Desde que assumiu interinamente a Presidência, em maio de 2016, a maior preocupação de Temer foi escapar da Justiça e permanecer no Planalto. Deixou o governo a cargo de Henrique Meirelles, que conduziu a equipe econômica, e da dupla Eliseu Padilha e Moreira Franco, que se encarregou da administração. O próprio Temer praticamente jamais tomou a frente de nada. Só atuou ativamente quando teve de rejeitar na Câmara os pedidos de abertura de processos contra ele, que significariam seu afastamento do poder por 180 dias. E seguiu assim na flauta, delegando o máximo de poderes, porque ninguém é de ferro, como diria o poeta Ascenso Ferreira.
Esta nova greve dos caminhoneiros e transportadores já está no final, mas deixará graves sequelas, com pesados prejuízos à economia e à arrecadação de impostos. E o pior é que vem aí, a partir desta quarta-feira, dia 30, a paralisação dos petroleiros, que pode causar nova crise de desabastecimento, uma em cima da outra, e tudo por causa da política suicida de aumentos diários de preços, adotada pelo genial/bestial Pedro Parente.
GOVERNO IMÓVEL – A greve dos petroleiros é perversa e antissocial, porque seu início vai coincidir com o encerramento do movimento dos caminhoneiros e transportadores. Se for bem sucedida, vai levar o país à lona, porque as pessoas não estão conseguindo chegar ao trabalho, a produção vai parando, os prejuízos se acumulam rapidamente.
Como jamais sabe o que fazer, o ainda presidente Michel Temer terá de recorrer mais uma vez aos militares, que ainda nem resolveram as missões anteriores, porque a criminalidade continua dominando os guetos do Rio de Janeiro e os caminhoneiros demonstraram claramente que não têm medo dos militares, até porque esperavam ser apoiados por eles. Mas as Forças Armadas não podem se solidarizar com os grevistas, porque se trata de uma questão muito problemática, de segurança nacional.
DAS DUAS, UMA – Ao recorrer aos militares e demonstrar fraqueza absoluta, o governo Temer pode estar ajudando muito a eleição de Bolsonaro, cuja vitória no segundo turno até agora é considerada dificílima. Como assinalou na Folha o analista Jânio de Freitas, com a crise causada pelos caminhoneiros e a inoperância do governo civil, certamente muito eleitores concluirão que pode ser melhor entregar o poder aos militares, através da candidatura de Bolsonaro.
Esta é uma das hipóteses. A outra é a possibilidade de as novas intervenções militares não serem bem sucedidas, como está acontecendo na greve dos transportes e na questão da segurança pública no Rio de Janeiro, o que ajudaria a desmoralizar o prestígio das Forças Armadas.
Quanto ao causador disso tudo, o engenheiro Pedro Parente, é impressionante que tenha considerado normal a política de remarcar diariamente o preço dos combustíveis, em época de inflação baixa. Sua irresponsabilidade, portanto, chegou a ser incrível, Porém, mais inacreditável ainda é que não tenha sido demitido.
28 de maio de 2018
Carlos Newton
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