"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 11 de junho de 2016

ODEBRECHT CONFESSA ERROS E AFIRMA QUE A FONTE DE CORRUPÇÃO SECOU

Newton de Souza diz que a Odebrecht agora faz o que é certo


Em carta assinada para cerca de 100 mil funcionários da empresa, o atual presidente faz uma autocrítica do comportamento da empresa nos últimos anos e acentua que o grupo falhou. Newton de Souza substitui Marcelo Odebrecht, envolvido na Operação Lava-Jato e cumprindo pena aplicada pelo juiz Sérgio Moro.

“Falhamos – assinala Newton de Souza – por termos acatado convívio com práticas incompatíveis com os padrões de conformidade e governança empresarial nas relações entre os setores públicos e privado”. Após ressaltar que “fomos complacentes”, o atual executivo da empresa afirma que ela está evoluindo nas tentativas com as autoridades brasileiras e estrangeiras, buscando fazer o que é certo”.

DELAÇÃO PREMIADA – Algumas certezas emergem do texto publicado. A primeira é a de que Marcelo Odebrecht avançará na delação premiada que começou a ser articulada com a Procuradoria Geral da República. Caso contrário, seu substituto não teria feitas as afirmações que fez.

Em segundo lugar, para recorrer ao título do belo samba de Monsueto, década de 50, sinaliza fortemente que secou a fonte das doações financeiras para políticos e partidos.

O terceiro reflexo traduz-se no impulso que a principal empreiteira do Brasil transmite a Andrade Gutierrez, Mendes Junior, OAS, UTC, Engevix, para relacionar apenas essas, para que sigam o mesmo caminho e fechem também suas torneiras.

Mas ainda a este elenco pode-se acrescentar dezenas de personagens: os políticos que receberam doações. Pois todos sabemos que existem doações e doações. Uma coisa é se destinar uma doação a uma entidade filantrópica. Outra é a candidatos e legendas partidárias. Bastaria confrontar as diferenças de valores e levar-se em conta que, no primeiro caso, os recursos são dedutíveis do Imposto de Renda até determinada escala. No segundo, a lei não permitia dedução alguma.

DOAÇÕES ILEGAIS – Disse que a lei eleitoral não permitia porque apesar disso, as famosas doações se verificavam. Agora, a lei proíbe taxativamente quaisquer doações empresariais para campanhas políticas e eleitorais. O STF, inclusive, manteve a proibição. O empresário pode doar, mas como pessoa física. E até o limite de 10% de sua renda declarada.

Quem estará disposto a declarar a doação a partir de agora?

Aliás, é uma farsa falar-se em doação. Nunca houve doação alguma. Houve isso sim, troca de favores, ou aquisição de consciências e troca de interessas. Todos sabem muito bem disso. Não vale sequer a fantasia de que as doações foram registradas na Justiça Eleitoral. Este aspecto, envolvido numa névoa de legalidade, de fato oculta a clássica realidade. Pois como uma empresa pode fazer doação financeira para um Partido que se apresenta como Comunista? Um contrassenso, uma contradição absoluta.

Já que um dos lados defende a iniciativa privada, enquanto o outro a estatização da economia. Um choque ideológico total destacado através da história desde a revolução russa de 1917.

UMA NOVA ALVORADA
– Mas agora a fonte secou. A fonte só, não. As fontes, pois enquanto uma abastecia campanhas, a outra aproveitava-se das falsas dádivas. Inclusive para os marqueteiros colocados nos vértices do triângulo que conduziu a sequência dos fatos para a enseada da Operação Lava-Jato.

A carta circular de Newton de Souza assegurou um lugar para a Odebrecht na história do Brasil. Pode-se transformar numa nova alvorada em Brasília. E, pelo menos, um meio crepúsculo para a corrupção. Não vai desaparecer, nem vai, claro, descer a zero. Mas vai diminuir sensivelmente.



11 de junho de 2016
Pedro do Coutto

Nenhum comentário:

Postar um comentário