"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

CINQUENTA ANOS DEPOIS DO ATO , ZUENIR VENTURA ILUMINA AS TREVAS DO PASSADO

Resultado de imagem para 1968 o ano que não terminou
Autor do livro “1968 – O Ano Que Não Acabou”, em entrevista à repórter Laura Mattos, edição de ontem da Folha de São Paulo, o jornalista Zuenir Ventura relembra no presente o profundo golpe que atingiu a sociedade brasileira na noite trágica de 13 de dezembro. Importante a trajetória histórica de um registro para que fique impresso na memória das gerações de hoje e das gerações que virão no amanhã.
Foi quando a democracia brasileira tombou por completo, a começar pelo escanteio a que foi conduzido o vice-presidente Pedro Aleixo. Por incrível que pareça o deputado udenista Pedro Aleixo era o vice presidente de Costa e Silva. Neste ponto não restava mais dúvida da longa noite de horrores que tornou difícil de respirar tão graves eram os temores que desciam na vida do país. O presidente Costa e Silva, na noite de 13 de dezembro, recebia poderes totais, explodindo o regime democrático.
PRISIONEIRO – Recebeu poderes totais, porém não os exercia por si só, tornara-se prisioneiro do poder militar. Zuenir Ventura, para mim, com seu livro, tornou-se ao mesmo tempo uma das principais testemunhas da história moderna do Brasil. Seu registro sobre 1968 será incorporado à memória nacional e já é objeto, tenho certeza, de pesquisas que estão sendo feitas pelas gerações do futuro.
O comando militar passou a ser exercido em toda sua plenitude e recebeu estranhas adesões por parte de setores que representavam longínqua minoria em face da realidade nacional que fica escrita na história com tintas de sangue e de alucinação.
QUEDA DE JANGO – Houve contradições entre aqueles que apoiaram e até lideraram o Ato nº 1, que marcou a deposição do presidente João Goulart e iniciou um processo em que as liberdades democráticas foram sendo substituídas por restrições do poder militar.
Uma das contradições refere-se ao ex-governador Carlos Lacerda, o principal líder civil do movimento de 1964 e que naquela noite de dezembro foi preso pelo movimento que ele próprio liderou. Ficou claro que o poder militar, que derrubara Jango para livrar o país de um desfecho subversivo, passou a assumir então uma estrada que afastava os civis do comando da Nação.
NA PRISÃO – Testemunha do arbítrio, Zuenir esteve preso durante três meses. Mas deixa para sempre sua visão e sua interpretação dos fatos que marcaram a história moderna do Brasil.
Jornalista, escritor e tradutor da realidade, ele cumpre seu compromisso histórico para consigo mesmo e principalmente para os que vierem depois de nós.

17 de dezembro de 2018
Pedro do Coutto

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