Em 1984, depois de viver sete anos em Brasília - fazendo rádio, passando pelo jornal O Globo, exercendo assessoria de imprensa nos ministérios do Interior, Saúde e na então recém-criada Secom da Presidência da República, sempre sem nenhuma filiação partidária, deixei a Capital Federal e voltei o para o Rio Grande Sul.
Durante um ano e pouco realizei um projeto de unificação da programação de quatro emissoras de rádio, em Cachoeira do Sul, a convite do já falecido Pedrinho Germano, então deputado federal e um dos donos daquela rede local de emissoras.
De lá, retornei a Pelotas - a pátria pequena que tenho no Sul - com o projeto "O 4°Poder" embaixo do braço e saltitando na cabeça. Era uma trilogia de comunicação: um programa de rádio, uma página de jornal e um espaço de entrevistas na TV. Tudo diário, de segundas a sextas-feiras.
Durante 12 anos ininterruptos - de 1985 a 1997 - executei o projeto. Era tempo de governo FHC em Brasília e de Bernardo Souza, Anselmo Governaço e Irajá Andara Rodrigues, na minha cidade.
Para encurtar a história, fui o tempo todo acusado de ser petista, esquerdista e coisas quetais, pelos políticos e pelos que não compartilhavam com a minha visão de administração pública, igualdade e justiça social.
Os políticos, criaturas de seus partidos, são todos ótimos, honestos e justos; só não gostam de ser contrariados. E foi só o que fiz durante aqueles 13 anos em que exerci o jornalismo com a mais plena liberdade de expressão. Quando essa liberdade passou a ser cerceada, fiz as malas e voltei a Brasília.
Cumpri então quase 5 anos como assessor de imprensa do Comitê Paralímpico Brasileiro, onde recebi as maiores e melhores lições na arte da convivência natural com o que se convencionou chamar de diferenças sociais.
A vida atropelou, passei pelo tempo e hoje, aposentado mas não inativo, determinado a não ser e nem ter patrão, faço meu jornalismo independente, opinativo, crítico, sem isenção e sem qualquer necessidade de obediência às tesouradas das linhas editoriais.
Quero o que, hoje eu sei, sempre quis na vida e no jornalismo, profissão que escolhi por vocação: justiça.
Não estranhem, pois, minha sistemática carga de notícias, opiniões e críticas aos partidos políticos, aos governos que correm e que fizeram e fazem do crime organizado o próprio Estado; não me rotulem como um cara de direita, de centro ou de esquerda, porque vão dar com os burros n'água.
Não sou daqueles que andam à cata de uma ideologia para viver; nem sou dos que se conformam porque, se não estamos numa ditadura, então vivemos uma democracia de fachada, e cínica, uma democracia de gabinetes e de patifarias que cabem dentro de suas gavetas.
Meu jornalismo anda ainda hoje à procura de justiça. Acho que Lula é o Reizinho, o mentor e autor da implantação da "estratégia de coalizão pela governabilidade" - balcão de compra e venda de canalhices em nome dessa democracia, não merece mais do que justiça; nada mais do que justiça.
Ainda há de existir alguém que se lembre da Enciclopédia Delta Larousse; pois, eu me lembro da coleção literária Tesouro da Juventude, com introdução de Clóvis Beviláqua.
Pois foi ali, no período das primaveras, que me deparei com uma historieta singela e rápida que tinha como personagem central Kung Fu Tse, o bem intencionado pensador chinês conhecido popularmente por Confúcio.
E lhes repasso aqui, o que li quando tinha 14 ou 15 anos de idade e que jamais esqueci.
Guardo comigo até hoje aquele diálogo de Confúcio com um aldeão que tinha ido ao seu encontro.
Foi assim que se deu a páginas tantas:
- Se pagares o mal com o bem, com o que pagarás o bem?
- Ora, pagarei o bem com o bem e o mal com o bem - disse o homem querendo agradar ao mestre parecendo-lhe bondoso e de boa paz.
- Não. Pagues o bem com o bem e o mal com a justiça.
Simples assim. E foi assim que li e nunca mais esqueci. Se você pagar com o bem aquele que te fez mal, tu não estarás sendo bondoso com quem te trata mal, e muito pior que isso, estarás sendo injusto com aquele que te trata bem.
Pelo mal que Lula faz ao povo, sempre ao povo que é a parte mais fraca da sociedade, o povo deve lhe pagar com a justiça. Lula merece justiça; nada mais do que justiça. Se isso não me faz parecer-lhes bondoso, pelo menos saibam que não me importo se acham que não sou de boa paz
05 de fevereiro de 2016
sanatório da notícia
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