Pelo menos três influenciadores digitais relataram, em suas redes sociais, que receberam ofertas do governo federal para fazer postagens em defesa da reforma da Previdência. Flavia Gamonar (professora da Universidade Estadual Paulista, com 674 mil seguidores no LinkedIn), Murillo Leal (jornalista e palestrante, com quase 256 mil seguidores) e Matheus de Souza (blogueiro, com 85 mil seguidores) dizem que recusaram a proposta.
“Hoje fui abordada por uma grande instituição para escrever sobre um assunto polêmico e que grande parte da população é contra. Mais do que isso, uma verdadeira caixinha de surpresas. Inicialmente até me interessei, por entender que eu poderia dizer o que desejasse, mas não era isso. Era pra falar bem”, escreveu Flavia Gamonar num post, no LinkedIn.
ÉTICA – A professora explica por que decidiu não aceitar a oferta: “Receber uma proposta dessa e poder cobrar o que você quiser pode mexer com a cabeça de muita gente. Mas por uma questão ética e de valores pessoais decidi não aceitar. Sei de minha responsabilidade como comunicadora e respeito muito minha comunidade”
O jornalista Murillo Leal conta que recebeu um telefonema de alguém que dizia representar “a parte publicitária do governo”: “Era um ‘convite’ do Governo Federal. Sendo influenciador aqui, queriam que eu escrevesse (positivamente) sobre a reforma da Previdência. Não acreditei. Chequei e era real. Estão investindo em publicidade. Obviamente, este dinheiro alto seria bem vindo na minha conta. Claro, não aceitei”.
DESCRÉDITO – Já o blogueiro Matheus de Souza relatou, no LinkedIn, que acordou com um “convite do governo federal para falar bem da reforma da Previdência”, mas não aceitou: “Em 2017 participei de algumas ações no LinkedIn. Todas elas realizadas com empresas que conheço e confio. Nesse caso, não confio na empresa (Governo), nem no produto (Reforma da Previdência)”.
Em nota, o governo diz que não autorizou a contratação de influenciadores: “É uma prática comum do mercado de comunicação utilizar-se de porta-vozes para transmitir mensagens à sociedade.Também é pratica usual de empresas que oferecem esse tipo de serviço, atuarem proativamente e apresentarem propostas comerciais a marcas e governos. Para isso, consultam antecipadamente, os possíveis contratados, para saber de sua disponibilidade em participar ou não com tais depoimentos. O Governo não solicitou os contatos aos usuários do Linkedin e a proposta apresentada não foi autorizada”.
13 de fevereiro de 2018
Deu no O Globo
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