"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 11 de novembro de 2017

ALMIRANTE CONDENADO NA LAVA INFORMAÇÃO FALSA SOBRE BOMBA NUCLEAR

Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 01/11/2017; Retrato do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, "pai" do programa nuclear brasileiro, ex-presidente da Eletronuclear, preso e condenado a 43 anos de prisão na Lava Jato, agora solto também por conta de enfrentar um câncer. ( Foto: Ricardo Borges/Folhapress)
‘Herói nacional’, almirante corrompeu a própria filha
A maior contribuição da Lava Jato à segurança nacional é a limpeza recém-iniciada no programa nuclear. Das usinas em Angra ao submarino nuclear, o Brasil assiste a um processo incipiente, mas necessário, de ajuste de contas em sua tecnologia mais sensível. Há gente na Marinha que quer fazer a limpeza, trocando pessoas, arrumando orçamentos, ajustando prazos e começando um relacionamento com o Ministério Público. Além disso, o governo acaba de dar início ao difícil processo de atualização do velho marco regulatório da energia nuclear, que não faz jus ao atual tamanho do setor.
Ocorre que a limpeza, assim como as investigações da Lava Jato que a ela deram origem, tem numerosos inimigos. O mais notório deles é o almirante reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva, codinome “Mergulhador” nas planilhas da Odebrecht.
EM LIBERDADE – Condenado pelo juiz Marcelo Bretas a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, embaraço à investigação, evasão de divisas e organização criminosa, “Mergulhador” teria recebido pagamentos ilícitos de Andrade Gutierrez, Engevix e Odebrecht.
Há um mês, Othon ganhou o direito a recorrer da sentença em liberdade. Em entrevistas à imprensa, ele vem tentando ganhar adesões para um eventual pedido de indulto, ideia apresentada ao público pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ).
O argumento a favor do indulto é que Othon pode ter cometido crimes contra o erário, mas contribuiu para o desenvolvimento nacional. Para reforçar a imagem de patriota injustiçado, Othon denuncia um suposto conluio internacional para leva-lo à prisão, sem apontar acusados ou evidências.
Bomba atômica – Nesta semana, ele foi além: em depoimento à Folha, afirmou que o Brasil poderia fazer uma bomba atômica em quatro meses. O dado, contudo, é falso. O Brasil não possui estoque de material físsil para uma bomba, não enriquece ou reprocessa urânio nesse nível ou para esse fim e fez uma opção pelo não desenvolvimento de tecnologias de explosão nuclear.
Inverídica, a frase sobre a bomba golpeia a credibilidade acumulada pela Marinha e pela diplomacia durante 30 anos de vida democrática. Fosse verdade a assertiva, a Marinha estaria trapaceando a Comissão Nacional de Energia Nuclear, o TCU, o Congresso, o Ministério da Defesa e a Agência Internacional de Energia Atômica. Felizmente, as palavras não passam de uma patacoada.
Disseminar informação inverídica para salvar a própria pele é desleal com uma sociedade que aprendeu a desenvolver tecnologia nuclear de ponta na mais estrita observância da Constituição e de suas obrigações internacionais. A Lava Jato nuclear acaba de começar, e ainda é cedo para saber qual lado vai ganhar.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O lobby armado para “inocentar” o vice-almirante Othon é impressionante. Chega a ser saudado como “herói nacional”, e a mídia está embarcando nessa canoa furada, esquecida de que o militar se tornou um corrupto vulgar, que envolveu a própria filha, que é ré no inquérito junto com ele. Os dois enriqueceram ilicitamente, esta é a verdade. Quanto à bomba atômica em quatro meses, é apenas mais uma Piada do Ano. (C.N.)


11 de novembro de 2017
Matias Spektor
Folha

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