"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 5 de junho de 2016

REALMENTE, HÁ ALGO DE ESTRANHO COM A CANETA DO PRESIDENTE MICHEL TEMER



Novo ministro Torquato Jardim deixou Temer em má situação

















Exatamente isso. Pois como explicar que em pouco mais de três semanas de governo dois ministros tenham sido demitidos além de outras três demissões praticamente enviadas à publicação no Diário Oficial. Na edição de ontem, sábado de O Globo, Jorge Bastos Moreno revela a queda do advogado geral da União, Fábio Osório em razão de suposto incidente com o comando da Aeronáutica em Curitiba em face da requisição de um jato para transportá-lo.
Na mesma edição do jornal, matéria de Catarina Alencastro e Eduardo Barreto assinala que o presidente da República recuou da nomeação de Fátima Pelaes, ex-deputada federal para a recentemente criada Secretaria das Mulheres. O motivo foi a revelação de processo existente contra ela na Procuradoria Geral da República. A decisão não surpreende em face da força das denúncias publicadas, porém a solução colocada pelo presidente espanta quando ele diz que a nomeação da nova titular depende de aprovação prévia por parte de deputadas.
É ATRIBUIÇÃO DELE
Não se compreende tal solução, pois na verdade o preenchimento do cargo é atribuição do chefe do Executivo. Além do mais dá a impressão de que a consulta presidencial estender-se-á também a deputadas que fazem oposição a seu governo, o que não possui o menor cabimento.
De fato há algo estranho com os atos produzidos pelo Palácio do Planalto e assinados pelo presidente da República, com base na legislação, mas talvez usando a caneta através de métodos inadequados.
MAIS UMA DEMISSÃO
Por falar em métodos inadequados, é esperada uma terceira demissão: a do ministro da Transparência e Controle, Torquato Jardim, em decorrência de seu pronunciamento – reportagem de Luciano Coelho e Carla Araújo, manchete principal da edição de ontem de O Estado de São Paulo. Torquato Jardim simplesmente vinculou o centrão à corrupção e à safadeza, base política principal de apoio a Temer no Congresso.
A inoportunidade do pronunciamento é flagrante, o choque também. Diversos deputados reagiram e cobraram explicações de Torquato, como informou Igor Gadelha no mesmo jornal. Defendendo-se, o praticamente ex-futuro ministro diz apenas ter feito uma leitura multidisciplinar da política.
BALCÃO DE NEGÓCIOS           
Ocorre que em tal leitura ele afirmou que os partidos políticos são um balcão de negócios e acrescentou seu descrédito quanto à sequência da operação Lava-Jato. Francamente, utilizou-se de uma metralhadora giratória que terminou por alvejar o governo de que faz parte e também o Palácio do Planalto. Como o ato que nomeava Fátima Pelaes foi sustado, tal decisão não deixa de representar um recuo quanto a vontade original do chefe do Executivo.
Completam-se assim, de forma concreta, cinco substituições na equipe ministerial em menos de um mês de governo. É demais. O presidente Temer foi empossado no dia 13 de maio e ainda não chegamos a treze de junho. A nave do poder encontra-se sem rumo, exceto no que se relaciona ao ministro Henrique Meirelles. Este tornou-se responsável pela nomeação dos presidentes do Banco Central, Bando do Brasil, Caixa Econômica Federal. Conseguiu até administrar o Ministério da Previdência Social. Até agora não houve qualquer problema entre aqueles que escolheu. Sua caneta percorre certo em linhas certas.Ao contrário da caneta de Michel Temer.
DUPLA COM MEIRELLES
Colocando um pouco de humor para concluir este artigo, alguns já perguntam por aí se não seria melhor MIchel Temer dividir com Meirelles a escalação dos demais ministros, como o novo presidente da Petrobrás. Aliás, não só do presidente da Petrobrás, mas também do BNDES. Pedro Parente e Maria Sílvia só despertaram reações favoráveis por suas nomeações. A competência é essencial. A honestidade, inclusive de propósitos também.
Falta a Michel Temer um projeto definido para governar o país. Esta situação de nomeia e demite não pode continuar. Pois nela está sendo demitido o povo brasileiro.

05 de junho de 2016
Pedro do Coutto

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