"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

É PRECISO ENTENDER QUE PUBLICIDADE COMERCIAL NÃO MUDA IMAGEM DE NENHUM GOVERNO

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Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)
No café da manhã com jornalistas, nesta sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que vai nomear Fábio Wajngarten para chefiar a Secretaria de Comunicação do governo. Na minha opinião, um publicitário tornar-se responsável pelo setor vital da comunicação de um governo não resolve a questão envolvendo a imagem pública do presidente. Só funciona para destacar campanhas de interesse coletivo no campo da saúde, educação e transportes. Mas não alcança o campo político sobre o qual repousa a imagem do governo, ou de qualquer governo.
Um publicitário, que é o caso de Fábio Wajngarten, como é natural de sua profissão, provavelmente irá optar por esse caminho. Isso porque seu pensamento está voltado para aquisição de espaços nos jornais e emissoras de televisão. E não estará focalizando o desafio da questão jornalística.
SEM EFEITO – Pelo seguinte: quando qualquer governo adquire espaço nos jornais, rádio ou emissoras de televisão só pode ocupá-los em casos de interesse da própria administração.
Portanto, não surte efeito pessoal para o governo ou para o presidente. Pois a opinião pública sabe muito bem que ninguém vai adquirir peças publicitárias para ser isento consigo mesmo. Tal percepção volta-se para neutralizar o caráter político das mensagens. Publicidade comercial só funciona no campo de ação de empresas. Sei muito bem – como todos sabem – que a inserção de textos ou imagens pagas proporcionam uma comissão de 20% para os corretores que as agenciam, além do custo dos anúncios, enquanto a comunicação jornalística flui sem pagamento algum.
Vamos citar como exemplo a matéria de Sérgio Dávila, Folha de São Paulo, edição de sábado, que destacou os pontos principais abordados por Bolsonaro no café da manhã de sexta-feira.
EM TODA A MÍDIA – A publicação dessa matéria como divulgação do presidente da República, ganhou destaque não só na Folha, como também em O Globo, no Estadão e em toda a imprensa, incluindo rádio, TV e internet. E o governo não pagou nada por isso.
Agora, para que a divulgação política seja efetiva, é imprescindível a exibição de fatos concretos, de interesse coletivo.
A diferença entre os setores jornalísticos e a publicidade comercial é a mesma que separa o teorema do axioma.  

08 de abril de 2019
Pedro do Coutto

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