"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 18 de dezembro de 2016

QUEM QUEBROU O BRASIL, SEGUNDO HÉLIO DUQUE



Fim de ano, tempo de sabedorias. Comecemos então de longe. Platão, supersábio, na “Apologia de Sócrates”: – “O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo a lei”. (Como o irrepreensível juiz Sergio Moro). E Dante, superpoeta: 

– “Per me si va nella cittá dolente, / Per me si va all’eterno dolore, / per me si va tra la perduta gente. / Lasciate ogni speranza voi ch’entrate.”

Séculos mais jovem, o ex-deputado e professor paranaense Helio Duque adverte que o pais está entre uma agenda política e uma agenda econômica:

“Pela gravidade da crise econômica e financeira em que o populismo mergulhou o País, é na agenda econômica que os políticos brasileiros deveriam priorizar com responsabilidade e urgência. 
É preciso dizer, com todas as letras, que os Estados e a União estão quebrados. 
O que os distingue é que o governo federal, ao contrário dos estaduais, pode emitir títulos para saldar os seus compromissos financeiros. 
A década de irresponsabilidade fiscal, com o gasto público atingindo 45% do PIB, para uma arrecadação tributária de 36%, gerou a quebradeira geral. 
A recessão econômica era questão de tempo. Quando os governos Lula e Dilma, com consequências perversas aumentaram irresponsavelmente os gastos públicos, a maioria dos brasileiros contemplava e apoiava a farra fiscal.

Aqueles governos detonaram os fundamentos da economia construídos penosamente a partir do Plano Real. 
A relativa robustez que ele gerou, externamente ganhando o grau de investimento, significando bom pagador e internamente com a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, foi abandonada. 
Em seu lugar colocaram uma política econômica fundamentada em abrir o cofre e gastar em um expansionismo fiscal enlouquecedor.

Eliminado o superávit primário, o déficit nas contas públicas determinou o descontrole da dívida pública que cresceu entre 2008 a 2015 em R$ 2,2 trilhões, certamente para alegria do sistema financeiro nacional remunerado regiamente com taxa de juros que atingiu 14,25% ao ano.

O atual governo foi feliz ao compor uma equipe econômica de gente competente, mas não tem na área política o seu correspondente. A sua atual base parlamentar, na maioria, participou da farra populista que levou o Brasil à tragédia. Se na oposição os seus porta-vozes, grandes responsáveis pela tragédia econômica, eximem-se da responsabilidade, os apoiadores do governo, em grande número, demonstram serem adeptos do “é dando que se recebe”. A Proposta de Emenda Constitucional que limita o crescimento do gasto público à inflação passada, exigiu negociações pesadas.

A aprovação da PEC dos gastos foi um avanço. A equipe econômica terá condições de reverter, em médio prazo, o caos econômico. Nesse cenário desesperador é fundamental, nas manifestações de rua que se multiplicam pelo País, cobrar dos administradores públicos e dos políticos o espírito público. A recuperação dos valores perdidos em tempo recente é fundamental Antes de melhorar o cenário econômico e social ainda haverá relativa piora. A sua superação passa pelas reformas inadiáveis que precisam ser feitas e nelas a maior responsabilidade é da classe política.”


18 de dezembro de 2016
Sebastião Nery

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