"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

PRIMEIRAMENTE, FORA PT

O "Fora Seja Lá Quem For" é uma expressão de desejo que acompanha a vida do petismo quando não é ele que manda. O partido, que sempre quis derrubar os governos que o antecederam no poder, retoma, agora, suas velhas exortações golpistas. Por isso, até mesmo professores iniciam suas aulas com o ensaiado bordão "Primeiramente, Fora Temer". Não se aborreçam, portanto, com o título deste artigo. Não fui eu quem começou. A gente poderia atribuir a essas manifestações esquerdistas um sentido anedótico, supor que sejam mera expressão de sintonia com o diapasão do governo cassado. Sim, sim, a gente poderia. Não fosse o que vem junto.

Observo com preocupação, desalento e pesar o rumo das invasões em curso no país. Poderia dizer - Danem-se! - a esses rapazes e moças. Danem-se com seus sofismas, sua retórica de enganar bobo, suas incongruências e inconsequências! Mas prefiro questioná-los. Onde estava essa indignação postiça quando o Brasil era roubado em centenas de bilhões? Onde se ocultava essa insofreável defesa da Educação enquanto o desempenho escolar os precipitava para os últimos degraus nos comparativos com seus colegas, mundo afora? Quem fez "Não!" com um dedinho sequer quando Dilma Rousseff, logo após reeleger-se presidente desta desacreditada República, cortou R$ 10 bilhões do orçamento da Educação? Quantos dentre vocês, alguma vez na vida, meteram o pé no barro ou na poeira das vielas pobres para estender a mão a algum dos miseráveis em nome de cujos interesses se atrevem a falar? Quem aí já participou de ações contra o uso de drogas ou tentou demover algum colega da dependência em que se arruína?

Vocês se agrupam e acantonam para defender uma organização criminosa que operava no coração do Estado em que são cidadãos! A elite política que vibra com essas invasões é a mesma que serve aos interesses de réus confessos, de ladrões que estão devolvendo, em espécie, o que roubaram do país. É a mesma elite acusada por megaempresários que desenham ante os olhos da justiça os escabrosos meandros da corrupção. É a mesma elite que se derrete em louvações e aplausos ouvindo uma aluna invasora em sessão de comissão do Senado Federal. E é a mesma que os ensinou a chamar fascistas a quem apontar o fascismo presente nessas agressões aos direitos alheios.

Nada lhes diz a voz das ruas? Não chega aos sentidos de vocês o grito das urnas? O povo brasileiro, o povo simples deste país, em incontrastável demonstração de vontade política destituiu o PT de sua ambicionada hegemonia. A exoneração do PT integra o mundo dos fatos. Não bastante isso, o mesmo povo concedeu uma enxurrada de votos aos partidos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff. Não há o que negar: a sociedade brasileira decidiu depositar nesse novo governo, suas esperanças em meio à terrível crise deste circo que vocês querem incendiar. Ele nem longe se assemelha ao que mais gostaríamos, mas é o governo constitucional possível.


04 de novembro de 2016
Percival Puggina, membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor

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