Reportagem de Gilberto Amêndola, edição de ontem de O Estado de São Paulo, destaca como temas mais importantes para a campanha eleitoral deste ano a renovação partidária e o combate à corrupção. Isso no quadro federal do país que vai às urnas para renovar 513 cadeiras na Câmara dos Deputados e 54 cadeiras de senador. Pesquisas tanto do Datafolha quanto do Ibope apontam essas duas direções como essenciais para o destino dos votos que serão assinalados nas urnas, primeiro a 7 de outubro, depois no segundo turno do dia 28. O panorama está sendo traçado pelo desejo de renovar os quadros partidários.
Gilberto Amêndola acentua que o movimento renovatório já se espalha por 27 legendas, das quais serão escolhidos os novos deputados federais e senadores.
DESEJO PRIORITÁRIO – A simples existência de 27 correntes já demonstra o desejo prioritário que está motivando os eleitores e eleitoras de 2018. Vale frisar que o país tem 147 milhões de habilitados a votar, dos quais cerca de 4 milhões vão as urnas pela primeira vez. Isto porque o último pleito, municipal, foi realizado em 2016.
Relativamente quanto à Câmara Federal, o índice médio de renovação projeta-se em torno de 35 a 40%. Assim, optando-se pelo percentual de 35, verificamos que dos 513 deputados, cerca de 160 não voltarão para a próxima legislatura.
Mas é possível que, com base no clima de hoje, o impulso à renovação pode atingir metade da Câmara Federal e 1/3 das cadeiras de senador.
54 SENADORES – No caso do Senado, meu cálculo de 1/3 decorre do fato de estarem em jogo 54 cadeiras, o que pode representar uma renovação de 27, mantido o mesmo impulso atual para a escolha dos deputados federais.
O movimento de renovação, segundo Amêndola, está funcionando com mais intensidade na Rede, legenda de Marina Silva. Tem lógica. Porque como a mais recente pesquisa do Datafolha revelou, Marina Silva divide o primeiro plano com Jair Bolsonaro, num cenário sem a presença de Lula. No segundo turno ela derrotaria o candidato do PSL, que na verdade representa a corrente de extrema-direita. Marina Silva interpreta o sentimento da centro-esquerda.
MOMENTO ATUAL – Mas esse quadro refere-se ao momento atual do Brasil e os embates políticos vão se suceder e definir mais nitidamente as tendências ao longo da campanha eleitoral. A campanha eleitoral, inclusive os debates, é a síntese do desempenho dos candidatos. Não é apenas o tempo disponível na televisão.
Veja-se o exemplo de 89, em que possuindo maior tempo de exposição na TV, o deputado UlYsses Guimarães ficou muitos pontos atrás no primeiro turno, de Fernando Collor, Lula e Leonel Brizola. Color atingiu 29%, Lula 16% e Brizola 15%. Mais tarde o tempo revelaria que por causa desse ponto Brizola desapareceu do cenário político brasileiro. Tempo de televisão e rádio é fundamental, mas depende de como ele é ocupado pelos candidatos buscando motivar os eleitores.
DESEMPENHO – Na eleição de outubro de 18, antes de mais nada, temos de esperar o desempenho dos postulantes para se chegar a uma análise mais nítida das possibilidades de cada um. Entretanto, há sintomas que assinalam aqueles que não estão no páreo, uma vez que registram percentuais mínimos de aceitação.
Aceitação é a palavra-chave do confronto nas urnas. Alianças partidárias são importantes, porém se evaporam no cheiro da pólvora dos combates políticos. Neste ano, o eleitorado irá escolher por si próprio, mais do que por influência das legendas. AS legendas estão desgastadas. Mas a esperança, não, e será ela que vai conduzir o voto nas urnas de outubro.
30 de abril de 2018
Pedro do Coutto
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