Na primeira página e ao longo das cinco seguintes, o francês Libération desta antevéspera da votação ataca Jair Bolsonaro. No editorial “Ameaça”, diz que ele não pode ser comparado sequer a Trump, que “ainda respeita as instituições”, e que enfrentá-lo é tarefa de “todos os democratas”. Sob o título “Democracia em perigo”, editorial do britânico Guardian foi pela mesma linha, resssaltando no enunciado logo abaixo que “o extremista de direita Bolsonaro está em alta” e pode até vencer no primeiro turno, porém: “Ele não é Trump —ele é pior”.
Encerra dizendo que “até o melhor cenário —uma derrota clara de Bolsonaro, aceita por seus apoiadores— dificilmente seria motivo para celebrar. As forças que permitiram a sua ascensão não vão desaparecer”.
EXTREMISMO – Os textos vêm no rastro de editorial semelhante no espanhol El País, falando em “democracia em risco” devido ao “extremismo de Bolsonaro”.
E a revista britânica The Economist voltou à carga, dias depois da capa contra Bolsonaro, com o vídeo acima em que afirma que, se ele for eleito, “a sobrevivência da democracia no maior país da América Latina estaria em risco”.
Em novo texto, The Economist alertou que, “em guerra consigo mesmo, o Brasil está se preparando para um tipo único de crise financeira”. Diferentemente de Argentina, Turquia e outros, o país tem reservas cambiais o bastante e inflação baixa, mas “a dívida pública saltou de 60% para 84% do PIB em apenas quatro anos”. O ponto de fervura, acrescenta, será em agosto do ano que vem, quando o orçamento de 2020 deve exigir um “grande aperto”.
TIME DIZ NÃO – Na nova edição da americana Time, Ian Bremmer, da consultoria Eurasia, escreve que a “Democracia do Brasil pode sobreviver à ascensão de demagogo linha-dura”. Diz que o país não está prestes a “retornar ao passado autoritário” porque há “brasileiros o bastante” para forçar um segundo turno. “E mesmo se Bolsonaro ganhar, o Brasil não é uma república das bananas” e, acredita ele, tem “instituições fortes”.
A Bloomberg noticiou que uma nova rede social, baseada na Flórida e voltada à extrema direita, “atrai apoiadores de Bolsonaro”. A Gab se apresenta como uma alternativa ao Twitter e, segundo estudo da Alto Data Analytics, está entre os cinco sites mais citados pelos apoiadores de Bolsonaro no próprio Twitter. Um dos filhos do candidato já tem perfil na plataforma.
NA INTERNET – Numa campanha em que a TV passou a segundo plano, sites como Zapbolsonaro e vídeos de Dilmazap no Facebook (acima) ensinam como entrar nos muitos grupos que disseminam as mensagens eleitorais pelo WhatsApp, a plataforma de maior alcance no país.
No primeiro caso, o interessado pode entrar em meia centena deles, inclusive um de “Gays com Bolsonaro” e outro de “Mulheres com Bolsonaro”. No segundo, a própria ex-presidente Dilma Rousseff ensina como se inscrever, “é muito fácil”, e promete “áudio de bom dia”, todos os dias.
Para os dez minutos diários que terá na TV, na eventual campanha para o segundo turno, Bolsonaro já contratou produtora. Como noticiou o site Antagonista, será a Studio Eletrônico, conhecida por comerciais de grandes empresas com atores de novela como Cauã Reymond. Ela “trabalhará em parceria com a AM4, responsável pela estratégia digital”. Os primeiros roteiros, segundo O Globo, devem construir uma “imagem de herói” e logo partir para “ataques ao PT”.
06 de outubro de 2018
Nelson de Sá
Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário