo naquele país”. O fato é que fora da tendenciosa “grande mídia” americana, as evidências acerca de o que está acontecendo – nomeadamente militantes islâmicos cometendo atrocidades, incluindo possivelmente os ataques químicos em questão – são sobrepujantes. Numerosas testemunhas oculares, vídeos, fotos – todas essas coisas que raramente chegam à grande mídia americana – deixam isso bastante claro.
 
Pergunte a um sírio médio acerca do turbilhão que envolve seu país – e eu já fiz isso, assim como também fizeram numerosos representantes ortodoxos russos em comunhão com a antiga comunidade cristã síria, como observou Kirill – e poucos têm qualquer ilusão da natureza desse conflito: um Assad autoritário, embora secular, versus radicais islâmicos e jihadistas.
 
Naturalmente a maior parte dos sírios escolheu Assad.
Apenas na América e em uma pequena parte da Europa Ocidental o mito dos “guerreiros da liberdade” tentando “libertar” a Síria ainda vende.
Patriarca Kirill:

A Síria hoje se tornou a arena de um conflito armado. Empenhado nesse conflito estão mercenários estrangeiros e militantes ligados a centros terroristas internacionais. A guerra se tornou o calvário diário de milhões de civis.
 
Para se certificar disso, um dos mais óbvios indicadores de que não há “guerra civil” em nome da “liberdade” é fato de que a maioria – mais de 95% [2] – dos que estão lutando contra Assad sequer são sírios, mas sim jihadistas ligados à Al-Qaeda – indo da Chechênia às Filipinas – que tentam formar um emirado islâmico na Síria assim como fizeram nos anos 1980 e 90 no Afeganistão. Naquela época, jihadistas estrangeiros como o saudita Osama bin Laden e o egípcio Ayman Zawahiri – de novo, também apoiados pelos EUA – viajaram ao Afeganistão, “liberaram-no” da URSS e como retorno nos deram o 11 de setembro 10 anos depois [3].
 
Tomo como exemplo um vídeo de militantes estrangeiros em uma cidade síria conquistada cantando louvores à Osama bin Laden: “Eles me chamaram de terrorista e eu disse ‘essa será minha honra’, esse chamado divino... Derrotamos a América ... o Trade [Center] se tornou um punhado de escombros ... Saudações do Talebã e do seu líder mullah Omar ... A vitória é nossa e Alá com toda sua força está conosco, as massas infiéis se uniram para nos derrotar, mas elas não nos derrotarão”.
 
Patriarca Kirill:
Estamos profundamente alarmados por saber dos planos do Exército dos Estados Unidos para atacar o território sírio. Indubitavelmente isso trará sofrimentos ainda maiores ao povo sírio, acima de tudo à população civil. Uma intervenção militar externa pode resultar em forças radicais ascendendo ao poder na Síria que não são capazes – tampouco dispõem da vontade – de estabelecer um acordo interconfessional na sociedade síria.
 
Uma intervenção militar americana iria indubitavelmente proporcionar ainda mais abusos, primeira e especialmente da parte dos jihadistas da Al-Qaeda – que de fato estão abertamente prometendo assassinar cristãos após a intervenção americana e derrubar Assad [4]; Obama acaba de vetar uma lei proibitiva que bania organizações terroristas [5] para que ele possa armar e, em última instância, ajudá-las a conseguir o que querem.
 
Patriarca Kirill:
Nossa preocupação especial é com o destino da população cristã da Síria, que nesse caso ficará sob a ameaça de total extermínio ou expulsão. Isso já aconteceu nas regiões do país dominadas pelos militantes. Uma tentativa feita pelos grupos armados da oposição síria para tomar a cidade de Ma’loula cujos residentes são predominantemente cristãos se tornou uma nova confirmação das nossas preocupações. Os militantes bombardearam a cidade onde os monastérios cristãos estão localizados – esses locais são de especial veneração pelos fiéis ao redor do mundo.
 
Tudo isso é absolutamente verdadeiro, especialmente a “ameaça de extermínio ou expulsão”, que é o caso onde quer que e sempre que os islâmicos apoiados pelos EUA chegam ao poder:
 
- Afeganistão: sob proteção americana, o governo Karzai supostamente ‘moderado’ ainda defende a lei da apostasia perseguindo aqueles que procuram se converter ao cristianismo – o que faz deles tão intolerantes quanto os Talebã. Além disso, sob o auspício de Washington, eles destruíram a última igreja cristã da nação. [6]
- Iraque: Após os EUA terem “libertado” a nação das mãos de Saddam Hussein, o “tirano-que-usa-armas-químicas” – isso te lembra algo? – os cristãos ainda temem a extinção [7] e mais da metade deles está saindo das suas terras natais.
- Líbia: Desde que os terroristas protegidos pelos EUA chegaram ao poder – dando aos americanos o ataque ao consulado em Benghazi no aniversário do 11 de setembro – a pequena comunidade cristã tem sido perseguida[8], as igrejas bombardeadas[9] e as freiras ameaçadas[10] – algo sem precedentes quando “tirano” Gaddafi estava no poder.
- Egito: Após chegar ao poder, a Irmandade Muçulmana, que é aliada da administração Obama, impõe códigos de blasfêmia draconianos contra os cristãos [11] e atualmente destruíram inúmeras igrejas e em algumas regiões já forçam os cristãos a pagar a jizya [12].
- Síria: As atrocidades contra cristãos levadas a cabo pelos jihadistas aliados dos EUA não têm limites – como é o caso de um recente estupro coletivo e assassinato de uma garota cristã de 15 anos pelos “guerreiros da liberdade” [13] que recebem suporte dos EUA. E agora em Ma’loula os cristãos estão sendo forçados a escolher entre se converter ao islã ou morrer – ou mesmo sofrer outras atrocidades [14].
 
Patriarca Kirill:
Os hierarcas cristãos de Aleppo, Metropolitanos Paul e John Ibrahim, são mantidos reféns pelos militantes desde o dia 22 de abril. Nada se sabe sobre seus respectivos paradeiros, apesar de personalidades religiosas terem apelado aos líderes de seus estados para que se ajude a libertá-los.
 
Com efeito, eis outro exemplo da natureza das pessoas que o governo americano está apoiando. Paul e John Ibrahim estavam viajando na Síria fazendo “trabalhos humanitários” [15] quando o motorista foi morto e eles foram sequestrados. Será que John McCain poderia telefonar para seus aliados sequestradores da Al-Qaeda [16] e pedir que se solte os dois? De qualquer forma, não há fim para o tanto de cristãos, como o Pe. Murad [17], que foram sequestrados e/ou assassinados pelos jihadistas na Síria.
 
Patriarca Kirill:
Estou profundamente convencido que os países que pertencem à civilização cristã carregam uma responsabilidade especial pelo destino dos cristãos do Oriente Médio.
Aqui o bom patriarca fala uma linguagem que outrora fazia referência aos americanos e europeus – isto é, o povo “dos países que fazem parte da civilização cristã” –, contudo isso é algo cada vez mais inadequado àqueles cujas “preocupações humanitárias” se estendem a qualquer um, menos àqueles cristãos fora de moda e a alguns protestantes americanos que não estão cientes da existência de cristãos fora dos EUA.
 
Como todas as igrejas orientais, a Igreja Ortodoxa Russa tem centenas de anos de experiência com a opressão islâmica e a violência – começando com “Tatar yoke” e seguindo até os dias de hoje – e portanto, não apenas simpatiza com o apelo dos cristãos do Oriente Próximo, muitos dos quais são ortodoxos, mas, como afirmou recentemente Putin em uma recente conferência russa que lidou com o apelo dos cristãos oprimidos pelo islã [18], “a Rússia tem uma tremenda experiência em alcançar e manter a paz e os acordos interconfessionais e está pronta para compartilhar essa experiência”.
 
Patriarca Kirill:
A Igreja Ortodoxa Russa sabe o preço do sofrimento humano e das perdas sofridas pelo nosso povo no século XX após termos sobrevivido a duas guerras mundiais devastadoras que ceifaram milhões de vidas e arruinaram muitas outras. Também tomamos as dores e sofremos pelas perdas que o povo americano sofreu nos ataques terroristas de 2001. (N.T.: Coincidência ou não, o Patriarca não fala do comunismo, eis um dos motivos da necessidade de ler o debate entre Olavo e Dugin.)
Infelizmente, algumas pessoas relembram as lições da história para o próprio bem; outras esquecem, para o próprio lamento.

01 de outubro de 2013
Raymond Ibrahim
Publicado na FrontPage Magazine.
Raymond Ibrahim é o autor do livro Crucified Again: Exposing Islam´s New War on Christians.

Nenhum comentário:

Postar um comentário