A campanha de Jair Bolsonaro (PSL) enxerga como um desafio para o segundo turno controlar seu candidato a vice, general Hamilton Mourão (PRTB). A estratégia é isolá-lo e vendê-lo como alguém folclórico, uma vez que ele é considerado fora de controle e que de nada adiantaram os pedidos para que parasse com as declarações polêmicas. O problema é como fazer isso sem passar a impressão de que, se eleito, Bolsonaro já chega tendo problemas com o vice, munição certa para o seu adversário, Fernando Haddad (PT).
Militares entrarão em campo para ajudar na tarefa, porque no primeiro turno Mourão já disse que o 13º salário é uma jabuticaba, que o neto é bonito por representar o “branqueamento da raça” e que o “Brasil herdou indolência dos indígenas e malandragem dos africanos”.
ACABOU A PACIÊNCIA – Em conversas com seu círculo mais íntimo, Bolsonaro demonstra que perdeu a paciência com o vice, a quem já chama na intimidade de “imbecil”, segundo dois interlocutores, e diz não entender a razão de o general insistir em polemizar.
A equipe médica do Hospital Albert Einstein que atende Bolsonaro não vê empecilhos para que ele participe de debates na TV no 2º turno. Ele será reavaliado esta semana e deve receber alta do home care.
No 2.º turno, Bolsonaro vai mudar o discurso e dizer que só ele poderá reconciliar o País. Os ataques mais pesados ficarão por conta da sua militância nas redes sociais.
CAMPANHA DO MEDO – O PT vai se valer de estratégia já conhecida do partido para tentar derrotar Jair Bolsonaro no segundo turno. Com foco no eleitor das classes C, D e E, vai insistir que Bolsonaro vai tirar direitos do trabalhador e acabar com programas sociais.
Agora é guerra. Além das declarações do vice de Bolsonaro, outro ponto a ser explorado será o voto contrário do presidenciável do PSL à lei que regulamentou a profissão de empregada doméstica.
Dentro do PT, ainda há críticas à dificuldade de Haddad para se comunicar com o eleitor, o que ele precisará mudar. O partido pedirá reforço das centrais sindicais e movimentos sociais para disseminar a versão de que Bolsonaro está contra o trabalhador.
ALVARO DIAS – Apesar dos esforços da campanha de Bolsonaro, ele não deve receber o apoio de Alvaro Dias (Podemos). A interlocutores, o senador disse que vai desaparecer e para um deles explicou: “Os que querem assassinar esse País que o façam”.
Decretada a derrota de Geraldo Alckmin, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) lembrou a aliados que tentou fazer uma autocrítica quando assumiu a presidência do PSDB, mas que foi arrancado do cargo após críticas por ter reconhecido erros do partido.
João Doria (PSDB), que disputa com Márcio França (PSB) o segundo turno ao governo de SP, disse à interlocutores que, se eleito, vai convidar Geraldo Alckmin para compor seu governo.
09 de outubro de 2018
Deu na Coluna do Estadão
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