Depois de ficar em terceiro lugar na disputa presidencial, o candidato do PDT, Ciro Gomes, decidiu, ao lado do presidente da sigla, Carlos Lupi, defender que a posição do partido seja de declarar um “apoio crítico” ou “sem empenho” à candidatura do petista Fernando Haddad no segundo turno. O assunto foi objeto de uma conversa nesta segunda-feira, mas ainda será discutido em uma reunião da executiva do PDT com a participação dos parlamentares eleitos numa reunião em Brasília na próxima quarta-feira.
O apoio a Jair Bolsonaro (PSL) não será aceito dentro da legenda, podendo resultar em expulsão, mas quem ficar neutro não será punido.
ELEIÇÃO DE 2022 – O que Lupi e o próprio Ciro defendem é que a sigla não participe da campanha e nem aceite qualquer cargo no governo do PT, caso Haddad vença as eleições. Lupi defende inclusive que o PDT parta para a oposição em qualquer cenário a partir de janeiro de 2019 para que Ciro se posicione como uma alternativa para o Brasil nas eleições de 2022.
— Vamos discutir que tipo de apoio vamos dar a Haddad, um apoio crítico, sem participar do governo. Vamos cobrar alguns compromissos públicos do PT contra o aparelhamento do Estado. E no dia seguinte ao dia em que novo presidente for eleito, Ciro vai para a oposição e vai começar a campanha dele para 2022 — disse Lupi ao Globo.
UNIR O PDT – O presidente do partido admite que sua maior dificuldade será unificar os quadros da legenda em torno de uma posição pró-Haddad. Ele esclarece que defenderá uma adesão “sem empenho” ao petista. E diz que não obrigará ninguém a fazer campanha. Mas que não admitirá que nenhum membro do partido apoie a Bolsonaro.
— Minha grande dificuldade vai ser unificar a bancada. Mas eu confio no meu taco. Não vou exigir que ninguém abra o peito e entre no mar para defender o PT, mas não vou tolerar apoio a Bolsonaro. Boto para fora mesmo. Vou levar para a reunião minha posição, de que devemos dar um apoio sem empenho ao Haddad — afirmou Lupi.
FÃ DE LULA – O dirigente conta que recebeu no domingo uma ligação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, mas não atendeu porque estava com Ciro, jantando após a divulgação do resultado. Lupi é fã declarado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem considera “um gênio”. Ele também simpatiza com Haddad, que seria, na sua avaliação, o único quadro do PT que não tem a “cara do PT tradicional”.
Sem abrir mão de seu jeito bonachão e bem-humorado, na entrevista ao GLOBO, realizada no lobby de seu hotel na manhã seguinte à apuração do resultado que botou Haddad e Bolsonaro no segundo turno, Lupi esboçava preocupação e dizia que era preciso entender o recado das urnas. “O PT vai ter que passar por uma catarse. Essa política do varejo, do toma lá dá cá esgotou-se” — pontuou.
09 de outubro de 2018
Catarina AlencastroO Globo
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