Segundo Época, o marqueteiro João Santana, até há pouco uma espécie de ministro sem Pasta da Dilma e do Lula, ao cair nas malhas da lei sincronizou as investigações da força-tarefa da Lava Jato e aparece como o elo da corrente de maracutaias e roubalheiras variadas que une Lula ao ex-poderoso empresário Marcelo Odebrecht que se encontra preso em Curitiba há pelo menos uns oito meses.
Tais conjeturas não podem ser desprezadas. Não é à toa que enquanto a redação de Época corria contra o relógio no fechamento da edição que chega neste sábado às bancas e já está disponível para assinantes online, o Juiz Sergio Moro acolhia o pedido da Polícia Federal prorrogando por mais cinco dias a prisão de João Santana e de sua mulher e sócia Mônica Moura. O casal continua detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
De acordo com a reportagem de Época constata-se que os próximos passos das investigações terão impacto devastador. Seguindo o dinheiro os investigadores poderão bater inclusive no BNDES e outros organismos estatais. É coisa grande.
Transcrevo a seguir um aperitivo da reportagem de Época que dá uma idéia ligeira do tamanho da encrenca. Leiam:
QUEBRANDO O FEITIÇO
Sobranceiro, ele fez sete presidentes. Bruxo, começou logo pelo que parecia impossível: reeleger, em 2006, um Lula que sobrevivera por pouco ao mensalão. Parecia feitiçaria, e o feitiço ganhou o mundo. Não exatamente o mundo. De acordo com a nova linha de investigação da Lava Jato, ganhou os países onde a Odebrecht tinha interesses econômicos e Lula influência política. À eleição do petista, seguiram-se os presidentes amigos do lulismo e da empreiteira. Maurício Funes em El Salvador. Danilo Medina na República Dominicana. José Eduardo dos Santos em Angola. Chávez e Maduro na Venezuela. Enquanto fazia presidentes aqui e ali, cá e acolá, nas Américas e na África, o bruxo aperfeiçoou seu domínio das artes ocultas do marketing político e – abracadabra – elegeu uma desconhecida para o Palácio do Planalto. E, assim, o marqueteiro João Santana e a presidente Dilma Rousseff chegaram ao topo. E lá se mantiveram mesmo depois das eleições de 2014, sobranceiros. Ela, presidindo. Ele, aconselhando.
A prisão do bruxo na segunda-feira da semana passada, acusado de receber dinheiro do petrolão em contas secretas, desfez abruptamente o feitiço do poder. Esvaiu-se a última esperança no PT de que a força incontrolável da Lava Jato não adentraria o Palácio do Planalto. O bruxo está enrascado. Com ele, Dilma e Lula. Acima deles, a Odebrecht, cujo chefe, Marcelo Odebrecht, que faz companhia aJoão Santana na carceragem de Curitiba, comandava, segundo os investigadores, um esquema internacional de pagamento de propinas. É nesse grupo que a Lava Jato avança agora. Avança em meio aos destroços políticos das prisões, rumo às provas de que o marqueteiro, a empreiteira e o ex-presidente agiam juntos, aqui e lá fora. Segundo a suspeita do Ministério Público, a Odebrecht bancava o marqueteiro que elegia os presidentes amigos. A força-tarefa investigará também as gestões do ex-presidente Lula junto a esses mesmos presidentes amigos, que liberaram à Odebrecht dinheiro de contratos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. Vai investigar também as conexões entre todos esses fatos.
A feitiçaria era perfeita como o melhor marketing político: funcionava sem ninguém perceber. Não mais. Abracadabra.
01 de março de 2016
in aluizio amorim
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