"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A REINVENÇÃO DO BRASIL

Por que, de repente, tudo que andava mal parece ir ainda pior? Por quê?

Nos tempos ingênuos do primeiro reinado, o virtuoso conselheiro Chalaça via nas pulgas e pernilongos os males do Brasil. Muita saúva, pouca saúde, os males do Brasil são, cantaria mais tarde, no carnaval de 1986, o enredo da São Clemente, inspirado no Macunaíma, romance quase centenário de Mário de Andrade.

Nada mal para esses tempos modernos de zikas e coceiras, em que os problemas agravados tornaram-se maiores do que as soluções.

Ai, que preguiça, diria agora o herói de nossa gente. Há quanto já se fala em marajás, mordomias e corrupção... A diferença é que, no tempo dos “santinhos”, se sabia quem era ladrão. Hoje, nesse vasto mundo imundo das falsas aparências, já não se sabe quem não o é.

O samba avisara: se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão.

Noutro dia, alguém constatou desanimado: nessa terra arrasada que restou não dá para plantar nada. Chegamos ao ponto em que remendos de pinguela já não servem para a travessia republicana. As instituições estão em crise, seus representantes não têm respeitabilidade; já não podem sair às ruas. Descrente do deus brasileiro, o povo desesperançado, nervos à flor da pele, busca respostas e não encontra sequer um aceno, um consolo. Já não acredita na luz ao fim do túnel. Já não tolera sacrifícios para salvar a pele de corruptos sem brio e sem vergonha.

A chapa andava quente; agora, o caldeirão está fervendo e já, já, o caldo vai entornar.

É hora de se discutir a reinvenção do Brasil, começando talvez pela revisão do capítulo das disposições gerais da Constituição:

Revoga-se o emaranhado de leis, regulamentos, dispositivos e portarias caducas e inúteis. As leis devem ser simples, compreensíveis, compreendidas e eficazmente aplicáveis na sua boa forma.

A justiça deve ser rápida e justa.


Decreta-se o fim da anarquia monetária (v. “A Anarchia Monetaria e suas Consequencias”, Carlos Inglez de Souza, 1924) e da farra fiscal. Em economia política, há muito que aprender e pouco que fazer.

Ficam proibidos o compadrio, o nepotismo, o corporativismo, os interesses inconfessos e as chicanas. A burocracia será punida.

Restaura-se o respeito do outro pelo outro, inclusive de cada um por si mesmo.

Fica proibido perder tempo com bobagem.


02 de dezembro de 2016
Eduardo Simbalista

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